Got your voice in my head
(Tenho a sua voz na minha cabeça)
Saying: Let's just be friends
(Dizendo: Vamos ser apenas amigos)
Can't believe the words came out of your mouth
(Não posso acreditar que as palavras saíram de sua boca)
No mesmo instante em que a morena se afastou para trás, Soraya pulou do balcão da pia e pisou no chão. Ela começou a passar as mãos pelos fios negros da outra numa tentativa falha de alinhá-los enquanto a morena fazia o mesmo com os seus. De nada adiantou, Simone tinha seus finos cabelos grudados na nuca e testa devido ao suor e o coque de Soraya, antes perfeito, não tinha mais nada de alinhado. O vestido de modelo midi justo da mais baixa estava na altura das coxas e ela tratou de descer para a posição correta.
- Simone, você tá aí? - A voz insistiu.
- Porra, quem tá me chamando que não pode esperar cinco minutos. - Sussurrou de forma que só a loira escutava enquanto a ajudava subindo um pouco o decote de seu vestido.
- O que a gente vai dizer? Olha meu cabelo! - Falou passando as mãos pelos fios já que a ajuda da outra de nada serviu.
- Espera. - Sussurrou baixinho pra loira e gesticulou com as mãos pedindo calma. - Quem é? Eu já tô saindo! - Gritou e aproximou o ouvido da porta.
- Ora quem! Sou eu, Ingrid. Te pedi pra não me deixar só.
Nesse momento a morena se permitiu respirar mais leve e virou para Soraya que revirou os olhos pra situação.
- Certo, não vai ser dessa vez que vão nos jogar na fogueira! - E riu aliviada, sendo acompanhada pela loira que não sabia como ela conseguia transformar tudo em algo engraçado. - Você vai voltar pra mesa e contar que alguma amiga sua precisou do seu grampo porque rasgou o vestido ou sei lá, alguma coisa assim. Eles nem vão se tocar de nada.
- Tudo bem, eu vou inventar alguma coisa! Mas essa mancha de batom no seu rosto, como vai explicar? - Riu baixinho, levemente desesperada. - Sua amiga não vai ficar chateada?
- Depois disso aqui? - Apontou para o banheiro com o dedo indicador, desacreditada que ainda tivesse uma mísera célula de ciúmes na mulher. - Jura?
A loira balançou os ombros e se virou para pegar papel para limpar o rosto pálido à sua frente. Quando já estava com os braços erguidos, graças à diferença de altura das duas, Simone segurou suave em seu pulso e tomou o papel.
- Melhor você ir, eu limpo. - E beijou as costas das mãos da loira. - Quando tiver um tempinho pode passar no escritório pra gente conversar sobre... pra gente conversar.
Queria conversar sobre o que aquilo significava, sobre o que aquela confissão entrecortada pela respiração ofegante da loira queria dizer, mas não queria pressioná-la e correr o risco de afastá-la. De novo. Embora Soraya não precisasse de ajuda para fazer isso sozinha.
- Eu passo lá assim que eu puder. - Sua voz ainda era levemente arrastada, mas não podia ser diferente com o nervosismo que corria em suas veias. Seguia em direção a porta quando parou e virou novamente pra morena. - Você vai voltar pra mesa?
- Você quer que eu volte? - Não sabia se sua presença iria incomodá-la e essa era a última coisa que queria.
- Eu quero. - Sorriu de leve e continuou. - Eu sei que é a festa dos seus pais e tá tudo ótimo, mas a melhor parte da minha noite é olhar você.
Dito isso, a loira se inclinou em direção a outra e depositou um selinho rápido nos lábios borrados de batom da mulher e saiu da mesma forma que entrou, como um furacão.
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One and Only - Simone e Soraya
RomanceO amor é capaz de sobreviver ao tempo? Um amor de adolescência sobreviveria após 20 anos? Simone e Soraya, duas amigas de infância, se descobrem apaixonadas porém são impedidas de viverem esse amor. Após 20 anos separadas, se encontram e não sabem...