𝐒𝐄𝐕𝐄𝐍

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TW: HIPERVENTILAÇÃO

Era para ser um domingo como qualquer outro, mas algo havia acontecido enquanto dormia.

O telefone de minha mãe tocava sem parar, eram apenas sete horas da manhã quando [Nome] se levanta e desce as escadas ainda um pouco desacordada. A mulher mais velha estava parada em frente ao balcão enquanto encarava o celular tocando, então com muito cuidado, se aproxima para ver o número na tela.

─ Você conhece esse número? - sem respostas, pega o aparelho e atende a chamada, trazendo a atenção da mulher para si em uma expressão indecifrável. ─ Pois nã...

SUA DESGRAÇADA! É TUDO CULPA SUA! SUA INÚTIL! VOCÊ E SUA MÃE SÃO O MOTIVO DELE ESTÁ LÁ! - um arrepio frio passa pelo seu corpo, a voz que gritava do outro lado da linha era familiar, e de repente, tudo havia ficado mudo.

Ainda em silêncio, a garota permanecia inquieta ao lembrar de onde conhecia aquela voz, era da amante de seu pai, a mulher que destruiu a sua família.

─ O-O que você-

SUA PUTINHA DESGRAÇADA! É ISSO QUE VOCÊ QUERIA, NÃO ERA?! - uma risada de escárnio escapa da boca da mulher. ─ SEU PAI ESTÁ HOSPITALIZADO POR SUA CULPA! - a mulher que estava parada em sua frente acaba desabando no chão em completo choque.

O quê? - lágrimas começaram a se formar no canto dos olhos, a boca que estava bocejando a poucos segundos atrás, agora estava seca.

É TUDO SUA CULPA! É SUA CULPA! - a mulher gritava sem parar, palavras desconexas e dolorosas saíam da boca dela freneticamente, mas não escutava nada. [Nome] não escutava nada do que ela dizia.

Desligando a chamada na cara dela, a platinada encara sua mãe com lágrimas quentes escorrendo pelo rosto, sua boca tremia sem parar, sentindo tremores pelo corpo todo, arrepios frios e a sensação de não sentir, não ouvir, não falar nada lhe engolia cada vez mais. Sua mãe chorava descontroladamente sentada no chão, porque ela também ouviu aquelas palavras afiadas e cheias de ódio da amante, porque no fundo ela se sentia tão culpada quanto a filha se sentia.

─ M-Mãe... - a platinada não conseguia mover seu corpo, tudo parecia tão doloroso, qualquer movimento parecia ser pesado demais para [Nome], sua cabeça rodava mil pensamentos e mais lágrimas caíam.

─ É TUDO MINHA CULPA! É TUDO MINHA CULPA! - os gritos sôfregos de uma mãe sem apoio e cuidados ecoavam pelo casarão, os pedidos de desculpas apenas lhe mostrava que ela aguentou por muito aquela dor que guardava em seu peito. ─ FOI EU! FOI EU QUE PEDI PARA ELE VIR TE VISITAR! VOCÊ PRECISA DE DELE, EU NÃO SOU O SUFICIENTE! PORQUE ELE SEMPRE FOI MELHOR QUE EU EM CUIDAR DE VOCÊ! - o choro pesado era carregado com um rosto cheio de lágrimas e gritos de sofrimento, pela primeira vez, [Nome] via sua mãe em tal estado.

─ Não, mãe! V-Você é o suficiente pra mim! Eu te amo! P-Por favor, não fale isso! - correndo em sua direção, a garota lhe aperta em um abraço necessitado, depositando sua cabeça em seu peito que sangrava ao vê-la naquele estado.

─ NÃO! ELE SEMPRE FOI MELHOR QUE EU NISSO, FOI POR ISSO QUE ELE ESTAVA VINDO PARA CÁ! PARA FICAR COM VOCÊ! - ela se debatia em seus braços, apenas lhe fazendo chorar ao segura-la assim, por ter que vê-la assim e não poder fazer nada além de abraça-lá. ─ Me perdoe... - a sua voz falha lhe impedia de completar a frase, apenas os soluços e som do choro podia ouvir da figura em seus braços.

[Nome] não sabia que seu pai estava vindo a visitar, pois sua mãe queria fazer surpresa. Apesar de todas aquelas palavras dolorosas que ele havia dito para a própria filha, no fundo, o mesmo queria se desculpar e tentar se aproximar da filha novamente.
Seu estado era grave, o carro havia capotado por conta da batida do caminhão que estava em alta velocidade. Os médicos avisaram que iriam notificar a família sobre os tratamentos e medicamentos que o mais velho teria passar, mas [Nome] desejava que fosse um pesadelo. Um terrível pesadelo.

𝐀𝐋𝐋 𝐌𝐈𝐍𝐄, ScaramoucheOnde histórias criam vida. Descubra agora