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Quase uma semana completa havia se passado desde o início das tentativas falhas de Neteyam em recuperar a memória. Porém, diferente do começo daquele treinamento mental, agora, o Sully estava muito mais confiante de que as coisas poderiam ficar bem. Tudo graças a sua família e em especial, graças a Aonung. Em determinadas situações a sensação de déjà vu eram mais fortes do que em outras, em determinados momentos, Neteyam nem mesmo sentia a familiaridade lhe formigar as pontas das digitais, porém por quase uma semana inteira, todos os Omatikaya se dedicaram a tentar reproduzir fielmente algumas memórias felizes dos últimos cinco anos em que estiveram em Awa'atlu.
Andando em direção ao marui do Olo'eyktan, Neteyam observava o Sol brilhar com intensidade o mar claro ao seu redor. Estando no meio de um dia atarefado, podia ver alguns Metkayinas nas suas atividades diárias. Descobriu por aquela semana que era famoso na vila, os na'vi gostavam de si e ficaram felizes com seu despertar. Talvez por ser o noivo do futuro Olo'eyktan ou por simplesmente ter sido útil naqueles anos, simpático e gentil como sempre foi, Neteyam sorria para aqueles que o cumprimentavam pelo caminho.
Sua cabeça naqueles últimos dias começou a doer menos todas as vezes que tentou forçar sua memória. Naquele dia, sentindo o ardor do calor solar contra sua pele, sentia-se energizado e confiante de que algo bom poderia acontecer.
Estava próximo do marui onde sabia ser lar da família de Tonowari quando a voz de Ronal soou alta em seus ouvidos curiosos.
— Por quê insiste? Por quê não simplesmente escolhe outro companheiro. Ele ainda não lembrou de você, é como se ele nunca tivesse sentido algo por você antes, Aonung.
Congelando no lugar, Neteyam soube que aquela conversa era sobre si sem precisar ouvir seu nome ser pronunciado. Ronal questionou mais uma vez o porquê de Aonung insistir nas memórias perdidas de Neteyam e antes que a voz de seu noivo produzisse uma resposta, o Omatikaya se escondeu na lateral do marui, tentado escutar a conversa furtivamente.
— Realmente, ele não sabe quem eu sou — Aonung diz e sua voz parecia baixa e rouca, como se ele estivesse falando contra-gosto — Não lembra das nossas brigas ou dos nossos beijos, mas eu sei quem ele é. Eu o amo e isso não mudou só porque ele perdeu a memória e se for necessário fazê-lo se reapaixonar por mim, eu farei cinquenta vezes.
Sentindo uma bola de saliva formar-se na garganta e os olhos arderem com a invasão de algumas lágrimas, Neteyam sentiu-se culpado. Estava causando problemas para todos ao seu redor e respirando fundo para afugentar as malditas lágrimas, o azulado se afastou do marui, andando em passo largos em direção ao próprio lar. Sabia que a uma hora dessas, seu pai estaria caçando com Tonowari e outros guerreiros, assim como sua mãe estaria ajudando algumas na'vi a rendar algumas cestas.
O que significava que o marui dos Sully estaria possivelmente vazio. Ele queria um momento a sós.
Entretanto, ao entrar no marui como um furacão, foi pego de surpresa por uma Kiri sentada em cócoras terminando de organizar uma pequena bolsa. O som dos pés do mais velho surpreende a mais nova, que levanta os olhos grandes e amarelos em choque, porém notando rapidamente de quem se trata, um sorriso largo se abre no rosto ranzinza da Omatikaya, que não tarda a se levantar.
— Eu queria te propor uma coisa — Kiri diz, mas notando os olhos avermelhados do irmão, que tentou a todo custo segurar suas lágrimas, a garota dá alguns passos para frente e toca o ombro de Neteyam, mudando de assunto — O que aconteceu?
— Nada — ele despista, virando o rosto em direção a pequena bolsa ainda no chão — Onde está indo?
Kiri demora para responder, pois seus olhos estão fixos no rosto bonito e azulado do mais velho como se procurasse uma resposta nas sardas brancas do seu rosto. Num suspiro alto, a Sully aceita a derrota, sabendo que o mais velho não iria falar sobre os fantasmas que o assombram e num aperto leve dado no ombro nu de Neteyam, ela finalmente explica:
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𝐎𝐛𝐥𝐢𝐯𝐢𝐮𝐦 | avatar
Romance"Algumas memórias foram feitas para serem recriadas." Após meses em coma, Neteyam acorda confuso e perdido. Sem lembrar o que havia acontecido consigo ou com sua família, o Omatikaya percebe que não são pequenas lacunas de memórias que lhe foi arran...