9 MESES • NEYMAR JR

• Capítulo 4

9 MESES

● Realidade

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Janaína saiu do banho e se sentou em sua cama ainda enrolada na toalha. Olhou para o teto e fechou os olhos dando um longo suspiro. Seus olhos jaziam vermelhos de tanto chorar.

Ela ainda não acreditava no que diabos tinha acontecido com ela, para muitas aquilo era realmente ter sorte, mas para Jana aquilo tinha sido a pior coisa da sua vida. Porque logo ela tinha que ter ficado grávida e não uma qualquer na rua? Ela apostava que a clínica tinha milhares de clientes, então porque ela teve esse azar?

Ela odiava o carma. Ele sempre batia na porta para lhe dizer quem manda.

Ela tomou banho e sua limpeza emergiu da cabeça seios e as partes de baixo, ela nem mesmo teve coragem de passar as mãos na barriga. Seu ventre já estava meio duro por causa do feto que estava criando raízes tão rápido ali.

Ela passou as mãos sobre os longos cabelos cacheados e decidiu se levantar para se arrumar para arrumar a casa, era final de semana e em algumas horas seu pai deveria estar chegando de uma viagem que durou duas semanas. Seu Rodolfo atravessou o Brasil levando uma carga de café até algumas fábricas que ficavam no norte do país. Seu expediente de trabalho começaria às duas horas da tarde e até lá ela queria deixar pelo menos o almoço pronto para seu pai.

Deus, como diabos ela iria contar aquilo para o seu pai? Como iria explicar para ele que havia sofrido uma inseminação criminosa por causa de um erro idiota da clínica? Tudo o que soube da médica que fez toda aquela confusão foi que um erro de digitação que a colocou ali. Porém, o modo que a médica falou aquilo deixou bem claro que era mentira.

Não tinha a menor chance de um erro de digitação no documento lhe rendesse um bebê. Isso era tão estranho que Janaína já estava quase surtando de tanto pensar nisso.

Ela respirou fundo e se vestiu rapidamente para arrumar a casa.

Quando terminou de lavar a louça e trocar os forros de cama do quarto do pai, ela notou uma foto dela dentro da cabine do antigo caminhão do pai. Ainda quando moravam em Pernambuco. Na foto ela ainda era uma criança de apenas nove anos e vivia para cima e para baixo com o pai. Rodolfo não confiava em ninguém para deixar a filha enquanto ele trabalhava como caminhoneiro, então ela viveu a maior parte do tempo na estrada junto a ele. Eram sempre os dois, ela não tinha mãe ou avós, sua única presença familiar era seu velho pai rabugento e bruto.

Ele era o melhor pai do mundo. Ele a ensinou a ler. Ensinou tudo que uma criança tinha que saber mesmo ele nem mesmo tivesse terminado o ensino fundamental. Ela não teve uma vida cheia de luxo e ainda não tinha, mas ela agradecia pela criação que recebeu do pai e do amor que ele sempre teve com ela.

Rodolfo foi pai muito cedo. Aos dezessete anos ele já a carregava de um lado para o outro na vila que moravam em Pernambuco. Sua mãe? Ela nunca conheceu ou teve notícias. Quando fez doze anos e teve seu primeiro contato com as crianças da idade dela na escola, foi nesse momento que começou a questionar seu pai pela falta da mãe. Ela via todas suas amigas com suas mães, viam ela indo para festinhas e apresentações dos dias da mães na escola ou até mesmo na igreja e ela não tinha nada daquilo.

Com um tempo aquilo começou a doer bem mais que o esperado. Seu pai fez o impossível e o possível para assegurar de que nunca faltasse nada para ela até ela realmente descobrir o porquê nunca conheceu a mãe.

Ela foi abandonada.

Janaína mal saiu da placenta da genitora e foi abandonada no hospital sozinha, quando seu pai chegou para vê-las ele já se encontrava sozinho e com uma recém nascida para cuidar. Sua mãe simplesmente saiu do quarto de hospital e a abandonou na cama sem nem mesmo dar de mamar e sumiu.