Capítulo VI - COMO É QUE É?

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• Amanda •

- COMO É QUE É? - Minha amiga Victoria grita, no meio da padaria.

- Vic, fala baixo! Pelo amor de Deus! - Reviro os olhos, dando um gole no meu café, tentando disfarçar a vergonha.

- Não, Amanda Alice! - Ela fala meu nome como uma mãe, quando briga com seu filho. - Você é inacreditável! Inacreditável! - Ela solta uma risada, claramente tentando não me matar. - Me explica de novo, com calma... porque, honestamente, eu não consigo entender. - Ela bufa, exasperada.

- Tá... - eu reviro os olhos. - Nós nos beijamos e... foi ótimo! Incrível! Algo que eu nunca senti na vida. E aí, depois... eu... - Ela faz sinal pra que eu continue, incrédula. - Depois eu disse que nós não poderíamos e pedi pra que ele fosse embora. - Dou de ombros. - Simples.

- E ele simplesmente foi embora?!

- É... Ele tentou argumentar, mas eu insisti. Precisava ficar sozinha e entender tudo isso.

- Entender o que, Amanda? Que você tem um cara que é gostoso, lindo, que dá a vida por você? Nossa, como é difícil! Realmente! - Ela debocha, se jogando pra trás na cadeira.

Eu a olho e, por um minuto, consigo compreender sua irritação. Eu havia sido muito burra e, mais uma vez, poderia ter estragado minha chance de ser feliz.

- Mas Vic, eu tenho medo! - Choramingo. -  Eu sei que posso ter estragado tudo, mas... Olha pra mim?! - Abaixo a cabeça.

- Mands, você é maravilhosa! - Ela toca na minha mão e me faz um carinho gentil. - Você é foda, Amanda! Olha tudo o que você conquistou! Não existe o menor motivo pra você duvidar de si mesma, nem por um mísero segundo. - Ela sorri e eu retribuo. - Agora pega esse telefone, liga pra ele e vai ser feliz.

Ela empurra o meu celular pra mais perto de mim e eu nego.

- Não... Nós vamos nos encontrar na casa do Fred, mais tarde... prefiro que nossa conversa seja pessoalmente.

- Então, minha amiga... Você precisa estar vestida pra matar! - Ela se levanta e puxa minha mão, me fazendo levantar em um solavanco. - Vem!

* * *

Me olhava no espelho, conferindo os últimos detalhes, quando meu celular vibrou na bancada.

Ao ler o nome do contato, senti meu corpo arrepiar. Como ele podia mexer tanto comigo?

Respiro fundo e dou play no áudio.

- Amanda, me desculpa se passei dos limites. Eu só... eu só queria que, na medida do possível, as coisas entre nós dois... - ele suspira. - Que sejamos pelo menos amigos, então. Te vejo depois!

Eu sorrio. Apenas mando um emoji de coração e bloqueio o celular voltando ao meu reflexo no espelho.

Termino de passar o blush e tiro uma selfie.

Pego as chaves do carro alugado e quando me dou conta, já estou quase chegando

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Pego as chaves do carro alugado e quando me dou conta, já estou quase chegando.

O caminho havia sido tão rápido... talvez porque minha cabeça não me dava paz, ou porque meu coração parecia que sairia pela boca. Ou talvez, pelos dois.

Haviam tantas perguntas que precisavam da resposta dele. Tantas coisas que precisavam ser explicadas minuciosamente, pra que tudo aquilo fizesse algum sentido pra mim...

Estava disposta a jogar às cartas na mesa e, tentar compreender tudo o que estava acontecendo. Quem sabe assim, pudéssemos tentar?

Talvez...

Quando entro na casa de Fred, sou trazida à força pra realidade, quando magneticamente nossos olhos se encontram. Mais uma vez, sinto meu corpo arrepiar e quase implorar pelo toque dele.

Acredito que o mesmo aconteça com ele, porque em dois milésimos de segundos, ele aparece perto de mim.

- Oi. - Ele diz sem jeito. - Você está linda. - Ele sorri largo, me puxando pra um abraço.

- Oi garotinho. - Falo brincando, me aconchegando em seus braços. - Você também!

* * *

Lá pelas tantas horas da tarde, com o sol quase se pondo, me sento em uma das cadeiras perto da piscina. Eu estava com certeza, quase bêbada e muito, muito cansada.

A música era alta, só perdia pros gritos dos nossos amigos e pro barulho da mesa de sinuca, que mais parecia uma guerra.

Minha cabeça não parava de girar. Precisava conversar com ele. Precisava tentar entender... mas não conseguia! Não ali. Não com tanta gente.

Antônio e eu passamos o dia afastados. Ele mais com os meninos, eu mais com as meninas... vira e mexe, nos cruzávamos, trocávamos algumas palavras e tudo parecia quase normal.

Meu corpo queimava com o toque dele e, quanto mais a bebida entrava, mais a vontade de repetir o beijo aparecia.

Nenhum de nossos amigos parecia tentar fingir que não torciam por nós dois, e isso foi pauta de conversa por diversas vezes nas últimas horas. Ele permanecia calado, enquanto eu, soltava o "brodisisti" de sempre.

- Amanda? - A voz rouca aparece atrás de mim e me assusta. - Podemos conversar? - Antônio estende a mão pra mim.

Seus olhos pareciam queimar e sua mandíbula estava mais travada do que o normal.

- Onde?

Mas sou quase carregada por ele, pra dentro da casa.

Ele olha pros lados e nos enfia dentro do lavabo. Eu arqueio a sobrancelha e ele tranca a porta.

- Brodisisti, é? - Ele me encara, sério.

Dou de ombros, tentando parecer no controle.

- É isso o que você acha que somos? Mesmo? - Ele insiste, se aproximando.

Eu faço que sim com a cabeça. Merda! Isso não foi convincente.

- O que fizemos ontem, foi coisa de amigo? - A essa altura, o rosto dele já está quase colado no meu.

Eu nego.

- E se eu fizer isso? - Ele se abaixa, beijando minha orelha e em seguida meu pescoço.

Solto um gemido baixo, e ele ri.

- Antônio...

- Me responde! - Ele ordena. - Ainda somos só amigos, se eu fizer isso? - Ele segura meus cabelos e puxa gentilmente, deixando meu pescoço mais a mostra.

Ele faz um caminho de beijos, descendo e subindo pelo meu pescoço, até parar em meu queixo.

Ele me olha nos olhos, quase que implorando por mim.

- Me beija! - Eu peço.

- Mas não somos amigos? - Ele zomba.

- Me beija, porra! - Eu xingo.

Ele encosta seu corpo no meu e segura minha cintura com força.

Fico presa entra aquele homem gostoso e a parede do banheiro.

Nossa boca parece desesperada, só não mais que minhas mãos, que passeiam sobre seus braços e suas costas.

Caralho! Como ele era gostoso!

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Notas da autora:

Resolvi postar um capítulo maior, como presente de Páscoa!

Mesmo o capítulo anterior não atingindo a meta, resolvi postar antes, porque com a Amandinha possivelmente no paredão, só publicarei o restante depois.

Espero 25 votos e uma Amanda fora do paredão pra continuar. ❤️😂

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