Capítulo XII - Chagas?

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• Amanda •

No momento em que vi Christian se aproximando de mim, tudo passou a rodar em câmera lenta. Foi quase uma experiência extracorpórea qua o senti beijando o canto de minha boca e me olhando com uma cara sacana. Tentei dar um passo para trás, mas Christian me puxa, fazendo com que eu trombe em seu peitoral.

- O que você está fazendo? - tento me desvencilhar, mas ele me segura com força.

- Vamos conversar, Amandex. - Sua voz parece embriagada e seu hálito me faz ter certeza.

- Solta ela! - Larissa me puxa, e a essa altura, todos pararam para assistir aquele show.

Antônio me encarava, com o maxilar preso e suas mãos fechadas, quase brancas de tanto as apertar. Meu corpo travou. Não por medo de Antônio, mas por me sentir invadida pelo comportamento do meu, colega de elenco.

Não consegui entender direito o que aconteceu, mas Antônio quase se teletransportou para o meu lado e em um gesto ameaçador, se posicionou com os braços presos em minha cintura, me puxando para si.

- Você é maluco?! - Ele questionou. - Você não pode fazer isso! - ele tentava parecer calmo, mas seu tom de voz o entregava.

- E você é o que dela? - O loiro debocha. - Para, Sapato! Já falamos sobre isso. - Ele revira os olhos.

- Nunca mais ouse fazer isso, está me ouvindo? - O dedo de Antônio quase encostava na cara dele. Sua voz era calma, mas seus olhos pareciam queimar. - Ou eu vou perder o meu emprego, com gosto. Você me entendeu?

Christian levanta as duas mãos em sinal de rendição e Black o puxa.

Pouco a pouco, a festa vai retornando seu ritmo. Mas Antônio não. Ele permanece ali, em completo silêncio, agarrado em minha cintura.

Seu olhar está distante, vazio.

- Papato? - Fred pergunta, passando a mão em frente aos seus olhos. - Amandex, não é melhor levá-lo pela pra dentro? - Ele me pergunta e eu faço que sim com a cabeça. - Tem um quarto pra vocês, imaginei que talvez fossem precisar. - Ele sorri sacana, piscando pra mim.

- Antônio? Vamos? - eu acaricio seu rosto, falando baixinho perto de seu ouvido.

Ele apenas concorda. Sem me olhar, caminhamos juntos, lado a lado para dentro da casa. Ele está um pouco a minha frente, completamente fora de órbita.

Quando chegamos até a porta do nosso provável quarto, ele abre e me deixa passar, fechando a porta logo que entra no ambiente.

- Você quer conversar? - Pergunto, me sentando na cama, fazendo um gesto para que ele faça o mesmo.

- Não. - Ele é seco.

- Antônio... você sabe que isso não vai nos levar a lugar nenhum, não é? - Tento parecer calma, mas meu estômago embrulha na mesma hora.

- Amanda, como é que vou conseguir ficar longe de você? Como vou saber que um zilhão de caras não vão fazer a mesma coisa? - Ele não me olha. - Eu não consigo lidar! Você... você não teve reação?! - Ele parece incrédulo. - Isso é surreal! - Passa a mão pelos cabelos, exasperado.

- O que você quer dizer com isso, Antônio? - Minha voz não escondia o nervoso que eu sentia. - Fala!

Ele me olha, como se tentasse ler a minha expressão. Seus olhos passeiam por todo o meu corpo e se demoram mais no meu rosto. Seu olhar se ameniza e ele se aproxima.

- Me desculpa, acredito que você tenha me entendido mal. - Suspira. - Eu só quis dizer que me sinto mal por deixar você sozinha. Por saber que, várias coisas podem acontecer e eu não estarei aqui pra ajudá-la, se for preciso. - Seus olhos se enchem de lágrimas. - E eu não sei por quanto tempo isso vai durar, Amanda. - Ele se senta ao meu lado. - Não sei como faremos, não sei se dará certo... - Ele me olha.

- Honestamente? - Ele faz que sim com a cabeça. - Também não sei como faremos.

E ali, naquele momento, nosso conto de fadas, parece começar a desabar.

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Notas da Autora:

Vou soltar mais um capítulo, deem like pra ajudar ❤️

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