Cap 1 - Nova Perita

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- Mandou me chamar? Nam aparece na porta da sala de sua superior.
- Entra e fecha a porta, agente. Diz uma Freen séria. - Perdeu a hora? Nam estava 5 minutos atrasada.
- Bom dia pra você também, delegada. Provoca e senta de frente para a outra. Elas tinham essa liberdade, apesar de estarem no ambiente de trabalho e uma ser superior da outra. De repente o silêncio se instala por alguns minutos até Nam interromper. - Que houve? Sua cara está péssima e eu até já imagino do que se trata, ouvi alguns burburinhos nos corredores da delegacia.
- Empresário, pouco mais de 50 anos, aparentemente não tinha inimigos, casado e pai de dois filhos. Ela diz jogando alguns papéis na mesa.
- Qual a causa da morte? A outra questiona.
- Infarto do miocárdio.
- E o que temos a ver com isso? Nam questiona um tanto curiosa. - Se a causa da morte foi natural, não temos por que investigar.
- Você sabe que as coisas não funcionam assim, Nam.
- Não é você que diz que esse tipo de caso só atrasa outras investigações?
- A esposa está muito abalada. O cara era um empresário riquíssimo, investia pesado no ramo da IA e parece que... Ela fez uma pausa. - A rumores de várias amantes e a esposa parece que não sabia.
- Não sabia? Você sabe melhor que eu que todas sabem, mas abafam para não perderem a boa vida que têm.
- Delegada, com licença. Heng adentra na sala.
- O que foi agente?
- Estão nos esperando pra perícia.
- Claro, vamos. Responde pegando seu casaco. Nam acompanha.
- Parece que a semana vai ser cheia, delegada.
- É o que parece.

Meia hora depois a equipe chega no local indicado. Estava cercado de viaturas, tinha polícias por toda parte.

- O cara era milionário mesmo, olha essa casa. Nam diz surpresa ao observar a residência.
- CEO da InterLink, nunca ouviu falar? Empresa voltada a IA.
- Parece que o agente Heng tá bem informado. Diz enquanto saem da viatura.
- É o meu trabalho, delegada.
- Não faz mais que sua obrigação agente. Responde deixando os dois para trás.
- O que ela têm? Acordou de mau humor? Ele questiona.
- Hoje faz cinco anos, esqueceu? Vem, vamos entrar que temos muito trabalho pela frente. Nam diz se afastando dele.

O homem estava caído no chão próximo a cama, o local em volta estava totalmente cercado e só pessoas autorizadas podiam se aproximar, era protocolo da operacão para evitar que as provas se perdessem ou fossem retiradas do local até a chegada do perito.

- Onde estão os familiares? Sarocha se aproxima de outro agente.
- É um prazer vê-la tão cedo delegada.
- Pena que não posso dizer o mesmo agente, muito menos nessas condições. Ela responde de forma séria.
- Claro, delegada. Bom, a esposa está muito abalada, tanto que precisou ser levada ao hospital, os filhos a acompanharam, provavelmente irão depor em breve.
- Infarto na maioria dos casos é fatal. Ela acrescenta.
- Ouvi rumores de uma possível amante, a esposa sabia e preferiu abafar o caso, mas isso a delegada já deve saber. O homem diz deixando a mulher pensativa.

A Nam se aproxima do corpo, ela era responsável por fotografar tudo que envolvia a cena do crime.

- Com licença. Diz uma moça ao adentrar no quarto. Todos a observam. A mulher usava luvas e começava a observar e recolher alguns pertences alí presentes.
- Quem é ela? Sarocha questiona.
- Rebecca Armstrong, a nova médica perita.
- Além de ser nova ainda chega atrasada, que ótima profissional. Questiona um tanto sarcástica.
- Parece que ela é filha de um grande empresário. Heng acrescenta. Sarocha continua observando a mulher.
- Não me admira que o pai tenha mexido os paozinhos pra colocá-la aqui no departamento. - Quantos anos ela tem? 20?
- Não a subestime delegada, parece que ela sabe o que faz.
- Tudo ok com as fotos delegada. Nam se aproxima.
- Bom trabalho, agente.

Alguns minutos depois...

- Com licença, bom dia! A mulher se aproxima. - Rebecca Armstrong, fui solicitada para o caso. Diz estendendo a mão com um largo sorriso nos lábios.
- Delegada Sarocha. Responde apertando a mão da outra sem retribuir o sorriso. - Esses são agente Nam e agente Heng.
- Prazer em conhecê-los, lamento que seja nessas condições. Ela acrescenta. - Bom, acho que já fiz meu trabalho por aqui, nos encontramos em breve.
- Não tenho duvidas. Heng responde um tanto simpático.
Freen apenas acena com a cabeça se despedindo a mulher.

Algumas horas depois... Freen entra em sua sala, Nam acompanha.

- Que foi? Te achei tão calada no caminho de volta. A propósito, bonita a médica.
- Sério? Questiona sem da tanta importância se sentando em sua cadeira.
- Não sou cega e você também não, aliás, eu vi você olhando pra ela.
- Não inventa Nam, você sabe que...
- Ah não, pára, não começa por favor.
- Não esqueça que sou sua superior, olha como fala comigo.
- Vai me punir por falar a verdade, delegada? Questiona séria. Sarocha a olha ainda mais séria. - Amiga, você sabe o que penso, não pode passar o resto da vida se culpando e se punindo pela morte dela.
- Cinco anos, cinco anos hoje que a Nita morreu por minha culpa e você sabe disso Nam. Diz com os olhos cheios de água.
- Amiga, foi uma fatalidade.
- Se eu a tivesse levado como de costume, estaríamos aqui agora comemorando mais um ano juntas. Se lamenta enxugando o canto dos olhos.
- Você precisa se perdoar e entender que fatalidades fazem parte da vida.
- Porque com ela? Por que? Ela era tão jovem, tão cheia de vida, iríamos nos casar, você tem noção disso? - Chega Nam, não quero mais falar disso.
- Tudo bem, desculpa por ter feito você chorar, não era minha intenção, vem cá. Diz abraçando a amiga.
- Ela era o amor da minha vida e acho que nunca vou esquecê-la, não posso.
- Sabe o que eu acho? Nam se afasta do abraço e a olha profundamente. - Sempre é possível encontrar a felicidade em meio ao cãos. Freen apenas ouve e volta abraçar a amiga.

Linda e provocante, Nita foi a mulher que despertava os desejos mais loucos que uma jovem estudante podia sentir, se conheceram ainda na faculdade quando a Freen se apaixonou perdidamente por aquela garota popular. Estavam noivas quando num dia qualquer a Nita perdeu o controle do veículo enquanto se dirigia ao trabalho. Sarocha nunca se perdoou, pois naquele dia, o único dia em que ela não pôde leva-la, naquele fatídico dia, o destino, se assim posso dizer, roubou a vida de sua futura esposa.

Por volta das 20h Sarocha chega em casa depois de um dia exaustivo, apesar de amar o que fazia. Toma um banho quente e abre uma garrafa de vinho pra acompanhar o salmão que acabara de ficar pronto. A playlist já estava pronta e a primeira da lista era a de sempre, Photograph de Ed Sheeran. Era como um ritual, todas as noites ao chegar em casa a mulher fazia exatamente dessa forma, foi o jeito que encontrou de sentir a presença da outra. Mas, por algum motivo inexplicável, após cinco anos da morte de sua quase esposa, a delegada se pegou lembrando do rosto da nova médica.

No Amor & No CrimeOnde histórias criam vida. Descubra agora