Para uma leitura mais imersiva, ouça a música Yes to Heaven de Lana Del Rey.
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Memórias.
Existe mais de um tipo de memória, todas elas com suas especificações e suas complexidades. As mais famosas, como a de curto e longo prazo, são aquelas que se armazenam na nossa mente, de alguma forma selecionadas pelo nosso subconsciente.
Sua maior diferença, como o próprio nome diz, está no tempo em que o armazenamento acontece. A memória de curto prazo se aloja na mente por questão de segundos ou minutos, dedicado a informações diárias como tarefas e compromissos. Já a memória de longo prazo permite que você se lembre de informações antigas, de dias, meses e anos posteriores.
Além dessas, há outros tipos de memórias, como a memória sensorial, a memória verbal e a memória episódica.
Relacionada à visão, tato, olfato, paladar e audição, a memória sensorial é nada mais do que um tipo de memória retida, além de na própria mente, nos sentidos que garantem percepção espacial. O cheiro doce de um alimento, o som esganiçado de uma risada ou o gosto ferroso do sangue na ponta da língua são armazenados na mente e ao longo do próprio corpo.
A memória verbal, sendo ela adquirida ainda na infância - ou não em alguns casos - está associada a repetição da fala e da escrita, ligado ao intelecto linguístico de um indivíduo.
Por último, mas não menos importante, a memória episódica é a lembrança de todos tipos de eventos e experiências de uma vida pessoal, desde os mais importantes até os mais simples. Além do evento em si, o indivíduo seria capaz também de se lembrar de detalhes, como o lugar onde ocorreu e com quem estava.
Neteyam estava frustrado.
Não.
Não podíamos usar mais aquela palavra para dizer o tamanho do sentimento angustiante e avassalador que pressionava o peito de Neteyam desde o início daquela manhã. Era mais que frustração, mais que angústia, mais do que sentimento de fracasso. Era quase um desejo de abortar missão, de desistência que arranhava seu peito com tanta força, que lhe causava marcas na pele azul escura.
No início daquela manhã, assim que o Sol começou a brilhar de forma leve e tímida sobre o recife, Lo'ak e Neteyam foram juntos até a pequena mata da ilha em busca de seus ikrans. Iriam tentar reproduzir algumas memórias antigas e nada melhor do que começar pelo começo, onde toda a história de Neteyam e os Metkayina começou.
Sobrevoaram os mares esverdeados de Pandora por algumas horas até voltarem para Awa'atlu, da mesma forma que sua família fez cinco anos atrás. Nenhum sentimento ou memória foram desbloqueados com a visão da ilha ao longe ou dos recifes abaixo de seus pés. A visão estonteante da vila despertando enquanto o Sol brilhava inflou o peito de Lo'ak sabendo que ali era seu lar, porém Neteyam apenas sentiu-se confuso com os olhares apologéticos em sua direção ao aterrizar na areia macia.
Como da primeira vez, Ronal tentou ser rude com o Omatikaya, Aonung tentou fazer piadas sobre sua cauda fina e Tsireya tentou fingir não estar magoada com a situação, atuando como a garota de treze anos que recepcionou Neteyam cinco anos atrás.
Nada.
Tentaram reproduzir algumas outras memórias simples, falhando miseravelmente, assim como a primeira.
— Está sendo inútil — Neteyam range os dentes, cansado.
Assustados, Lo'ak e Tsireya levantam a cabeça, o encarando com o semblante triste. Aquele não era o Neteyam que conheciam. O poderoso guerreiro Omatkayia, que não desistia, que não se abalava.
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𝐎𝐛𝐥𝐢𝐯𝐢𝐮𝐦 | avatar
Romance"Algumas memórias foram feitas para serem recriadas." Após meses em coma, Neteyam acorda confuso e perdido. Sem lembrar o que havia acontecido consigo ou com sua família, o Omatikaya percebe que não são pequenas lacunas de memórias que lhe foi arran...