009. ❛ 𝐕𝐀𝐌𝐏𝐈𝐑𝐎 ❜

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Querida, querida, eu vivo em você, e você morreria por mim. Eu a amo tanto. (Carmilla)

Vestidos de noiva vampirescos não se parecem com os vestidos de casamento ocidentais. Era de cor fria e escura, com gola alta que dificultava a respiração de qualquer uma. A roupa se parecia como da Era Vitoriana, de ombros caídos mas com várias camadas de roupas por baixo para dar volume no corpo de Seulgi.

O tecido era brilhoso da cor verde marinho escuro, com algumas partes misturadas ao vermelho sangue. Rosas mortas estavam nos ombros de Seulgi e na marca da cintura dela. Suas luvas eram da cor vermelha e pela primeira vez tão descoberta assim, ela estava sentindo o frio da noite em Tievorpie.

Os cabelos estavam soltos e lisos, com uma tiara comum para evitar que ficassem assanhados até o final da noite.

— Você está linda. — Irene surgiu das sombras assim que Gwendoline saiu do quarto onde preparava Seulgi.

— Não existe nenhuma superstição dos vampiros em que não se pode ver a noiva vestida? — Ela tentou disfarçar o susto que tinha levado. Desviou o olhar, tentando não ver a roupa de noiva de Irene.

— Existe, mas não irei te contar e muito menos levá-la a sério. — Irene se aproximou dela e Seulgi sentiu cheiro de menta emanando da vampira. — Ainda dá tempo para adiantar nossa noite de núpcias.

Não é como se elas já não tivessem adiantado.

— Você é tão maliciosa. — Seulgi disse em um tom acusatório, mas seus lábios estavam convertidos em um sorriso de diversão. — Saia daqui! — Ela empurrou a vampira para longe dela. — Não quero nenhum azar para o nosso casamento.

— É tão bom escutar você dizendo essas coisas. — Irene voltou a se aproximar de Seulgi e a entrelaçou pela cintura. — “Nosso casamento”. Não faz muitos dias que você recusava meu toque, sabia disso?

— Eu sei. — Seulgi respondeu.

— E qual seria o motivo dessa mudança tão repentina? — A vampira apertou mais a humana. — Não está tentando me enganar, não é, meu amor?

— Estou apenas aceitando viver com você. — Seulgi tentou fingir não se incomodar com a força da vampira usada naquele abraço.

— Eu... — Seulgi percebeu que foi a primeira vez que a vampira vacilou ao dizer algo. — Te vejo na cerimônia.

Irene ficou de costas, mas Seulgi tentou não sorrir ao pensar no que diria e antes mesmo de fazer com que a vampira lesse seus pensamentos, ela disse:

— Eu serei a que vai subir no altar. — Seulgi disse e Irene virou a cabeça de lado.

— Eu serei a que vai esperar você no altar. — Ela respondeu e sumiu.

Seulgi respirou fundo e se olhou no espelho, tentando imaginar como sua família reagiria ao saber o que ela estava prestes a fazer. Ela iria se casar com o ser que estava por trás da morte de vários humanos que tinham sonhos, frustrações, amores e rancores, assim como ela.

Era realmente a escolha certa a se fazer? Abrir mão de sua própria felicidade e de sua falsa ignorância em favor a pessoas que já tinham ido embora?

Ela passou a mão por debaixo dos olhos, onde restos de purpurina se forçavam a entrar no glóbulo. Olhou para as próprias mãos, as unhas esmaltadas e bem cuidadas para aquele dia. Olhou para os cabelos, bem cuidados e repicados. Olhou para o estado da pele que estava brilhosa e macia, não seca e precária pela falta de cuidados em Esperanza.

ESSÊNCIA † SEULRENEOnde histórias criam vida. Descubra agora