Renjun já esperava por aquilo, mas não esperava que iria começar tão cedo. Respirou fundo e assentiu com a cabeça, seu coração batia rapidamente, estava nervoso.
- O que você quer saber? - Jeno sorriu de lado e por um momento, o Huang sentiu medo daquele sorrisinho cínico do outro.
- Não quero te pressionar, Renjun. - Certo, não esperava por aquilo também. - Vamos fazer um acordo? Se não se sentir confortável não precisa falar.
- Era eu quem deveria estar falando isso e não você, Jeno. - O Lee apenas revirou os olhos.
- Mas eu disse primeiro. Então, tudo bem para você?
- Uhum. - Murmurou. - Olha... Quero que saiba que não é obrigado a falar sobre sua vida pessoal, Jeno, é uma escolha sua e eu vou respeitar o seu espaço.
Aquelas palavras eram confortantes para Jeno. Fazia muito tempo que não escutava algo assim e ao menos lembrava quando foi a última vez que havia escutado saindo da boca de alguém.
- Eu estou bem, Renjun.
Seu olhar desceu para o pulso do Huang e olhou para todas as pulseiras que o outro usava, não havia percebido de primeira, mas todas as pulseiras tinham uma frase escrita em dourado, Jeno não conseguia enxergar bem por estarem em um tamanho pequeno. O Lee respirou fundo, não queria guardar o peso de sua crise de alguns dias atrás só para si e Renjun parecia confiável, ao menos era o que achava. O Huang não havia se assustado consigo pelo o jeito de ser, nem mesmo quando avançou sobre o chinês no sábado e Renjun continuava a frequentar seu quarto, sem medo ou receio algum.
- Por que usa tantas pulseiras? - A pergunta veio de surpresa.
Olhou para o Huang e este estava inquieto, percebeu que o outro mordiscava seu lábio inferior e parecia pensar sobre uma resposta para dar a Jeno, o Lee não tinha pressa, afinal, Renjun iria praticamente passar o dia todo consigo e iria respeitar o espaço do outro se não quisesse falar, como dito anteriormente.
- Olha, eu-
- Sabe quando uma mãe desconfia que sua criança tem TDAH? - Jeno franziu o cenho, mas assentiu. - Quando criança, minha mãe percebia que eu tinha dificuldade em certas coisas não só na escola, mas também em casa. Eu me distraia muito fácil e na maioria das vezes não conseguia me concentrar em nada na escola. Teve uma vez que por culpa de uma borboleta eu acabei cortando o dedo. - Mostrou seu indicador.
E realmente, havia uma pequena cicatriz ali. Mal sabia o Huang que o Lee tinha várias e não era só nos próprios dedos.
- Minha mãe já estava desconfiando que poderia ser isso, então, ela me deu essas pulseiras para eu não me esquecer do que fazer. - Passou sua mão por cada uma delas até parar na azul. - A azul foi a primeira que ela me deu. Bom... Sua vez agora.
Então era isso, a mãe do Huang achava que este tinha TDAH e o deu as pulseiras para não esquecer de suas obrigações. Parecia mentira, mas as palavras de Renjun o convenceram.
- E o que a azul significa? - Apontou para a pulseira no pulso do Huang.
- Jeno, sua vez agora. - Riu fraco ao ver o Lee revirar os olhos. - Quando não se sentir cem porcento' bem sobre suas crises e não quiser me contar... Eu digo o que cada uma delas significa. Pode ser que isso te ajude a se sentir mais seguro.
Jeno mesmo contra vontade, assentiu. Renjun havia contado uma coisa particular para si e provavelmente poucas pessoas deveriam saber sobre aquilo, bom... Ninguém sabia nada sobre Jeno e o "seu" passado, apenas seu irmão. O Lee sentia falta de seu irmão, era o único que o entendia e o fazia se sentir seguro e bem, mas foi separado brutalmente do outro e se lembrava de cada detalhe do dia. As vezes, se perguntava se o outro sentia sua falta ou se ainda lembrava de si. Se alguma hora tivesse que escolher alguma coisa, escolheria rever seu irmão.
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dear, renjun.
General FictionOnde Huang Renjun, um chinês de 23 anos, é transferido para trabalhar em um hospital psiquiátrico e seu trabalho seria cuidar psicologicamente de um paciente um tanto pertubado, no caso Lee Jeno, mas na verdade, este só carregava traumas profundos d...