O Verbo: Ação ou Estado? - Meu eu racional.

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Me sentei naquela tarde de outono em frente à mesa do meu trabalho, um período curto de quatro horas em cinco dias da semana é o suficiente para que no início do próximo mês eu receba menos da metade de um salário mínimo... Não posso me queixar, é um trabalho honesto e me ajuda a ser criativa dia após dia para que eu não morra de tédio ou me torne uma preguiçosa -intelectualmente falando-, isso tudo faz parte do meu bem maior. Trabalho por mim e pela minha esposa Endaira. Ela é incrível. É  melhor que eu em muitas coisas, e até me questiono as vezes em como eu seria melhor se talvez eu não tivesse essa bagagem de coisas ruins que acumulei desde meus 12 anos por achar que eu realmente estava amando.

Amor... foi estranho muitas vezes dizer "eu te amo" para alguém e logo em seguida eu refletir em silêncio comigo mesma sobre o que aquilo significou, eu realmente amava todas aquelas pessoas? É possível isso? Lembro de quando eu contei a minha mãe que sentia atração por mulheres, ela nunca aprovou e nem por isso me proibia de nada... Bom, o que estava ao alcance dela, talvez... Certa vez ela me disse: "Você se apegou tanto à aquela menina (minha primeira melhor amiga e namorada) que acabou confundindo seus sentimentos." Meu pai dizia que eu tinha dependência emocional nela, e ele não estava errado. 

Uma amizade de três anos  que entrou em crise com um namoro de dois meses, ela era uma boa amiga, mas uma péssima namorada. Já eu ao contrário, gastei meu primeiro salário com presentes pra ela, que em troca depois de um mês me traiu duas vezes, sim, eu a perdoei. Não falo com ela hoje em dia, mas acho irritante quando tenho um pico de saudades da minha antiga cidade e ao procurar fotos antigas a maioria tem o rosto dela. Como alguém que foi tão ruim pode ser marcante e ainda sim não me despertar ódio, mas sim arrependimento e até mesmo um pouco de remorso. Aquilo era amar?  

Depois de ter dito isso tudo, seria estranho dizer que este foi meu segundo relacionamento? O primeiro foi hilário por um lado e  trágico por outro. 

O garoto era um ano mais velho, mais alto, negro e um sagitariano muito fofo. Movia céus e terra por mim. Me levou para viagens com a família, e me comprava presentes. Nunca recusou sair comigo e era um verdadeiro príncipe. Foi adotado junto com o irmão mais velho ainda quando era mais novo e queria ser caminhoneiro... Um partidão. Ele provando do primeiro amor e eu querendo conhecer do mundo. Não fui um monstro como pode se imaginar, fomos felizes, até o momento em que eu não fui mais. Terminei com ele, mas mantivemos contato e enquanto isso eu conhecia o mundo como eu queria. Ele ficou mal depois de um tempo, saímos juntos mais algumas vezes e depois disso tudo acabamos de vez, me disseram que ele ficou muito mal depois da nossa separação e que havia começado a tomar remédios muito fortes, e isso desestabilizou sua mente fazendo com que ele não se lembrasse de pessoas e acontecimentos, mas ele lembrava com clareza de algo específico... Eu. Me culpo algumas vezes por isso, e a última vez que ouvi falar dele foi a oito dias, uma amiga me disse que ele estava irreconhecível e morando com uma mulher estranha. Me pergunto se aquilo que vivemos também foi amor.

Refleti sobre como me porto e penso com relação ao amor. Ser religiosa, amante da filosofia e fascinada pela ciência pode ser muito contraditório por conta dos extremismos existentes, então, elaborei um documento não oficial de como vejo algumas palavras e fatos, não vou mentir que não é apenas para passar o tempo livre no trabalho. E cá estou eu... em mais uma tarde de outono em frente ao computador do meu trabalho apenas para refletir em: O QUE É O AMOR?

Quarta-Feira, 26/04/2023 - 16:20 horas.

Cientificamente falando...

"Aumento da pressão arterial e dos batimentos cardíacos, corpo mais quente e excesso de suor, falta de apetite, insônia, além da sensação de bem-estar e prazer, sendo tudo isso o acúmulo em excesso de adrenalina, noradrenalina, feniletilamina, dopamina, oxitocina, a serotonina e as endorfinas, ou seja, se o indivíduo: Gritar, fazer exercícios, comer chocolate, praticar yoga, adotar um gatinho, e ficar exposto ao sol tudo ao mesmo tempo, ele sentirá o amor...

Meu eu, três vezes...Onde histórias criam vida. Descubra agora