𝔏𝔞𝔰𝔱 𝔓𝔦𝔢𝔠𝔢 | 𝔑𝔞𝔫𝔞𝔪𝔦 𝔎. 𝔬𝔯 𝔗𝔬𝔧𝔦 𝔉.

𝔖𝔢𝔳𝔢𝔫

...

Gojou Akira era um conhecido empresário, geralmente referido como um tirano que governava a maior parte do Japão com mãos de ferro. Ele era algo semelhante a uma cobra em um campo quando irritado, ele se esconde nas sombras altas da grama e espera o momento certo para atacar seu inimigo com presas mais afiadas que facas, deixando uma picada venenosa e mortal. 

Embora esse fosse o lado que quase todas as almas da terra testemunharam, Gojou Akira era um marido amoroso. Não havia ninguém que ele amasse mais do que sua esposa. Depois de tantos anos, ele ainda conseguia se lembrar de sua risada soando como sinos de vento vibrando um contra o outro para criar um toque doce. No entanto, estava ficando cada vez mais difícil lembrar de certas características de seu rosto, como a ligeira protuberância na ponta do nariz ou a pequena mancha escura pontilhada sob a sobrancelha, a cada dia que passava. A idade não estava tratando Akira com gentileza. 

Tornou-se mais difícil andar sem uma bengala firme para se apoiar, sua respiração diminuía após alguns minutos de exercício. A única coisa que o motivou durante os anos dolorosamente cansativos e incômodos foram seus netos: Satoru e S/N.

Akira não queria soar arrogante ou egoísta, mas quando seus olhos pousaram sobre o menino recém-nascido, olhos açucarados brilhando de curiosidade para o velho, Akira sabia que seu neto estava destinado à grandeza. Claro, o sangue de um Gojou grosso em suas veias, não haveria nada que ele não pudesse alcançar, nem qualquer desejo deixado em falta. 

Ele teria tudo o que poderia desejar, e Akira estava mais do que disposto a dedicar seu tempo limitado para ter o herdeiro perfeito.

No entanto, quando a notícia de que a esposa de seu primeiro filho havia dado à luz uma menina saudável se espalhou entre os membros da família, Gojou Akira sentiu sua boca secar de repente. Só havia espaço para uma mulher em seu coração de gelo, ele não queria gastar tempo desnecessário para uma criança que ele sabia que receberia qualquer de seus cuidados ou atenção. 

Satoru foi seu herdeiro escolhido e nenhuma outra neta poderia mudar isso. Akira engoliu suas próprias palavras assim que seus olhos pousaram em uma figura minúscula (quase minúscula), enrolada em um cobertor de lã quente, descansando em uma cesta de Moisés cuidadosamente tecida à mão. O quarto do hospital estava um pouco frio, apenas o suficiente para causar um calafrio na espinha de alguém. Ele se perguntou se isso estava incomodando a recém-nascida tanto quanto ele. 

Não deveria ser mais quente para um bebê? A criança não ficaria resfriada?

"Você está com frio, minha querida?" Akira perguntou inocentemente em um sussurro ofegante, ele se abaixou para ficar nivelado com a cesta, como se estivesse genuinamente conversando. Com olhos atentos, Akira notou como o narizinho de botão da criança se enrugou ao sentir seu hálito quente contra sua pele sensível. Isso assustou o velho. 

O bebê ia chorar? O que ele deveria fazer, segurá-la entre seus braços e embalá-la até que seus gritos se reduzissem a soluços?

Gojou Akira se apaixonou novamente. Desde o nascimento de sua querida neta, ele encontrou uma nova motivação para conduzir sua paixão de criar a empresa mais poderosa e bem-sucedida do Japão. A família era importante para Akira, não havia uma única pessoa que pudesse se comparar a um único fio de cabelo da cabeça de sua esposa, não havia sequer uma alma que valesse a pena considerar até que o homem grisalho tivesse dois pares de pés arrastando após cada um de seus passos.