Back To Black | Jikook

alONE.

Você já se sentiu sozinho?

Mas sozinho mesmo, sem nada.

Sem você mesmo.

Sem nem sentir o seu próprio físico. Sem a presença de algo, alguém, coisa, pessoa, carne, sangue, coração.

Sem sentir seu cérebro.

Sozinho.

Sem pensamentos, sem companhia do seu alter ego, do seu outro eu, das suas alucinações pela falta de amizades, da sua outra realidade, sozinho.

Só.

Sozinho.

Não? Sim?

Eu acho que não.

Não como eu fico sozinho.

Eu não só fico sozinho, eu fico sozinho.

É parte da minha rotina eu me alienar com algo e deitar na minha cama para ficar me imaginando em cenários diferentes, encenando com pessoas conhecidas ou não conhecidas. Realizando situações que eu gostaria que fossem reais, descobrindo e conhecendo pessoas que gostaria de conhecer.

De manhã eu digo não me importar, eu sei que fui destinado a ficar assim, sei que não fui criado para conviver com algum par pela minha vida. Sei que não vou ser amado assim como posso amar. Eu reconheço isso tudo.

Mas de noite eu choro.

Eu me reviro na cama, eu soou, meu nariz entope, choro tanto de ficar encatarrado, do nariz escorrer muito assim como as lágrimas dos meus olhos. Da minha boca ficar vermelha e ressecada, da minha pele pálida se tornar rubra.

Uma arte nojenta, minha face fica molhada e melada e meu tronco pulando de soluço sem força.

Eu choro de perder o fôlego. Choro de ficar sem ar, choro de tremer e ficar fraco.

Mas aí eu paro.

E fico encarando o nada.

Não específicamente o nada, mas ao mesmo tempo é nada para mim.

Meu olhar se perde assim como a minha mente, ela fica vazia, estou sozinho de novo.

É aí quando eu sinto que meu cérebro dá um tempo de mim mesmo porque nem ele me aguenta.

E eu fico assim, parado estático, sem lágrimas, apenas a consequência delas.

Só.

De novo.

Existem várias maneiras de ficar sozinho, essa é a que eu gosto mais.

Pois eu não sinto nada, é literalmente como se eu não estivesse vivo, minha mente se apaga, minha visão não existe, só sei que existo em alguma dimensão mas não de carne, não de mente, só me sinto existir.

Isso sempre aconteceu, mas eram devaneios, geralmente ao decorrer do dia eu só parava e ficava encarando um ponto fixo esquecendo que existo. Mas agora eu tenho noção disso, eu sei que eu esqueço da minha própria existência e esse momento é quando eu consigo entrar em contato com o meu vazio.

E como dizem, depois da tempestade vem a calmaria.

E então eu me deito, tento voltar a chorar porquê é a única coisa que consigo fazer, mas não consigo, então durmo.

Meus dias são assim.

São assim após eu perceber que sempre fui sozinho e que sempre serei.

Mas acontece, eu acho.

Park Jimin 13/10/22

Ele esqueceu.