A Chegada

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Dia ensolarado de sexta-feira, pouca sombra à vista e a única coisa que sustentava Knuckles naquele sol insuportável era suas botas, calças jeans, camisa de algodão e chapéu de couro. Limpou o suor da testa após terminar de cercar a área onde os animais da fazenda iriam pastar. Amarrou o arame no bloco de madeira recém batido, pegando um alicate e cortando a sobra, finalmente poderia descansar. Pegou as ferramentas, guardou num armário na parte de fora da casa e estendeu a rede em frente da residência, onde tirou suas botas, colocou música em seu celular e cobriu o rosto com o chapéu, tirando um cochilo de alguns minutos até que seu patrão chegasse. Apesar de ser jovem e forte: "Ninguém é de ferro", ele pensava.

Apesar de seu trabalho árduo como caseiro daquela propriedade, sua vida não era ruim, era ótima. Ganhava bem, e ainda podia que administrar a fazenda da maneira que preferisse, podendo trabalhar menos ou mais dependendo da necessidade diária. Hoje o dia tinha sido parcialmente calmo, sem muitas preocupações, passou apenas uma hora alargando o cercado para a chegada da família de seu patrão, família Rose.

Todo final de semana a família saia da capital, e em quatro horas de viagem chegavam até a pequena propriedade, que era mais como um refúgio da vida urbana do que um local de criação de animais. E era exatamente quem havia acabado de chegar quando o equidna vermelho acordava de seu cochilo, o tempo que ele colocava as botas e arrumava a camisa foi o tempo que Roger, um ouriço branco e pai da família, tirasse as malas do carro e Knuckles prontamente já as pegava e as levava para dentro.

– Boa tarde, doutor Roger. – O equidna cumprimentou, mesmo seu patrão não tendo um doutorado, recebia a alcunha por costume e respeito. – Mais malas do que o normal?

– Minha sobrinha veio conosco essa viagem, primeira vez dela aqui. – Disse, cansado de tanto dirigir.

Knuckles silenciosamente desgostou, já que quando havia mais pessoas de visita na fazenda tinha que ir dormir em sua casa na cidade pequena próxima, não era nem vinte minutos de viagem, mas era gasolina que ele poderia não gastar dormindo no quarto de hóspedes. E como era a primeira vez da garota, imaginou uma pequena criança ansiosa para perseguir as coitadas das galinhas.

– Ah, Knuckles! Boa tarde! – Amélia, esposa de Roger, chegava com a filha Amy do lado. As duas ouriças rosas eram tão idênticas que pareciam clones uma da outra, diferenciadas apenas pelos traços da idade na mais velha. – Tudo certo com as meninas? – Ela se referia ás éguas que eram o tesouro da mulher.

– Já comeram e beberam água, doutora. – O caseiro respondeu com o mesmo respeito, colocando a primeira leva de malas na porta, voltando para pegar o resto.

– Então Knuckles, como foi hoje? – Amy, a mais velha do casal, sorriu enquanto o acompanhava para ajudar com as malas, a jovem era estudante de medicina veterinária e via o equidna como um professor e irmão mais velho, pois cresceram juntos naquela fazenda.

– Tudo certo. E você?

– Tudo bem, graças a Deus. – Quando o equidna terminou de levar as malas, se virou para o carro para ver se não tinha esquecido nada e viu alguém saindo.

Uma morcega de pele morena e pelos brancos, com olhos verdes como esmeralda, olhava para a fazenda, encantada com a diferença entre a fazenda e a capital. Foi impossível de não notar o corpo bonito da recém-chegada, por milissegundos se pegou mordendo o lábio, mas acordou para a vida e foi até o carro fechar o porta-malas.

– Boa tarde. – Disse enquanto passou pela mulher, intercalando seu olhar entre o carro e a jovem, ainda atiçando sua curiosidade.

– Knuckles, não é? – Ela pegou o celular e teclou alguma coisa. – Qual a senha do WiFi?

Ninguém é de FerroOnde histórias criam vida. Descubra agora