Capítulo 4

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Durante todo esse tempo, Brasília ficava olhando para Buenos Aires. Sentia-se em uma espécie de limbo, só esperando o momento certo. Será que ele é que não teria mudado de ideia? Não tinha percebido nenhuma dúvida no olhar dele depois da conversa. Ela torcia para que nada o fizesse mudar de ideia, afinal quando é que uma chance como aquela poderia surgir de novo?

Tá certo que haveria um depois para resolver, só que, olhando para aqueles olhos verdes atrás das lentes dos óculos, ela acreditava que qualquer coisa valeria a pena.

— Acho que para mim já deu por hoje — a voz calma de Buenos Aires a atingiu. — Amanhã teremos outra reunião e pelo que compreendo, mais uma comemoração, então acho melhor ir para o meu quarto.

— Vou encerrar a noite também — disse Brasília de imediato, se colocando de pé.

— Já que é assim...— Montevidéu ia fazer sinal para o garçom, quando Assunção o interrompeu.

— Não, vou querer a minha saideira ainda. Você fica aqui comigo mais um pouco, para me fazer companhia — disse Assunção de imediato.

Todo mundo poderia achar que por conta do seu jeitinho, que ela não percebia as coisas, mas na hora que Brasília e Buenos Aires voltaram, ela notou que eles tinham falado não apenas o que queriam, mas muito mais.

— Opa, claro! — Montevidéu parecia não ter entendido direito, mas estava mais do que feliz em poder beber mais um pouco. — Brasília, Buenos Aires, então a gente se vê amanhã.

— Certo. Até amanhã.

Os dois voltaram ao prédio da sede do Mercosul. Nenhum dos dois fez nenhum comentário durante o trajeto, mas era difícil eles afastarem o olhar um do outro. Quando o elevador chegou ao térreo, ele deixou que ela entrasse primeiro.

— Qual o seu andar? — perguntou ele?

— 12º.

O mesmo do dele.

Depois de tudo que falaram, estava difícil para ela ficar quieta, então pensou em aproveitar para falar o que podia.

— Sabe, sempre achei que você tem olhos lindos — admitiu, mais por si mesma do que por conta da bebida que ainda poderia estar em seu organismo. — E que também fica maravilhoso de terno. Não que você não esteja bonito agora, mas... você entendeu...

Buenos Aires a analisava, mesmo depois de ter tomado algumas bebidas, Brasília não dava sinais de que estava bêbada, na verdade, ela ainda mantinha aquela graça e calma que ele achava muito excitante. Eles tinham conversado, sido honestos, os dois desejavam isso, só que antes de fazer qualquer coisa, ele precisava se certificar que ela estava mesmo no comando de si mesma.

O elevador finalmente chegou no andar dos quartos deles, assim que saíram, Buenos Aires segurou uma das mãos de Brasília, que parou de andar de imediato.

— O que foi?

— Espere um pouco aqui, por favor.

Diante do olhar questionador de Brasília, ele andou até o outro lado do corredor, ficando bem próximo a porta do próprio quarto.

— Pronto. Agora poderia andar até aqui em linha reta?

— Você quer ter certeza de que não estou bêbada — constatou ela.

— Isso mesmo.

Com um sorriso e passos confiantes, ela foi se aproximando de onde Buenos Aires estava.

— Não deveria se preocupar com isso — dizia ela, buscando os olhos verdes do homem a cada passo. — Eu sou muito resistente à bebida e tudo o que disse antes foi porque eu quis, e também por ser verdade. Eu realmente acho você incrível. Te acho muito atraente. Você tem olhos lindos. Você é muito excitante de terno — e com um último passo, parou na frente dele. — E estou louca para beijar você — concluiu. — Isso é o suficiente, ou você quer que eu me equilibre em uma perna só?

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