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Norm foi chamado logo ao amanhecer por Jake, para que uma segunda opinião avaliasse o corpo de Neteyam. Ronal, que teve de se apresentar pela segunda vez para o pobre garoto, havia feito uma avaliação e sem ter respostas concretas, afundou-se no marui da Tsahìk procurando respostas em seu vasto conhecimento e em Eywa para ajudar o Sully.
Ninguém saberia dizer como se recupera uma memória e por um dia inteiro, Neteyam ficou trancafiado em seu próprio quarto, aceitando a presença apenas da sua família. Precisava se familiarizar novamente com os novos rostos daqueles que viviam consigo.
A voz de Lo'ak havia mudado, agora estava mais grossa. As atitudes de Tuk haviam amadurecido, ela não era mais uma criancinha. Seus pais, depois do confronto contra os humanos pela terceira vez, pareciam ainda mais reclusos, como se confiassem em poucas pessoas, um sempre ajudando o outro. Kiri, de certa forma, parecia ainda mais madura.
Aonung tentou ver Neteyam, pediu por aquilo a Jake, porém com o coração dolorido entendeu que seria melhor esperar por mais um tempo. Já havia ficado tanto tempo sem seu amado Neteyam, mais alguns dias não parecia ser tão torturante.
Mesmo que para ele fosse.
A chegada de Norm foi silenciosa, pousando o grande avião do lado oposto da vila. Sendo acompanhado por outros Avatares e Spider, Neteyam se surpreendeu ao ver o velho amigo humano já um homem. Engolindo em seco, permitiu que Norm o avaliasse com suas máquinas humanas.
— Isso é um óbvio caso de amnésia por trauma — Norm diz ainda colocando alguns apetrechos na cabeça de Neteyam, fios ligados a uma máquina maior que de acordo com o cientista, permitiria que eles dessem uma olhada no cérebro do pobre na'vi.
— Tá, mas o que exatamente nós podemos fazer? — Lo'ak pergunta, sentado próximo ao irmão, tão apreensivo com todos aqueles apetrechos e máquinas quanto o próprio Neteyam. A cabeça do garoto havia parado de doer depois de chorar tanto na madrugada passada e adormecer nos braços de Kiri.
— Vocês disseram que Neteyam esqueceu dos eventos que procederam a chegada de vocês aqui em Awa'atlu — Norm diz quase como uma pergunta, olhando para Jake de pé, braços cruzados e postura endurecida, olhando aquela máquina de eletroneurograma portátil como se aquela máquina fosse a causadora dos problemas do seu filho — Esse tipo de perda de memória pode levar horas, dias ou até ser permanente.
— Permanente? — Neteyam diz assustado. Viveria sua vida normalmente com o fato de não ter em sua mente cinco anos de sua vida, como um borrão, uma caixa preta ocupando espaço?
— Não será — Kiri diz séria. Desde sua conversa com o mais velho, a garota havia se decidido que arriscaria tudo e qualquer coisa para encontrar uma resposta para aquela situação.
Norm, então, pede silêncio a todos e dá início ao exame, mapeando o cérebro de Neteyam para saber se havia alguma área danificada após o trauma passado no barco do Povo do Céu. Minutos se passam em silêncio, Neteyam não ousou respirar direito enquanto aqueles fios estavam ligados a sua cabeça e sentado no chão próximo a máquina de Norm, forçou sua memória mais uma vez.
Sentia-se patético, essa era a palavra perfeita para descrever-se, patético. Como alguém simplesmente poderia esquecer não apenas alguns dias, mas cinco anos de sua vida inteira? Patético!
Após o exame terminar, Norm comentou que nenhuma área do cérebro de Neteyam parecia estar danificada e que a amnésia havia sido, por achismo dele, um mecanismo para esquecer o trauma vivido no barco. Lo'ak, mantendo-se ao lado do irmão como um guarda costas, estava pronto para bombardear o cientista de perguntas, quando o próprio Neteyam se pronuncia.
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𝐎𝐛𝐥𝐢𝐯𝐢𝐮𝐦 | avatar
Romance"Algumas memórias foram feitas para serem recriadas." Após meses em coma, Neteyam acorda confuso e perdido. Sem lembrar o que havia acontecido consigo ou com sua família, o Omatikaya percebe que não são pequenas lacunas de memórias que lhe foi arran...