Alotis morava numa casa simples, em um bairro pobre junto com a sua tia. Ele nunca foi muito de buscar fazer novas amizades, mas era gentil com aqueles que lhe conheciam, e sentia uma facilidade enorme de fazer com que novos conhecidos gostassem de sua presença. Sua tia, Rebecca, também era tida com muito carinho por todos que lhe conheciam, era uma mulher forte e conhecida por sua dedicação em não fugir de nenhum trabalho. Ela acordava sempre às cinco horas da manhã, preparava seu café e almoço e seguia em direção ao emprego numa cidade grande, que ficava a umas 2 horas de sua casa.
Alotis viveu assim por muitos anos. Ele aprendeu a ser independente, não só com os afazeres domésticos, mas também com sua própria defesa e educação, já que não haviam escolas em seu bairro. Ao contrário do que se podia imaginar, ele, aos 16 anos, já dominava todas as áreas que se dispusera a estudar. Tanto as ciências exatas, como os idiomas que lhe faziam brilhar os olhos. Um verdadeiro prodígio. Sua vida era realmente boa apesar das dificuldades, ele aprendeu a lidar com elas e se tornar cada vez mais independente. Era uma forma de aliviar o esforço diário de Rebecca.
Em seu aniversário de 17 anos, sua tia lhe deu um livro que era uma herança da família. Ela mesma não sentia interesse nenhum em lê-lo, mas observando a paixão do sobrinho, tinha certeza de que esse seria o presente perfeito.
Por nunca ter lido, ela nem ao menos sabia seu conteúdo, já que a capa não revelava nada à respeito. Era apenas um grande livro cinza com um desenho que lembrava uma ampulheta.
Alotis recebeu com euforia seu presente e naquela mesma noite, quis devorá-lo o mais rápido possível. A curiosidade de não saber do que se tratava, deixava tudo mais emocionante.
Quando abriu pela primeira vez, se deparou com um outro desenho da mesma ampulheta, mas esse estava muito mais nítido. Além dele, também haviam escrituras em uma língua que ele ainda não conhecia. De fato, não tinha ideia de que língua era aquela, mas desconfiava que era diferente o suficiente para ter grandes chances de ser uma língua morta.
Ao passar as páginas, notou que todas estavam escritas nessa tal língua, mas haviam várias anotações em português, provavelmente feitas por algum parente distante que deteve o livro antes.
- Por que um livro assim estaria em nossa posse? Ou melhor. Por que ele é uma herança da família? - Se questionou o rapaz.
Assim seguiu por alguns dias, que logo viraram semanas e meses, se limitando a entender as anotações. Quando estava perto de seu aniversário, Alotis já havia passado por cada página do livro centenas de vezes. Ele não conseguiu encontrar nada sobre aquela língua na biblioteca da cidade, nem mesmo na internet. Seu desespero e curiosidade era tanto, que foi notado até mesmo pela Srta. Rose, a responsável pelo gerenciamento da biblioteca.
- Rapaz, não pude deixar de notar suas visitas constantes à biblioteca. É lindo ver um jovem como você se interessar pelos livros, mas confesso que estou um pouco preocupada.
- Ah, eu estou causando algum tipo de transtorno? Sinto muito se for isso, estou apenas procurando algumas informações. - Lhe respondeu Alotis com certa inquietação.
- Não, não. Está tudo bem! - A Srta. Rose lhe levou até uma mesa - Sente-se, me explique melhor sobre o que procura.
- Para ser sincero, nem mesmo eu sei muito bem. Minha tia me deu esse livro no ano passado, e, de acordo com ela, é uma herança de família. - Segurando o livro, ela reconhece o desenho na capa e Alotis percebe seu olhar de surpresa.
- Está tudo bem? - Ele pergunta desconfiado.
- Esse livro realmente pertence a sua família?
- Foi o que minha tia disse...
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O Legado de P'hiçá - Livro 1: Lokaci
AdventureAlotis morava numa casa simples, em um bairro pobre junto com a sua tia Rebecca. Ela era uma mulher forte e conhecida por sua dedicação em não fugir de nenhum trabalho. Acordava sempre às cinco horas da manhã, preparava seu café e almoço e seguia em...