Uma nova vida

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Eu senti o ar escapar dos meus pulmões enquanto eu voei pelo ar e bati contra uma parede de rocha sólida.

Tudo o que eu conseguia ouvir era o zunido nos meus ouvidos enquanto tentava recuperar o fôlego.
Minha cabeça latejava e meu corpo doía em todos os lugares.

Metade do meu crânio estava espalhado sobre minha face. Ossos cranianos se misturavam á massa encefálica e carne dilacerada.

Haviam respingos de sangue em minha camisa tanto quanto no punho do orc que pulou sobre mim para terminar o que havia começado.

Seus socos vieram sobre o meu corpo como marretas sendo usadas pra moer carne. Eu senti cada golpe, senti os ossos dos seus dedos sobre minha pele, senti cada osso do meu corpo se quebrando em vários pedacinhos e a cada golpe os pedaços pareciam se estraçalhar em pedaços menores.

Foi então que perdi minha consciência. Desmaiei, dormir, morri. Não sei.

De repente senti uma sensação estranha, como se a silhueta de um fantasma atravessasse sua mão sobre minhas estranhas, apertasse meus pulmões com força e extraísse de lá a minha alma. Essa pessoa aproximou meu rosto tão perto ao seu que pude ver claramente o seu rosto.

 Essa pessoa aproximou meu rosto tão perto ao seu que pude ver claramente o seu rosto

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Seu rosto era o de uma mulher. Seus eram longos ao ponto de eu não poder achar sua extensão, de um dourado semelhante ao do ouro. Seus olhos minavam uma torrente de lágrimas douradas, no entanto, pareciam estar mortos. Seus olhos eram brancos, vazios, mortos. Como se dele um dia fosse roubada toda a beleza que alí, algum dia, já existiu. No topo da sua cabeça, havia uma coroa de penas eriçadas para cima.

Sua pele branca estava repleta de marcas de amarras e seu corpo estava envolto de grossas correntes douradas que marcavam sua pele como brasa quente.

- "Seu corpo, sua alma, sua existência. Nada disso pertence ao mundo dos mortos que não o reconhece como um merecedor da vida pós mortém" - ela disse.

Sua voz era macia, sedosa, gentil e ao mesmo tempo melancólica, chorosa, arrependida.

- "Esta terra não reconhece seu sangue. Este mundo não aceita sua carne. Quem é você, um viajante de mundos?" - ela perguntou.

Eu não sabia responder. Sabia o quê, mas não se deveria falar.

- Quem é você? - eu perguntei.

- Eu sou Karma Kalamitel, a primeira e a última! A deusa maior, detentora da magia arcana, primeira e mãe de todas as divindades - suas palavras entravam em meus ouvidos e ecoavam em minha alma.

Olhei ao meu redor e me assustei.

Tudo estava paralisado. Sem animais fazendo barulho, o orc imóvel diante de mim, uma flecha mágica vindo na direção da cabeça do orc, a elfa com seus olhos semicerrados, com seu arco em mãos.

Mesmo as folhas que caíam das árvore pareciam estar paradas no tempo.

Tudo estava estagnado.

- Eu sou... - comecei a falar, mas por algum motivo, minha língua se enrolou. As palavras pareciam ter descidos em minha garganta como uma bola de pelos ranhenta e grossa. Dei uma pequena pausa e prossegui - Eu sou um enviado. Um viajante. Não sei ao certo... Sou alguém que veio salvar este mundo e conseguir as partes do seu corpo.

Galatia - Nasce um vilãoOnde histórias criam vida. Descubra agora