1.°

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Alisson iria apenas trabalhar hoje de horas extras. Como que ela poderia recusar? Seu chefe é insuportável, se recusasse o favor, talvez o homem bruto poderia a demitir. Isto seria seu fim perder o emprego e não que ela gostasse, mas era necessário para pagar o terreno e as sobras para sobreviver.

Seus olhos castanhos analisavam os clientes que viam e saiam da cafeteria Loves and Coffees. Alguns ela conhecia, outros não. Caminhoneiros e turistas ali almoçavam e jantavam, outros apenas saboreiam sobremesas e besteiras.

Não poderia reclamar, essa é a fonte de seu salário e também são eles que enchem a pança.

-Alisson - Carolina cantarolou atrás de suas costas.

-Hm - Resmungou, apoiou os cotovelos na bancada da caixa registradora e sustentou sua cabeça com as mãos e pronta para o final de seu dia ficar melhor do que já estava.

-Por quê você ainda está aqui? - Indagou agora ao seu lado.

Virando seu rosto para o lado, encarou a mulher baixinha.

-Senhor Tomas - Ela apenas disse o nome de seu chefe e Carolina fez um rosto de surpresa.

-Nossa... Que azar, ainda bem que não sou você - A engraçadinha debochou.

-Eu super achei engraçado - Alisson levantou-se da postura em que estava, quando ouviu passos vindo em sua direção.

Mais um cliente, não vai acabar? - Pensou.

-Mas olhe pelo lado bom, você ganhará mais ficando aqui até às onze - A mulher de cabelos curtos nem precisou olhar no rosto da outra para saber que existia um sorriso idiota nos lábios.

Ela bufou.

Os segundos passavam-se para virarem-se minutos. O tempo parecia provoca-la e isso estava a deixando estressada.

Olhar para todos sem fazer nada, apenas esperando outro consumidor entrar por aquela porta transparente e vir em sua direção fazer o pedido.

....

-Bom trabalho Alisson - A voz de Tomas fazia sua garganta coçar - Mas você terá que ficar e arrumar está bagunça de lugar, hoje o faxineiro Hosliel pegou licença por conta de um acidente e Carolina foi embora mais cedo - Disse suavemente, como se não fosse nada. Claro, não seria nada para ele, porém para Alisson sim.

-Eu... - Ela não poderia surtar.

-Você? - Uma sobrancelha escura e grossa do homem levantou-se com dúvida. Ele parecia querer a ver irritada.

-Eu tenho escolha? - Perguntou olhando no olhar âmbar do homem, cujo ainda estava com a sobrancelha erguida.

-Bem - Ele estralou os dedos - Não tem, você sabe se não fizer, tenho os papéis para sua suspensão.

Alisson coçou com força sua nuca, sentindo ate arder e parar. Ele a estava ameaçando caso ela não limpasse a cafeteria. Seu coração batia forte e o suor escorria de sua testa.

-Tudo bem - Disse cansada - Posso ir agora? - Tentou ser sutil em sua fala.

Ele abanou com a mão, como se ela fosse uma criança pedindo para ir brincar com os amiguinhos.

Queria gritar com ele e dizer que preferia ser demitida ao ser uma escrava. Mas não fez. Era difícil achar um emprego na cidade em que morava.

Virando-se e indo direto para a porta aberta de seu escritório, seus olhos lacrimejaram de raiva. A vontade de dar um soco no homem era gigante, mas a consciência estava de pé ainda.

Ela virou apenas um pouco a cabeça para poder olhar na direção do chefe, lembrar de seu rosto quando estiver imaginando o sufocando com as mãos, no entanto o que viu, foi assustador. Seus olhos pareciam brilhar, as pupilas estavam totalmente retraídas, ela estaria drogada, ou seria por conta da raiva e estresse deste sábado? Não saberia dizer...

No entanto havia algo diferente também, o olhar de dor e sofrimento que ele a direcionava, até parecia sentir... Arrependimento? Sua cabeça prestou atenção novamente para frente, iria tirar isso da cabeça e criar um mantra de assassinato ao chefe.

....

Passando pelo salão para ir no armazém de produtos de limpeza. Seu corpo completamente congelou quando viu um camundongo gigantesco, um míope iria ver um cachorro, mas não, não era um cachorro.

Ela correu em direção oposta quando viu o rato andar até seus pés. Fugindo desesperadamente pelo salão, a mulher subiu na primeira mesa que entrou em sua frente.

-Sai! - Gritou para o rato como se ele fosse entender o pedido.

O rato continuou no lugar, como se estivesse esperando Alisson descer da mesa para persegui-la.

Ele deve estar com raiva...

Alguns minutos passaram-se e o grande rato já tinha entrado pelos tubos ou paredes, seja lá onde ele enfiou-se e ela não se importava tanto, apenas não queria o ver novamente.

O cio do LycanOnde histórias criam vida. Descubra agora