04. Conto de Fadas...

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– O QUE você achou do filme?


– Não entendi uma palavra – Replicou Zhan.


Huan caiu na gargalhada.


– O filme estava em Português. Você deveria ler as legendas.


Havia legendas? Tudo que Zhan sabia era que seu cérebro lhe ordenava a voltar para casa depois do cinema. Nem mesmo pense em ir ao hotel encontrar o estranho. Ir para o hotel seria admitir que queria começar um caso com um homem que somente vira com uma máscara dourada e que chamava a si mesmo de Poseidon. E, se fosse até lá, não poderia mais culpar a atmosfera romântica de uma noite enluarada, magnólias e Mint Juleps.

A ideia era tola e absurda. Possivelmente até perigosa.

Ainda assim, Zhan pulsava de desejo por ele.

Enquanto saía do cinema ao lado de Huan, podia sentir o toque da box de seda que fora insano de vestir naquela noite, respirando fundo para acalmar o coração disparado. Uma olhada para o relógio informou-o que eram exatamente 23h. Lamentou que o filme não tivesse durado umas quatro horas.


– Quer ir a algum lugar para tomar um drinque? – Zhan convidou o amigo, desesperado para se ocupar de alguma forma e não ser capaz de ir ao encontro.


– Desculpe, mas hoje não será possível. Preciso acordar muito cedo para um jogo de squash amanhã – disse Huan. – A menos que você precise conversar sobre alguma coisa importante.


– Não, tudo bem. Vá para casa. Saímos um outro dia.


Tentou manter a conversa enquanto levava o amigo para casa, mas mal conseguia formar uma frase coerente, ou entender o que Huan dizia.

Eu não vou.

Preciso ir.

A discussão entre cabeça e coração se repetia em sua mente.

Seu amigo se virou antes de descer do carro.


– Quer subir para um café? Você parece preocupado com alguma coisa.


– Não, estou bem. – Disse Zhan. – Vou me sentir culpado se você perder o jogo amanhã. – Huan estava participando de um campeonato. – Boa sorte.


– Para você também.


Então Zhan estava sozinho, a mente insistindo que fosse para casa, enquanto o corpo se recusava a obedecer.

Eu não vou.

Preciso ir.

Aparentemente tomado por um aliem faminto por sexo, o corpo venceu, e pareceu guiá-lo para o Hotel Shaftsbury sem o menor esforço ou remorso. Mesmo enquanto entregava as chaves ao manobrista, perguntou-se se realmente iria ao quarto 1604.


– Boa noite, senhor – o recepcionista a cumprimentou.


– Boa noite. – Ele tentou sorrir. Então olhou para o relógio, vendo que eram 23h45.


Zhan diminuiu os passos quando se aproximou do elevador. Estava tão atrasado que talvez seu amante misterioso já tivesse partido. Entretanto, entrou no elevador e apertou o botão, respirando fundo para controlar o nervosismo.

Sussurros de Prazer - ADAPTAÇÂOOnde histórias criam vida. Descubra agora