Reconciliação

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Dedico à: razão e grande inspiração desta obra, minha namorada, companheira, amante e noiva Renata Paulino.

[Renata]

- Renata, sei que está me ouvindo. Fala comigo por favor. - Aquele nó na garganta e o aperto no coração era um aviso de que o meu sentimento por Cristinna não tinha diminuído sequer um por cento. A partir do dia em que resolvi esquecê-la, nem de longe tenho sido a mesma, não saí de casa, evitei conversa com amigos, e só fico trancada no meu quarto ouvindo músicas e me lamentando por tudo ter acabado assim.

Foi muito difícil pra mim assistir o vídeo que uma tal de Elizandra postou no Facebook e a marcou, eram apenas vinte segundos mas já foi o suficiente para vê-la dançar muito feliz com uma rapariga loira com o vestido mostrando o rabo. Aquilo foi o fim. Agora aqui estava ela, me pedindo desculpas e dizendo que não me traiu com aquela quenga.

- Esses dias tem sido um inferno, nãoconsigo deixar de pensar em você, o nosso término foi necessário para eu perceber que você é parte indispensável na minha vida, e que a minha vida é uma merda sem você. Eu não tinha tomado consciência da proporção do amor que sinto por ti, até você me deixar sozinha e não me procurar mais. Meu orgulho sempre foi grande o suficiente para jamais ir atrás de alguem, mas estou aqui suplicando para que acredite em mim, para que me dê um voto de confiança, acredite quando digo que a amo com todas as minhas forças porque é a verdade - Uma pausa dava espaço para seu choro abafado - Eu preciso de você tanto quanto necessito de ar para respirar Renata. Podemos ter nos conhecido por a caso mas não foi por a caso que nos apaixonamos uma pela outra - Suas palavras estraçalhavam as barreiras do meu orgulho, não conseguia conter o choro. E ela continuava a render-me toda - Por você sou capaz de me assumir lésbica para todo o mundo inclusive para minha família que é religiosa, por você largo minha cidade para morar no Nordeste, por você eu faço tudo! só não me peça para te esquecer, porque disso eu não sou capaz. Tentei te achar de todas as maneiras possíveis, e não a encontrei. Jáe stava ficando louca sem falar com você. Eu fui naquela maldita balada GLS , fiquei tri-louca mesmo, me deram LSD, eu me arrependi. Quero fazer tudo diferente, diz que me aceita devolta meu amor. - Vou pensar - Foi a única coisa que respondi. Depois desliguei com a desculpa de que Lílian queria usar o celular e fui correndo para casa, me desmanchar em lágrimas.

Aquela Cristinna insensível e orgulhosa já não existira. Talvez ela não tenha lhes contado como foi o início do nosso namoro, mas foi penoso para mim. Cristinna, nunca se envolvera com uma mulher, não sabia como agir nem como conversar, era estressada e mandona, era a dona da razão e não aceitara argumentos contra seus erros. Me tratava como um cara, quando brigávamos era indiferente, não se importava ou fingia, sei lá. E isso me magoava muito. ' Cris, eu não sou um cara. Não me trate como um. ' sempre dizia a ela. Também era uma garota extremamente reservada, não expressava seus sentimentos, não falava o que pensara. Enfim, não dividia nada comigo. Aos poucos e com muitas ligações ela fora se soltando, falando sobre seu cotidiano, sobre seus lastimáveis relacionamentos, também falei dos meus. Também conheci o casamento conturbado de sua mãe com seu padrasto, o que a fazia sofrer demais.

No fundo era uma boa pessoa, tinha um coração generoso, gostara de ajudar as pessoas, se preocupara com os problemas alheio, mas sempre fora muito cautelosa, ninguém poderia enganá-la, sempre me dissera que eu tinha que ser uma pessoa boa, mas não trouxa a ponto de os outros folgarem.

Ela tinha várias facetas, era como se tivessem vários personagens dentro dela esperando a hora certa para entrar em cena. A Cristinna calma, que me ouve com paciência mesmo contra sua vontade. A Cristinna puta de raiva que grita e diz palavrões. A Cristinna doce. A azeda. A Cristinna fria que responde tudo em monossilába. A quente que só com palavras me faz molhar a calcinha. Quando eu penso que ela está enraivecida, já diz que me ama. E quando penso que está serena, me manda calar a boca e não chamá-la de amor. Essa é a minha Cristinna, a por qual me apaixonei.

Amor & Desejo, Tabu & DistânciaOnde histórias criam vida. Descubra agora