Capítulo 7 - Maria Rita, A Irmã

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O delegado Barbosa chegou à casa de Regina Maria com o seu Mitsubishi em duas horas, mais ou menos. Para isso, além de ter empregado uma boa velocidade, ele trafegou com a sirene e o giroflex ligados. O bom era que Barbosa dirigia muito bem, tinha ótimos reflexos; ele sabia mais do que só apertar o acelerador. Ele sabia dirigir.

Ao parar diante do portão da vila, ele nem chegou a estacionar direito; parou meio torto, mas aquilo não importava na hora. Ele achava que estava bem próximo de encontrar novas pistas do serial killer. Aquilo sim, importava. Saltou do carro e correu para o portão, em direção ao quadro das campainhas. Então, um casal de idosos e quatro crianças que passavam, pararam para admirar aquele carro preto, robusto. Barbosa apreciava aquele carro por outros motivos: por ser seguro e conseguir uma boa velocidade em poucos segundos.

Barbosa tocou a campainha da casa 10. Depois de alguns segundos, uma voz ao interfone o perguntou:

– Quem é?

– Delegado Barbosa, polícia federal. Liguei ainda...

– Ah, sim, estou sabendo. Um momento, por favor...

Depois de um rangido no portão:

– Abriu?

– Abriu.

Barbosa, após entrar, fechou o portão com rapidez, batendo-o com uma força desnecessária. Já entrou olhando para os números das casas. Mesmo com a angústia que tentava dominá-lo, ele reparou que era uma vila de casas simpáticas. As construções tinham um aspecto harmonioso. Todas eram semelhantes na arquitetura e na pintura: as paredes num bege bem claro, e as janelas e portas eram brancas. Nenhum muro as separava. Em lugar de muros havia, em frente a cada casa, um jardim. Cada jardim tinha uma vegetação diferente, com exceção da cerca viva, de Ficus Pumila, que os contornava. Era uma cerca de, no máximo, 80 cm de altura por 40 cm de largura. Cada casa tinha dois andares, com duas varandas na frente, uma na parte inferior e outra na superior A varanda da parte inferior era toda aberta, com piso de ardósia e colunas pintadas de branco nas extremidades, que sustentavam a varanda superior. A varanda superior era contornada por uma mureta com, no máximo, 1m de altura, feita de grades roliças brancas. Ao lado de cada casa havia um espaço que servia como garagem. Cada garagem tinha espaço para dois carros e era aberta, sem parede frontal. Sobre elas havia uma cobertura de telhas francesas pintadas de branco, para refletir o calor emitido pelos raios solares. Outro detalhe interessante, que Barbosa não pôde notar, também estava nos telhados das casas: os painéis fotovoltaicos, utilizados para produzir a maior parte da energia consumida em cada residência.

Voltando aos jardins: uns eram gramados, outros tinham uma forração de plantas rasteiras. Havia arbustos floridos com azáleas ou miosótis, em cores diferentes; havia, também, árvores, tipo flamboyants, acácias, ipês-roxos e ipês-amarelos, entre outras. O perfume das flores tornava o ambiente mais agradável. O cheiro que predominava era o dos jasmins, um cheiro que Barbosa conhecia bem. Ele tinha três daqueles arbustos plantados em sua casa, em Jacarepaguá, na Freguesia – dois com flores, brancas, outro com flores amarelas. Via-se que a construção daquela vila tinha sido bem planejada e que seus atributos davam-lhe uma graciosidade encantadora.

Barbosa não precisou procurar muito. Viu, logo adiante, à porta de uma das casas, no final da vila, uma menina branquinha, de pernas torneadas, vestindo um short jeans sem bainhas. No lugar das bainhas, o já tradicional desfiado (alguns puídos feitos estrategicamente sobre as coxas, ornavam as "pernas" do short). Ela vestia, ainda, um top vermelho e, nos pés, sandálias Havaianas. Apesar de bem jovem, não deixava de ser uma visão encantadora. Atrás dela, uma senhora gordinha, um pouco mais baixa (A menina deveria medir em torno de 1,70 m). Enquanto a menina recebia Barbosa com um sorriso tímido – ou talvez não tão tímido, mas certamente, um sorriso triste –, a senhora exibia um semblante carrancudo. Dedução lógica, feita pelo Barbosa: eram Maria Rita e sua mãe. Dava para notar que elas o esperavam.

MOMENTOS DE SUBMISSÃO - amor, hot, traição, suspense, terror, ação policial.Onde histórias criam vida. Descubra agora