005. ❛ 𝐂𝐀𝐑𝐍𝐈𝐕𝐀𝐋 ❜

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Você tem que agir como se fosse possível transformar radicalmente o mundo. E você tem que fazer isso o tempo todo. (Angela Davis)

Seulgi se arrependia por não ter ficado na cidade por mais tempo. Como se não bastasse a vigilância de Joohyun todas as horas possíveis do dia, as ordens recentes dos comandantes permitiam sua saída de nenhum jeito. Ela passava algumas horas lendo os livros de Junmyeon e vendo as anotações dele deixadas em alguns trechos, mas aquilo estava começando a deixar ela com bastante tédio.

— Quero ler algum capítulo que esse pobre rapaz esteja verdadeiramente feliz e não sofrendo. — Joohyun riu. — É sério! Quando ele não está sofrendo com a família traumatizando ele, está tendo algum tipo de crise de ansiedade e sendo destratado por quem conhece.

— É esse tipo de história que seu amigo lia?

— Pelo visto... — Ela leu mais algumas palavras e deu um gritinho de surpresa. — Pelas quatro cruzes!

— O quê? — Joohyun se aproximou dela. — O que aconteceu?

— O pai dele morreu envenenado... Será que foi o amante?

— Explica direito.

— Era aniversário do príncipe, certo? — Seulgi puxou Joohyun para o lado e mostrou os desenhos que tinha no final de cada capítulo. — Ele saiu um pouco do salão para respirar, ficar sozinho com o guarda dele... Sei lá! Ele foi para o outro lado do castelo e viu o pai dele traindo a mãe dele com um outro homem. Foi uma delícia ler essas cenas... Não tanta porque só foi tragédia depois disso, mas enfim — Seulgi passou as páginas e mostrou outro desenho. —, antes dele ser coroado em comemoração aos dezoito anos, avisaram que o pai dele, o rei, estava morto. E agora ele estava sendo interrogado porque era um dos suspeitos pela morte do Rei, informaram que ele morreu envenenado.

— Coitado. — Joohyun murmurou e leu algumas coisas. — O que está escrito aqui? — Ela apontou para uma frase escrita em garrancho.

— Isso de lápis? — A guarda confirmou e Seulgi fez um esforço para entender. — "Caralho, mas o Philip é um gostoso". — As duas começaram a rir. — Não acredito que uma das únicas coisas que eu tenho do Junmyeon são suas anotações maliciosas.

— Bem, pensa pelo o lado bom: você vai ter memórias felizes dele. — Joohyun pegou o livro e fechou. Seulgi se inclinou para pegar da guarda, ficando mais próximo a ela.

Seulgi sorriu sem mostrar os dentes para ela, mas logo notou que os rostos estavam muito próximos um do outro. Ela sentia a respiração quente da guarda tocando na pele, o cheiro doce de morango e os olhos azuis dela. Estavam tão próximas que a soldado estava sentindo quase os lábios dela nos seus. Tão próximas que Seulgi quase puxou ela para um beijo.

A neve caía e parecia o momento perfeito para um beijo. Não qualquer beijo. Aqueles de livros, de filmes que te fazem perder o fôlego e esquecer que a realidade existe fora daquilo tudo.

— Seulgi! — A voz de Aeri chamou a atenção das duas. Joohyun olhou para a direção de onde a voz tinha vindo e Seulgi se segurou para não querer matar Aeri naquele momento. — Você não vem ajudar? E você, Joohyun? — Seulgi se distanciou de Joohyun e pegou o livro de volta. Ela apareceu toda coberta por uma roupa preta e quente.

— Ajudar no quê? — As duas perguntaram ao mesmo tempo.

— Vocês duas esqueceram? O Carnival é depois de amanhã! Precisamos começar os preparativos. Estamos ajeitando o salão de festa e tem outros grupos já fazendo as comidas. E Joohyun, você já arranjou sua roupa?

ESSÊNCIA † SEULRENEOnde histórias criam vida. Descubra agora