- O que aconteceu? – Perguntou Alotis, com o coração disparado. Seus olhos se abriram de repente, mas tudo girava e se embaçava à sua volta, como se estivesse em um sonho do qual não conseguia acordar.
Ele virou a cabeça para o lado e viu Kassidy ali. Onde estava ele? A última coisa que se lembrava era do feitiço da Srta. Rose, mas tantas coisas pareciam desconexas e confusas. Nada tinha sentido.
- Eu não sei direito. Minha mãe trouxe você, mas não explicou o que aconteceu. Só que você desmaiou do nada. Meu deus, achamos que tinha morrido! - Respondeu Kassidy, visivelmente aliviada e emocionada ao vê-lo acordado. Ela o abraçou forte, seu coração disparou ao sentir que os braços de Kassidy o envolveram, trazendo conforto àquela nebulosa sensação de desorientação- Mãe, ele acordou!
- E ela está bem? - Perguntou, preocupado com a saúde e segurança da Srta. Rose após aquele estranho incidente. Temia que algo tivesse dado errado com o feitiço.
- Sim. Seja lá o que tenha acontecido, afetou apenas você.
Nesse momento, Rose chegou até o quarto, parecendo igualmente aliviada. Mas também havia uma nota de irritação em seu olhar.
- Meu jovem, se você desmaiar daquele jeito novamente, eu juro que te deixo lá.
- Mãe! Isso é coisa que se diga? – Exclamou Kassidy, corando de vergonha diante da ameaça pública de Rose.
– Eu estou brincando minha filha, essa história toda me assustou também. Alotis, o que exatamente você sentiu?
- Eu não sei, parece que simplesmente dormi e acordei aqui. Só que foi diferente, eu sabia que estava dormindo, mas pareceu durar apenas alguns segundos.
Ao contar sobre isso para elas, ele mencionou a sensação distinta de que o tempo se dobrou em torno dele de alguma forma. Rose franziu a testa, intrigada, mas reticente em acreditar totalmente, desejosa de saber mais antes de se emocionar. Ele tentou descrever as visões estranhas e cheias de cores que lhe vieram, como se estivesse brevemente recebendo vislumbres do passado ou do futuro. Rose assentiu lentamente, sem jeito, como se estivesse cogitando a possibilidade.
- Hm... Isso tudo está começando a fazer sentido. - Respondeu Rose, cuja voz soou aliviada.
- Como assim mãe?
- Alotis desmaiou no momento em que estávamos conjurando o feitiço de manipulação mental. Apesar de não ter sido perfeito, foi o bastante para eu confirmar se ele possui alguma ligação mágica.
- E eu tenho!? Seus olhos se arregalaram de surpresa e expectativa. Jamais imaginara ter poderes mágicos.
- Sim. Porém, o feitiço não estar completo causou muita interferência, então as informações que eu tinha, não eram muito claras.
- Então você sabe que ele possui conexão mágica, mas não conseguiu descobrir qual é o elemento. – Resumiu Kassidy olhando para ele com curiosidade.
- Exatamente, mas agora eu tenho um palpite. - Respondeu Rose, sua voz revelando algo além de alívio. Havia determinação e confiança.
Kassidy e Alotis viram seus olhares para ela com a mesma ansiedade e curiosidade.
Alotis começava a cogitar a ideia de que poderia utilizar a magia de seu grimório familiar, mas duvidava que possuísse poderes reais.
- O que você está descrevendo sugere que pode ter afinidade com a Magia do Tempo- disse finalmente - Em P'hiçá, chamamos isso de Lokaci, o elemento essencial do tempo.
A boca de Alotis se abriu, tamanha foi a sua surpresa. Ter seu próprio elemento mágico era incrível, mas também intimidante.
- Isso significa que posso controlar o tempo? Alterar o passado ou o futuro? - Perguntou, com sua voz tremendo com a expectativa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Legado de P'hiçá - Livro 1: Lokaci
AdventureAlotis morava numa casa simples, em um bairro pobre junto com a sua tia Rebecca. Ela era uma mulher forte e conhecida por sua dedicação em não fugir de nenhum trabalho. Acordava sempre às cinco horas da manhã, preparava seu café e almoço e seguia em...