No Amor & No Crime

O pedido

Após alguns dias desde o beijo que Rebecca roubou da delegada, as duas não falaram a respeito. Freen trabalhava duro a dois dias; talvez quisesse parar a própria mente de traí-la.
- O novo depoimento do garoto ficou pra quando? Freen pergunta.
- Daqui dois dias. Nam confirma.
- Ótimo. - Dessa vez eu mesma estarei presente. Nam observava a amiga com toda aquela papelada em cima da mesa e o notebook aberto.
- Ei.
- Hum.
- Freen? Chama. Ela continuava de olho na tela do notebook. Nam fecha o mesmo.
- Ah não, o que foi agora? Não está vendo que estou trabalhando? A encara.
- Está a dois dias trabalhando como se não houvesse amanhã.
- Você sabe que gosto do meu trabalho.
- Não é disso que estou falando. - O que houve? Você está estranha. - Do que está fugindo? Ou melhor, de quem está fugindo, Freen?
Freen suspira e coloca as duas mãos no rosto.
- A Rebecca me beijou. Dispara. Nam arregala os olhos.
- Isso é perfeito, Freen. - Como foi? - Ela beija bem?
- Pára.
- Ué, não gostou?
- Eu saí correndo.
- O que? Você não fez isso, criatura.
- É que... Eu senti que... Senti que estava traindo a Nita.
- Ah não, Freen.
- Não posso, Nam.
- Não acredito que fez isso. Para de tentar ser infeliz. chega! Você não cansa desse luto eterno? Dispara. Freen observa a fúria da amiga, Nam sempre se mostrou controlada.
- Nam, aqui não é hora nem lugar, estamos trabalhando.
- Quer saber? Se aproxima da mulher. - Você vai perdê-la e a culpa será única e exclusivamente sua. Depois não diz que não avisei. Com licença.

Por volta das 13hs Freen fecha seu notebook e decide almoçar no restaurante proximo a delegacia. De repente ela esbarra com a Rebecca no corredor e os olhares se cruzam como de costume.
- Perdão. Freen tenta ir embora, Rebecca segura seu braço.
- Freen, espera. Posso falar com você?
- Estou atrasada, ainda não almocei.
- Estou tentando falar com você a dois dias.
- Preciso ir, Rebecca.
- Não! - Dessa vez, não.
Freen percebeu que Rebecca não iria deixá-la ir, alguns agentes estavam por perto.
- Vem, vamos sair daqui. Freen a leva até o estacionamento.
- Por que está me evitando?
- Não estou.
- É claro que está, tem feito isso desde que te beijei.
- Olha tá tudo bem, você está desculpada. 
- Não Freen, não vim aqui me desculpar!
- Eu pensei que...
- Eu não vou me desculpar por uma coisa que não me arrependo. - Eu... Eu gosto de você. Dispara.
- O que disse? Freen fica incrédula.
- O que você acabou de ouvir, eu gosto de você e tá tudo bem se você não sente o mesmo, eu até já esperava, enfim. - Ah, não se preocupe que nossa relação continuará sendo estritamente profissional. - Agora vou deixar a delegada em paz. - Com licença.
Freen fica perplexa com as palavras de Rebecca. Mas algo dentro dela renascia, ela só não queria admitir.

As 19hs Freen chega em seu apartamento, joga a bolsa em qualquer lugar e se permite se jogar no sofá. Estava exausta mentalmente.

Flashback on
- O que disse?
- O que acabou de ouvir, eu gosto de você... Eu gosto de você...

Flashback off
As palavras de Rebecca ecoavam em sua mente. Pela primeira vez em cinco anos Freen sentiu seu coração acelerar por outra mulher que não fosse a Nita. Algo dentro dela vibrou. Mas sentir isso a assustava de alguma forma.
Freen resolve colocar a playlist de sempre, a velha playlist que não saía de sua mente a cinco anos, ela sabia de cor e salteado cada música. Freen vai até a adega e abre um vinho, deixando um pouco na taça. A mulher caminha até o quadro da ex mulher e uma lágrima insiste em cair.
- Por que você tinha que ir embora tão cedo? - Porque me deixou sozinha?
Poucos minutos depois a mulher se recompõe e resolve tomar um banho. Já passava das 23hs quando ela pega no sono.

- Viva. - Viva tudo o que seu coração deseja. - Está na hora Freen. - Está na hora de me deixar ir.
- Nita? - Amor. - Você não pode me deixar. Eu te amo.
- Eu sempre tive certeza do seu amor, mas agora eu quero que olhe pra si mesma.
- Por que me abandonou?
- Não tem a ver comigo, tem a ver com você. - Você precisa voltar a ser a Freen de antes, mas pra isso precisa se esforçar.
- Não sei o que fazer? - Não quero te perder.
- Tenho certeza que terei um lugar especial no seu coração. Mas agora você precisa escolhe-la.
- Do que está falando? - Nita, não vai embora. O que vou fazer sem você?
- Lembre-se: a resposta está dentro do seu coração, Freen.
- Nitaaa.