One and Only - Simone e Soraya

Chapter 1 ❥

If we could only have this life

(Se nós apenas pudéssemos ter essa vida)

For one more day

(Por mais um dia)

If we could only turn back time

(Se nós apenas pudéssemos voltar no tempo)

Soraya estava agitada observando os funcionários de seu pai acomodando suas malas na parte de trás do carro que a levaria para longe de sua casa, da sua família e dos seus amigos. De braços cruzados e rosto fechado, ela esperava por um milagre que fizesse seu pai mudar de ideia. Mas ele não mudaria.

A madrasta da menina havia convencido a todos que essa era a melhor solução. Que afastar a adolescente de apenas 16 anos do seu lar seria o suficiente para que o "enorme" problema fosse resolvido.

- Filha, você nem vai perceber o tempo passar. Terminar o ensino médio nesse internato nomeado ajudará muito no seu currículo no futuro. - Disse o pai da loira tentando consolá-la, o que seria impossível.

- Essa ideia é ridícula, papai! Não acredito que você se deixou levar por uma mulher que nem sequer é minha mãe. - A garota tocou na ferida do pai que detestava que a filha se referisse de maneira negativa sobre a esposa que ele escolheu após a morte de sua primeira mulher.

- Você sabe que, assim como eu, Isabela só quer o seu bem! O melhor nesse momento é se afastar e focar no seu futuro e não em aventuras da adolescência. - Soraya revirou os olhos ao escutar o pai, mais uma vez, iniciar seu discursinho homofóbico e irracional. - Não esqueça que Simone também irá estudar longe, isso é o melhor para as duas.

O coração da menina acelerou ao escutar o nome dela.

Sabia no fundo de sua alma que mesmo se afastando da única casa em que viveu a vida toda, do seu pai, de seus irmãos, seus amados animais e amigos, a pessoa que mais sentiria falta era Simone. No momento era a única certeza que tinha na vida.

A adolescente bufou ao ver o porta malas sendo fechado e os rapazes acenarem confirmado que já haviam terminado de guardar tudo.

Era isso. Não tinha mais volta.

O milagre não aconteceu. Simone não apareceu para impedir que Soraya fosse.

Até o direito de se despedir lhe foi tirado.

Pensando em tudo isso, da calçada em que estava a loira virou de costas olhando para a casa que sempre morou com sua família. A construção antiga lhe trazia muitas lembranças de sua mãe e era muito difícil não se emocionar com a saudade que lhe apertava o peito. Lembrou de todas as aventuras vividas com a mãe na enorme fazenda, de quando estava aprendendo a andar de cavalo, alimentando os animais e correndo enquanto a mãe lia embaixo de uma árvore. Cada canto daquela fazenda tinha um pouquinho de sua mãe. Não havia maneira fácil de se despedir disso.

Soraya não sabia em que momento começou a chorar mas ao olhar para seu pai com o último fio de esperança, sentiu seu rosto encharcado de lágrimas. E não adiantava mais. Teria que viajar para o exterior para concluir o ensino médio e começaria o tão sonhado futuro que seu pai planejou (sem a consultar).

- Tchau, minha filha! Eu amo muito você e sei que isso lhe fará feliz. - Soraya sabia que o pai era sincero, sabia que jamais lhe desejaria o mal, mas reconhecia o erro em suas motivações.

O amor não devia ser algo evitado. Evitar o amor não funciona!

- Te amo, papai! Espero que um dia você possa me compreender e me apoiar nas escolhas do meu coração. - Ela disse olhando fundo nos olhos do pai e depois o abraçou encharcando sua blusa azul.