O sol nascia novamente em Arcádia. Durante cinco dos dias da semana, os habitantes de uma vila de sátiros, ninfas e centauros se juntavam em uma esquina para formar uma feira que trazia as mais diversas mercadorias: pães, frutas, legumes, carnes, pescados, peles, artesanatos e, até mesmo, bijuterias. Vasculhando as opções, uma pequenina ninfa andava no ambiente agitado da feira à procura de uma barraca que oferecesse as maçãs mais suculentas. As Ninfas, eram belas criaturas femininas, conhecidas por suas ligações com a natureza, na qual muitas delas a carregavam em partes de seus próprios corpos. Esta pequena ninfa tinha onze aninhos de idade e estava faminta por uma maçã. O nome desta pequena ninfa é Penelopeia ou apenas Pen para seus amigos. A pequena Pen tinha folhas de samambaia no lugar dos cabelos e sua pele era sutilmente esverdeada, assim como a maioria das ninfas das florestas e bosques. Uma pequena flor de lírios brotava do topo de sua cabeça, ressaltando sua graciosidade e inocência típica de uma criança da idade. Após olhar barraca por barraca, enfim, a menina achou uma que tinha as melhores maçãs que lhe deram água na boca assim que botou seus olhos.
— Gostaria de comprar uma maçã, minha pequena? — Perguntou o velho sátiro vendedor que rapidamente notou o olhar fixo da menina pelas suas deliciosas maçãs.
— Hmm... não. — Respondeu ela. Depois, tentou pensar em outra coisa para não levantar suspeitas. Ela ligeiramente olhou para as mercadorias do vendedor e viu que ele vendia muitas sementes. — Moço, gostaria de um saco de sementes de girassol, por gentileza.
— Sério? Tudo bem então... — Estranhou o vendedor que, sem questionar, pegou um saco de pano e começou a enchê-lo das tais sementes.
Enquanto o sátiro se distraia com o pedido da garotinha, uma segunda criança apareceu na surdina, veloz como um raio, mas silencioso como um gato, e começou a encher uma cesta de palha com aquelas maçãs suculentas, sem que o dono da barraca sequer notasse sua presença. Quando o dono terminou de encher o saco, o garoto novamente desapareceu em tamanha velocidade como se nunca tivesse entrado ali.
— Aqui está, garotinha. São dois dracmas. — Cobrou o vendedor.
— Foi mal, moço. — A pequenina ninfa falsamente se desculpou — Eu esqueci que não trouxe dinheiro comigo. Outra hora eu volto.
— Tudo bem. Volte sempre.
Com um sorriso falso, a menina retirou-se e depois correu discretamente até atrás de um arbusto que ficava bem na divisa da cidade com a floresta, onde aquele mesmo menino estava escondido, devorando aquelas deliciosas maçãs.
— Hermes! Eu pensei que você ia me esperar para começar a comer. — Reclamou Pen desapontada com seu melhor amigo que não esperou por ela.
— Foi mal. Essas maçãs estão realmente deliciosas, não resisti. — Explicou-se.
A menina sentou-se ao lado de seu amigo que colocou a cesta entre eles e dois começaram a comer as maçãs como uma fome selvagem. Em um gesto que realçava a sua amizade e companheirismo, as duas crianças brindaram, encostando suas as maçãs mordidas uma na outra, em comemoração ao aniversário de Hermes.
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O Pequeno Mensageiro - Travessuras e Aventuras em Arcádia
FantasiaToda grande e maluca família tem um caçulinha peralta, até mesmo na grande família dos Deuses Olimpianos. Conheça Hermes, o filho mais novo de Zeus e o menino travesso mais rápido do mundo. Ao completar dez anos, ele embarca em uma longa jornada par...