the first full laughter

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Gabriela estava chateada. Chateada não. Talvez chateada não fosse a palavra certa. Frustrada. Ela estava frustrada. Ela estava frustrada com Sheilla por mantê-la acordada até tarde da noite brigando, frustrada consigo mesma por tentar impressionar Zé recusando a oferta para trocar de quarto, frustrada porque Sheilla parecia estar prejudicando sua capacidade de jogar voleibol. Nenhum de seus passes tinha saído hoje e ela estava tão ocupada se culpando pelos erros que quando Carolana colocou a mão em seu ombro, ela se assustou e se afastou rapidamente. 

— Carol, sinto muito. Estou realmente fora de mim hoje — Gabriela se desculpou calmamente.

— Tudo bem, acho que você precisa tirar um tempo para si mesma. Você não pode estar assim no treino amanhã, não com a fase de grupos começando em quatro dias — Carolana respondeu olhando pra ela.

Suas palavras atingiram Gabriela com força. 'Puta merda, temos um jogo em quatro dias.'

— Sim, você está certa. Eu... eu estou indo pro meu quarto. Obrigada Carol.

— Estou aqui se precisar, Gaybi, tente relaxar um pouco.

Gabriela pegou sua bolsa e voltou pro quarto com os fones de ouvido no volume máximo, não querendo conversar com as companheiras de equipe na volta.

Depois de um banho quente, Gabriela prendeu os cachos em um coque frouxo, vestiu um moletom velho e deitou na cama. 'Pelo menos Sheilla não está aqui me enchendo o saco com suas besteiras.' Gabriela adormeceu rapidamente, sem definir um alarme.

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Gabriela acordou horas depois, sentindo-se descansada, mas muito desorientada. Ela procurou o telefone, eventualmente encontrando-o em seus lençóis emaranhados. 19h15. 'Merda, estou perdendo o jantar.'

Honestamente, Gabriela não estava com tanta fome, mas ela não queria que suas companheiras de equipe se preocupassem com ela, especialmente depois de como o treino tinha sido. Ela se levantou, pronta para descer para jantar e mostrar a todas que estava bem, mas quando chegou à porta, ela hesitou. Esta era provavelmente a única vez que ela teria um pouco de paz e sossego sem Sheilla no quarto a deixando louca. 

Então, ao invés de descer, Gabriela foi até a cômoda, pegou o bloco de notas e a caneta e se sentou na cama para começar a escrever. Embora ela nunca admitisse isso, Gabriela sabia que havia alguma verdade no que Sheilla disse sobre a reflexão interior e a meditação ajudando a acalmar as pessoas. Mas Gabriela não sabia nada sobre meditação e não se envergonharia em tentar, no entanto, escrever no diário era a maneira dela de lidar com suas emoções.

Foi difícil para Gabriela no início. Ela nunca foi a mais eloquente em comunicar o que estava sentindo. Mas, com o tempo, ela entrou no ritmo. Agora, Gabriela não conseguia impedir que a caneta se movesse. Tudo fluía dela para o papel. Todas as suas emoções, tudo que a incomodava. Dito isso, o nome de Sheilla era escrito com muita frequência. Ela estava prestes a terminar quando ouviu a porta destrancar e, antes que pudesse esconder o bloco de notas e a caneta, Sheilla estava parada na frente dela.

— Você não desceu pra jantar, está tudo bem? — Sheilla perguntou com as sobrancelhas levantadas.

 Sim, não se preocupe com isso — Gabriela tentou enfiar sorrateiramente o bloco de notas sob as cobertas, mas Sheilla foi mais rápida. Em um instante, ela estava ao lado de Gabriela, o bloco de notas na mão. Ela estava olhando diretamente para Gabriela. 'Seus olhos sempre foram desse tom de castanho'

make me like you | sheibiOnde histórias criam vida. Descubra agora