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SIENA

Assim que despertei na manhã seguinte, virei a cabeça lentamente, meus olhos se fixando em Dante. Ele dormia profundamente, o rosto relaxado, os cabelos desgrenhados caindo sobre a testa. Havia uma paz incomum naquele semblante, algo que contrastava com a intensidade que ele carregava quando estava acordado. Sentei-me na cama com cuidado, tentando não fazer barulho, observando-o por mais alguns segundos. Aquele momento parecia tão fugaz, como se pudesse desaparecer a qualquer instante.

O céu ainda estava escuro, e uma sensação de urgência me fez levantar antes que o dia clareasse. Com movimentos silenciosos, peguei minhas coisas espalhadas pelo quarto, vestindo-me rapidamente. Olhei para Dante uma última vez antes de sair, tentando deixar qualquer vestígio de sentimento trancado naquele quarto.

Ao sair da boate, o ar frio da manhã me despertou completamente. Cruzei a rua em direção ao meu carro, que ainda estava estacionado no mesmo lugar. O motor ronronou baixinho enquanto eu me afastava daquele cenário, dirigindo pelas ruas desertas, apenas as luzes da cidade ainda piscando, como se estivessem se despedindo da noite. Minha casa não era muito longe, mas o silêncio do trajeto me fez refletir sobre a noite anterior.

Quando finalmente cheguei, estacionei o carro na garagem e entrei na casa. Ao abrir a porta, notei de imediato que não estava sozinha. O cheiro de café fresco e o som suave de panelas me levaram até a cozinha, onde encontrei Nick mexendo no fogão.

— Bom dia — cumprimentei, tentando soar despreocupada, apesar do que se passava pela minha cabeça.

— E aí? — ele respondeu, lançando um olhar na minha direção. — Dormiu fora?

— Dormi, sim. Desculpa não te avisar — aproximei-me e, sem pensar muito, o abracei pela cintura, sentindo o calor acolhedor de sua presença. Nick sempre tinha aquele efeito calmante.

— Tá de boa — disse ele, desligando o fogo e se virando para me encarar. — Sabe o que eu notei ontem à noite?

— O quê? — perguntei, me afastando e me sentando em um dos bancos altos da cozinha.

— Dante sumiu no meio da festa. E, logo em seguida, você também. Coincidência? — Ele arqueou uma sobrancelha, a curiosidade evidente.

Engoli em seco, sabendo que não adiantaria mentir para ele. Nick sempre foi mais do que apenas um amigo; ele era uma espécie de irmão, alguém com quem eu compartilhava tudo.

— Não, eu passei a noite com ele — admiti, cruzando os braços sobre o balcão.

— Imaginei — fala, enchendo sua xícara de café. — Só adiantando, não precisa me contar os detalhes, mas... não fizeram nada além, certo?

Soltei um suspiro, um tanto aliviada pela leveza de sua pergunta.

— Não, nada de mais — garanti, tentando manter a conversa casual, mas sabendo que havia muito mais por trás da minha mente inquieta.

Nick assentiu, mas sua expressão se tornou um pouco mais séria.

— tava curioso. — Ele se sentou à minha frente, seus olhos fixos nos meus. — Eu sei que você sabe se cuidar. Mas só lembra de uma coisa: Dante é um mafioso experiente. Um cara que já viu e fez de tudo. Então, antes de ir fundo em qualquer coisa com ele, pensa bem. Ele não é como os outros.

As palavras dele me atingiram de uma forma diferente. Havia verdade nelas, algo que eu já sabia, mas que ouvir de alguém tão próximo me fazia questionar minhas decisões. O envolvimento com Dante não era simples, e talvez nunca seria. Eu só não sabia até onde estava disposta a ir com isso.

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