11. A luz que se acende...

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Com a sacola de sexta-feira pronta, Ying andava pelo seu apartamento. O que iria fazer? Chutou a mala quando estava perto da porta, praguejando por sua própria estupidez.

Um homem inteligente deixaria um recado no quarto de hotel, informando Zhan que não poderia ir. Nunca mais. Simples, elegante, sem elos, sem confusão.

Andou até o telefone e o pegou. Ouviu o sinal de discagem e pôs o aparelho no gancho novamente. Se cancelasse o encontro com Zhan, estaria lhe escondendo um segredo sujo para sempre. Não podia fazer isso, não com o homem que amava. Além disso, para a segurança de ambos, ele precisava escolher Ying em vez de Poseidon.

Por que comecei com essa farsa? Era uma pergunta que não podia responder. Parecera lógico em Nova Orleans, quando Zhan lhe contara que estava obcecado por ele. A tentação tinha sido irresistível. Assim como agora era difícil resistir.

Iria ao encontro. Ouviria o que Zhan tinha a dizer quando ele, finalmente, abandonasse Poseidon em favor de Ying. Ele lhe perguntaria mais uma vez se ele queria ver Poseidon na luz. Zhan diria não, como sempre.

Então não seria ele mantendo um segredo, e sim a escolha dele que o segredo permanecesse. E, por respeito, ele nunca lhe contaria que fora com ele que ele dormira todas aquelas noites.

Com um nó na garganta, jogou a sacola no carro e foi para o hotel. Desta vez, não se importou em tomar banho e vestir o roupão. Pôs a sacola sobre a cama e começou a andar pelo quarto. Nunca se sentira tão nervoso antes.

Quando o relógio deu 23h, seu coração disparou de medo.

Mas não houve nenhuma batida à porta. Por volta das 23h15, estava mais calmo. Ele não iria. Com um suspiro de agradecimento, Ying percebeu que não queria que ele aparecesse naquela noite. No dia seguinte, seria um homem livre.

Zhan era um homem livre. Alegre, pegou a sacola da cama e foi para a porta. Estava com a mão na maçaneta quando ouviu a batida.

Praguejando silenciosamente, jogou a sacola num canto, apagou as luzes, colocou-se atrás da porta e a abriu.


– Olá – Sussurrou Zhan quando entrou e fechou a porta.


– Olá – Sussurrou ele de volta.


Zhan ficou parada onde estava, obviamente esperando pela aproximação usual, pelos beijos e abraços que ele lhe dava toda vez. Mas não esta noite. Ele a beijara mais cedo e tinha sido glorioso. Não queria mais representar.


– Gostaria de um drinque? – Ofereceu ele.


– Não. – Houve uma pausa. – Obrigada por perguntar.


– Teve algum problema para estacionar? – O que havia de errado com ele? Conversa fútil? Agora?


– Não. Deixei o carro com o manobrista.


– Boa ideia.


– Algum problema? – Perguntou o acastanhado, soando inseguro.


Errado? Ele teve vontade de dizer: Você deveria estar me dispensando, terminando tudo. Vá em frente. Talvez ele não estivesse planejando dispensar o estranho, afinal. Talvez quisesse fazer amor novamente. Com o coração pesado, Ying aproximou-se. As mãos o encontraram no escuro, segurando-lhe o rosto para um beijo.

Sussurros de Prazer - ADAPTAÇÂOOnde histórias criam vida. Descubra agora