hotel room

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No dia seguinte, toda a equipe partiu para Tóquio para começar a treinar pras Olimpíadas no local. Elas chegaram ao aeroporto duas horas antes do voo e rapidamente foram escoltadas por seguranças. Sheilla achou toda a situação bastante engraçada, elas recebiam tratamento especial das companhias aéreas ao passar pela segurança, mas eram deixadas com todos os outros para esperar no portão. Não que isso a incomodasse, ela apenas achava estranho.

Assim que chegaram ao portão, toda a equipe se espalhou, procurando cafés e lugares para carregar seus telefones. Sheilla seguiu Gattaz e Rosamaria até a loja de smoothies, suspirando ao ver quão grande a fila de pedidos estava.

Ela jogava algum jogo aleatório no celular enquanto esperava na fila quando sentiu alguém entrar na fila atrás dela. Sheilla não precisou olhar para cima para saber que era Gabriela. Só ela tinha essa aura, era diferente de qualquer outra pessoa.

Gabriela estava vestindo seu velho moletom do Sesc-RJ, o que normalmente faria o sangue de Sheilla ferver. Mas não hoje. Não, hoje tudo o que Sheilla podia fazer era olhar para a maneira como a calça cinza de Gabriela abraçava suas pernas e como seu cabelo ficava bonito sob o gorro. 'Chega Sheilla, Gabriela não é fofa, apenas jogue seu joguinho estúpido e pare de parecer uma tola'.

Sheilla olhou para cima e notou que a fila andou. Enquanto ela estava se movendo, ela percebeu uma garotinha — com menos de 8 anos — olhando para Gabriela com os olhos arregalados, sussurrando para sua mãe. Sua mãe viu Gabriela e sorriu para a filha. Sheilla tinha quase certeza que ela disse algo parecido com o que a maioria dos pais diz quando os filhos pedem que falem com alguém por eles: você é uma menina crescida, pode fazer isso sozinha. A garota lentamente começou a caminhar em direção a Gabriela. 

Sheilla olhou para Gabriela e a viu balançando a cabeça ao som da música em seus fones de ouvido, completamente alheia à garota apavorada que se aproximava dela. Ela decidiu tornar a vida da menina um pouco mais fácil ao estender a mão e bater no ombro de Gabriela. A mulher olhou para ela e removeu seus fones de ouvido.

— O que? — Gabriela perguntou. Os olhos de Sheilla se arregalaram com o tom áspero, com medo de que Gabriela pudesse assustar a garota ao lado dela.

— Acho que tem alguém querendo dizer oi — Sheilla sussurrou por entre os dentes, tentando apontar sutilmente com a cabeça. Gabriela virou a cabeça tão rápido que Sheilla teve medo que ela caísse. Quando os olhos de Gabriela pousaram na garota, sua mudança de atitude foi tão repentina que surpreendeu Sheilla, embora ela soubesse que isso aconteceria.

— Ei! — A voz de Gabriela subiu uma oitava. A garota apenas sorriu silenciosamente para ela, sendo muito tímida para dizer qualquer coisa. Gabriela sorriu e se agachou para que ela pudesse olhá-la nos olhos. Sua doçura fez o coração de Sheilla derreter.

'Ela pode ser boa com crianças, mas ainda é uma idiota, não deixe esse pequeno truque enganar você, Gabriela Guimarães não é fofa' — Sheilla disse a si mesma.

Gabriela acabou tirando uma foto com a garota e, no momento em que ela estava se virando para sair, Gabriela deu um tapinha no ombro dela e lhe entregou o gorro que ela estava usando. O sorriso no rosto da garota pareceu três vezes maior do que ela quando ela correu de volta para sua mãe. Sheilla viu a mãe murmurar um 'obrigada' para Gabriela antes de pegar a mão da garota e ir embora. Gabriela apenas sorriu e voltou sua atenção ao telefone.

Sheilla, mais uma vez, ficou sem palavras. Todas as jogadoras são tipicamente legais com seus fãs, mas Gabriela realmente exagerou, especialmente para uma fã em um aeroporto. 'Talvez haja algo genuíno nela'.

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Depois de horas e um voo extremamente cansativo, a equipe estava esperando no saguão do hotel enquanto Zé Roberto fazia o check-in.

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