BRAZILIAN LOVE.

Protection

POV: S/n

In.su.fi.ci.en.te.

Que não é o bastante; em que há falta, necessidade ou escassez; pouco: doação insuficiente; verba insuficiente.
Que não possui a qualidade considerada suficiente; que é insatisfatório; medíocre: nota insuficiente.

Tudo o que eu venho sentindo a cinco dias se resume em uma palavra, insuficiente. Não fui capaz de evitar que uma tragédia acontecesse com um dos meus bens mais preciosos.

Minhas irmãs são tudo 'pra mim. são meu sangue, minha pele e meus órgãos. Tudo o que preciso para me manter viva, eu depositei naquelas três meninas. E agora, aqui estou, dentro de um carro, na frente de um hospital, esperando que alguém venha me dizer que a minha irmãzinha acordou.

Quando cheguei com a Laura na emergência, ela não parava de sangrar e já estava um pouco grogue. Os médicos a examinaram e descobriram que o infeliz tinha feito um estrago dentro dela e, isso acabou levando-a a uma cirurgia de emergência. Depois de toda a correria da cirurgia os médicos me explicaram que o corpinho da minha menininha precisava de um tempo para sarar sozinho, por conta disso ela entrou em coma.

Já se passaram quatro dias desde a cirurgia e nada dela acordar. Eu já nem lembrava do filho da puta que eu tinha prendido em um dos meus galpões. Não tenho cabeça para resolver esse outro lado dessa história desastrosa. Mesmo sendo chefe da máfia brasileira, eu sou completamente diferente dos outros. Nunca matei ninguém sem ter pensado duas vezes antes, sei a hora certa de agir, não gosto de injustiça e muito menos fazer as pessoas erradas pagarem pelo erro de alguém. Ser da máfia nunca foi uma escolha minha. Ou eu comandava os negócios da família, ou uma das minhas irmãs iam ter que fazer isso, para poupar elas dessa merda eu tomei a frente de tudo.

Meus pais foram assasinados pouco tempo depois do meu aniversário de 18 anos. Como sempre odiei essa vida de ameaças e de sempre ter medo de tudo, resolvi mudar a forma como as coisas funcionavam na máfia. Comecei acabando com as inimizades que meu pai tinha, mudei totalmente a forma de trabalhar e com o tempo fui ganhando o respeito de todos, polícia, políticos e chefes das favelas de todo Brasil. De um tempo 'pra cá pararam de me chamar de chefe da máfia, me chamam de Robin Hood.

Depois de um longo tempo com a cabeça no volante de um dos meus carros, escuto batidas no vidro, olho e vejo manu do outro lado me olhando com uma carinha triste.

- Hey baby.- Falo abrindo a porta do carro e saindo. - Aconteceu alguma coisa?.- Pergunto abraçando o seu corpinho magricelo.

- Fora toda essa merda?.- Ela pergunta se afastando e eu respondo movimento a cabeça. - Estamos sentindo sua falta. Sei que está se culpando e estou preocupada. Não percebeu que tá se afastando da gente?.- Ela me olhava com os olhinhos marejados.- Faz três dias que você não entra no quarto da Lalá, só fica trancada nesse carro olhando 'pro nada.- Ela começa a chorar. - Por favor S/n, ela precisa de você.

- Tudo bem, meu amor. Vamos lá fica com a nossa Lalá.- falo dando um beijo na testa da mais nova.

Andamos em passos lentos pelos corredores do hospital. A cada passo que dava sentia uma facada no peito. Tudo isso era culpa minha, não devia ter deixado ela sozinha, era 'pra ter ido atrás dela quando percebi que ela estava demorando muito para voltar. Tantas coisas passavam na minha cabeça.

Chegamos na porta do quarto e entramos em silêncio, olho para cama e vejo Laura deitada como um anjo, ligada a vários aparelhos. Luiza estava sentada do lado conversando com a nossa irmã.

- Lá, não sei se pode me escutar, mas eu não consigo ficar tanto tempo sem falar com você, então eu vou conversar  de qualquer jeito. - Ela não tinha percebido que estávamos no quarto. - Eu prometo que vou cuidar de você quando acordar. Vou fazer tudo o que você pedir durante uma semana e também prometo que nunca mais vou desejar que você vá morar em outro país por causa das suas manias insuportáveis de limpeza.- Escuto ela começar a chorar. - Por favor Lalá, acorda. Eu não aguento mais sentir medo de perder você. Nós precisamos de você.- Ela abaixa a cabeça e eu vejo seu ombros tremerem por conta do choro.