𝑷𝒓𝒐𝒍𝒐𝒈𝒖𝒆 𝑵𝒂𝒐𝒎𝒊

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 Faz já 5 meses dês que minha mãe morreu...

Meu dia a dia é chato e sem graça, nada de interessante. A vida é entediante e vazia, na verdade eu nem vivo, só existo. Não tenho um propósito muito menos um objectivo. Eu perdi minha "vida" a muito tempo. Quando minha mãe se foi.

Minha rotina consiste em ir a escola e depois ficar o dia inteiro em casa. A escola é chata e eu não tenho amigos. As matérias são entediantes e não tem minha atenção nem esforço. Eu faço todas as atividade e tiro notas altas mesmo não prestando atenção, não é por capricho nem obrigação, e para que não me incomodem, não quero que os professores pegando no meu pé.
Em casa é o melhor momento do meu dia, já que estou livre para fazer oque eu quiser. Tenho muitos hobbies como: jogar, desenhar, pintar, escrever, ler e treinar o controle da minha visão, por sinal é muito fácil e reconfortante. Me dá um peso na consciência, mas já tentei de tudo para me livrar e como não funcionou, apenas aceitei. Já tenho frustrações demais. Eu agradeço por meu pai não lembrar de minha existência e me deixar em paz em meu cantinho sem questionar. Ele me dá tudo oque eu peço, só não recebo atenção, nem amor, muito menos carinho. Como já virou algo comum, eu nem me importo.

Estava agora na aula de matemática. Eu odeio essa matéria e muito mas o professor, sério, ninguém aguenta mais ver a calvície dele todo dia. A aula é tão sem graça que eu geralmente durmo nela, mas hoje quis ler meu livro de Psicologia do aprendizado, muito interessante por sinal. Estávamos no meio da aula até escutar batidas na porta.

*toc toc*

- Entre. - disse o professor. Logo a porta é aberta e vejo uma monitora. Reviro os olhos entediada e foco novamente em meu livro, por conta da quebra de expectativa. Até um arrepio dominar meu corpo com a menção de meu nome.

- Estão solicitando a aluna Naomi Shotoku com material na sala da diretora.

- Obrigado. Naomi, arrume suas coisas é vá. Está dispensada. - diz em minha direção e logo volta para o quadro, escrevendo mais cálculos.

Eu fico completamente confusa. Não havia motivos para me chamarem, não fiz nada de errado e eu falei que não tenho problemas em ficar sozinha, então por que?

Enquanto arrumava as minhas coisas, perdidas nas possibilidades de minha chamada, escuto sussurros é fofoquinhas de alguns alunos, provavelmente me zoando. Levanto e coloco a mochila em minhas costas. Confiro se estou fora do campo de visão do professor e mostro o dedo do meio para todos aqueles otários. Odeio essa escola e todos esses incompetentes, espero ansiosamente para que esse ano acabe e sair dessa escola de merda.
Saio rindo, satisfeita com a reação confusa de todos. Hahaha... Queria tanto poder gravar aquele momento, ia ser minha forte de risada por uma semana, no mínimo.

Chego na sala da diretora e escuto outra voz lá dentro. Engulo um seco. Quem poderia ser? Hesito antes de bater na porta, pensando nas possibilidades. Mas descido ver com meus própios olhos e me livrar disso logo. Esses pensamentos não iam me trazer conclusões, só dores de cabeça. Bato na porta e recebo em resposta um "entre" da diretora. Eu entro e me deparo com a diretora e uma silhueta pequena e familiar de costas, também sentada. Agradeço mentalmente por anos ser meu pai. A pequena figura misteriosa se vira em minha direção e da um sorriso gentil. Eu a reconheço imediatamente: Nahida. A melhor amiga de minha mãe e meu grande ponto de conforto que desapareceu em meus piores momentos. Vejo minha visão ficar embaçada por conta das lágrimas que ameaçavam cair. Meu corpo começa a ferver de raiva. Viro em direção a porta, ponderando sair dessa furada. Não quero encará-la, nem por mais um segundo.

Como ela ousa? Depos de anos ela ainda tem a coragem de aparecer aqui? Onde ela esteve quando eu precisei? Esse sorrisinho ridículo é falso! Você é igual a mamãe! Todos egoístas pensando em si mesmos! ... Eu quero tanto gritar e surtar! Como pode...? Eu confiei em você...

𝑻𝒂𝒌𝒆 𝒎𝒆 𝒕𝒐 𝒕𝒉𝒆 𝒍𝒊𝒈𝒉𝒕 ~ ScaramoucheOnde histórias criam vida. Descubra agora