⎯⎯❝Porque ninguém nunca me amou como você ama
Eu adoraria me ver do seu ponto de vista
Não conseguia acreditar ou ver com meus
próprios olhos
Sei que sou impaciente, mas agora estou aqui me...
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Xamã
Sai algumas vezes da sala para verificar como estava indo algumas composições no estúdio em que a gente já vem um tempo trabalhando. Depois de ver que estava indo tudo certo, dei uma volta rápida pelo escritório, parando no campo da criatividade e identidade visual para ter certeza que a equipe também estava trabalhando.
Gerenciar e também compor às vezes deixava a minha cabeça girando constantemente com uma longa lista de de mil coisas ao mesmo tempo, mas o meu perfeccionismo e o TOC jogavam a meu favor. Desde da infância é assim, a rígida educação dos meus provavelmente teve muito a ver com isso.
Eu tinha acabado de sentar no meu lugar na sala de reuniões pra continuar resolvendo uns b.o com o Filipe quando caio invade a sala.
- Caramba a PM acabou de trocar tiros aqui perto. Tentativa de roubo de uma lotérica - fala afobado olhando pro celular e eu continuo o encarando me perguntando o que eu tinha haver com isso.
Sempre há algum assalto e troca de tiros no Rio já é normal, Não tenho tempo pra isso.
Rodrigo aparece na sala segundos depois com alguma bebida na mão que ele deve ter tirado do refeitório.
- Qual foi?- Ele pergunta querendo saber sobre o assunto.
- A pm acabou de trocar tiros com uns assaltantes aqui perto - Caio explica de novo
- Ixii, será quem alguém foi baleado?- Filipe disse com uma leve expressão de dor no rosto.
Me levantei decidido a terminar de fazer minhas coisas na minha sala quando ouço o caio dizer o endereço.
- Foi ali na Avenida Rui Barbosa, pertinho do Instituto Fernandes Figueira.- Caio disse pro Rodrigo.
Congelei no lugar, sentindo minhas orelhas se aguçarem e meu coração parar por um segundo ou dois.
Por que eu sei esse endereço?
Girando sobre os calcanhares, voltei a entrar na sala, apoiando os braços no batente da porta.
"Não, hum também tem um Parque comunitário.- meu coração gela - Parque carmem Miranda, Um dos assaltantes tentou atirar no lugar, mas foi levado sob custódia.- completou.
Sinto meu rosto empalidecer, mas recupero a minha compostura rápido.
Esse é o parque onde Manuela levou Ragnar hoje.
Sem me importar, me viro, tirando o telefone do bolso e discando o número dela
-Vamos Atende...- resmungo escutando chamar.
A ligação foi para o correio de voz, fazendo com que eu rediscasse rapidamente, com minha irritação aumentando a cada segundo.
"Merda, Manuela .- Murmuro baixinho entre os dentes enquanto discava o número novamente.
"Iih, O que ela fez agora?" Filipe brincou.
"Aonde aconteceu esse assalto é o parque pra onde ela disse que ia levar o Ragnar hoje e não consigo fazer com que ela atenda a porra do telefone."
A expressão brincalhona do Filipe se transformou em preocupação e todos os homens na sala se sentaram um pouco mais eretos.
-O que fazemos agora? -Rodrigo pergunta imediatamente.
"Tenho certeza de que ela está na praia e não está com o telefone, mas não vou correr nenhum risco. Caio, preciso que você tome conta de tudo até eu voltar."
- Claro!- Concordou com um aceno confiante.
Filipe e Rodrigo decidiram me acompanhar enquanto a gente se dirigia para o meu carro, eu podia sentir meu pulso acelerar como normalmente acontecia quando eu me via em um situação descontrolada , mas rapidamente respirei pra controlar a adrenalina.
Filipe tinha caio em ligação pra que ele pudesse passar informações no caminho.
- Fala todos os detalhes que você tiver - pedi
-"A pm recebeu uma denúncia informando que havia um atirador há uma hora, um único atirador abrindo fogo contra civis no parque comunitário. O único atirador foi desarmado e levado sob custódia, mas ameaçou a polícia com uma bomba em sua bolsa, registros de rádio confirmaram cinco feridos e uma morte há dez minutos"- caio lê a notícia no site
Ele acabou de dizer morte?
"Alguma informação sobre quem morreu? -perguntei recebendo um olhar de lado de Filipe, que sabia exatamente o que eu queria saber.
- Não, nada ainda- caio suspira
Com os nós dos dedos ficando brancos enquanto eu segurava o volante, eu não disse uma única palavra enquanto eu acelerava em direção ao local.
"As chances desse baleado ser a manu são mínimas, Geison - Filipe fala, quebrando o silêncio.
No fundo eu sabia isso, mas minha frequência cardíaca estava começando e ficar fora de controle e eu estava tendo que lutar fisicamente contra meu próprio corpo para manter a calma e o foco.
