One and Only - Simone e Soraya

Chapter 10❥

The script was written and I could not change a thing

(O roteiro foi escrito e eu não poderia mudar nada)

I want to rip it all to shreds and start again

(Quero rasgar tudo em pedaços e começar de novo)

O café da manhã entre Simone e Soraya se tornou rotina pelo resto da semana e metade da outra, o encontro e as risadas que dividiram lhes davam motivação para o resto do dia cansativo que sempre tinham, independente de qualquer coisa.

Provaram um final de semana sem o compromisso e souberam que a presença da outra acalmava uma inquietação que tinham no coração. Inquietação essa que não sabiam nomear.

A certeza de que iam se ver em alguns minutos rendia sorrisos enquanto faziam sua higiene matinal e se arrumavam. A preguiça era esquecida junto com a fome e já acordavam divididas entre ansiedade e animação.

Animação essa que não alcançava o marido da loira.

César não gostava nada de acordar ao lado de sua mulher e assistir ela se arrumar apressadamente e sair sem comer com ele e o resto da família.

- De novo, Soraya? - Sua voz era de puro descontentamento enquanto terminava de fechar os botões de sua blusa social.

Soraya não tirou o foco de arrumar sua blusa dentro da calça e continuou a conversa sem olhar nos olhos do homem.

- De novo essa implicância? Qual é o problema em tomar café da manhã com uma amiga, César? - Disse mudando sua atenção para a amarração dos saltos em seus pés. - Já falei que fazem 20 anos que eu não a vejo, estamos tentando nos aproximar de novo.

- Eu entendi, mas não me parece justo você me abandonar aqui com 'sua' família. - Frisou o fato da família da loira ser maioria ali.

- César, que drama! - Ela riu e o homem a acompanhou, reconhecendo o exagero.

A loira terminou de se calçar e caminhou poucos passos até sentar ao lado do marido na cama. Virou o rosto para ele e segurou sua mão, acariciando.

- Desde que casamos eles se tornaram sua família também, e às vezes desconfio que gostam mais de você do que de mim. - Deixou um breve selinho nos lábios já bem conhecidos antes de levantar e seguir até seu porta jóias em cima da penteadeira. - Eu preciso sair com ela, me sinto bem. Fora que são 20 anos de assunto para colocar em dia.

- Entendo, meu amor! Se te faz bem só isso importa. Só... espero que diminua com o tempo ou que mudem a refeição... - Riram juntos. - Vocês se conhecem há quanto tempo?

César parecia estar genuinamente curioso mas Soraya não sabia se seria uma boa ideia tocar naquela história, não sabia o que o companheiro podia imaginar. Continuou a se arrumar, enquanto pensava se valia a pena e resolveu contar, pelo menos grande parte.

- A gente se conhece desde sempre, desde que eu nasci, já que ela é um pouco mais velha que eu. Nossas mães eram melhores amigas desde sempre, assim como eu e ela nos tornamos. Papai também virou amigo do pai dela e assim foi, nos criaram juntas.

- E em que momento brigaram? - Soraya o encarou confusa. - Ou se afastaram...

- Ah sim... Vamos descendo e eu vou te contando, não quero me atrasar. - Disse alcançando a bolsa e o celular que estavam no banquinho da penteadeira.

César levantou e repetiu o gesto da esposa ao pegar sua pasta, o relógio e o celular.

- Então... - Soraya começou já fechando a porta do quarto. - A gente vivia grudadas, sempre mesmo, parece exagero mas não é. A gente voltava juntas da escola, apesar de estudarmos em classes diferentes, fazíamos as tarefas juntas, brincávamos a tarde inteira no estábulo, líamos embaixo de qualquer árvore que nos desse uma boa sombra, sempre livros de poesias.