17º capítulo

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Caled encontrou com Karen no telhado do Old city Hall, ela estava de costas olhando para a cidade e sorrindo, antes que ele pudesse se aproximar mais falou;

- Eu sabia que você daria um jeito de me encontrar.

- E eu disse que você deveria ter saído da cidade naquele dia, pelo visto não entendeu.

Ela se voltou para ele sorrindo.

- Mas é claro que eu entendi, assumi um novo nome, uma nova aparência e até uma profissão! Você nem percebeu que eu estava por aqui ainda.

Caled se aproximou rápido e sorrateiro a segurando pela cintura e a puxando contra si.

- Devia ter obedecido.

A voz de Karen falhou ao perceber que ele a tinha nas mãos.

- Você não teria coragem de matar um dos seus!

Ele sorriu e a segurou pelo queixo sussurrando em seu ouvido.

- Acreditou nisso a ponto de querer pagar para ver?

Karen tentou se desvencilhar do abraço dele, mas Caled abriu as imensas asas negras e a prendeu em seu corpo.

- Seu pai te caçaria até o inferno!

Os olhos dele ficaram vermelhos.

- Ótimo, faz tempo que não tiro férias em casa.

Antes que ela pudesse responder ele perfurou suas costas com um único soco e arrancou seu coração, as asas que tinham laminas afiadas a cortaram em pedaços fazendo ela virar pó na noite escura, Caled sabia que aquela morte custaria caro, estava muito longe de comprar uma briga daquelas com o inferno, porém por Alicia ele faria o que fosse necessário, era bom que eles enviassem os melhores soldados, porque ele estava disposto a destruir um por um.

No dia seguinte minha cabeça estava explodindo, abri os olhos com calma sentindo uma dor absurda por todo corpo, e a primeira pessoa que vi foi Sophia, ela estava deitada sobre meu corpo dolorido.

- Sophia, isso dói.

Ela se mexeu calmamente e então seu rosto explodiu em um sorriso, ignorando o que eu tinha acabado de falar ela me abraçou forte, tudo que eu consegui dizer foi.

- Aí...

- Você acordou! Estou tão feliz, Helena vai explodir de felicidade, vou chamar ela e os médicos e todo mundo!

- Calma Sophia calma, antes disso preciso saber como você está e o que aconteceu no jantar.

- Não sei, eu não fui, fiquei aqui com você.

- Mesmo depois do que rolou preferiu ficar aqui comigo?

- Você é minha melhor amiga Alicia e não rolou nada, foi um mal entendido, aliás Caled também esteve aqui.

- Caled? Por quê? Fazendo o que?

- Eu não sei como, mas ele sentiu que não estava bem, foi ele quem pediu para que eu e Helena fossemos até você, estranhamos no inicio, mas como você não atendia o telefone decidimos ouvir o que ele dizia e te encontramos desacordada, depois que você veio para o hospital ele não descansou até te ver bem, conseguiu um especialista para cuidar de você, tal de Rafael, foi depois do tratamento dele que você melhorou, se não fosse Caled ainda estaríamos de mãos amaradas, porque nenhum médico sabia como tratar você.

Eu fiquei em silêncio por um tempo tentando processar toda aquela informação, eu não sabia por que Caled tinha vindo e ficado, mas eu precisava agradecer.

- Tenho que agradecer a ele então, não sei como farei isso, mas preciso fazer.

- Vou chamar Helena e os médicos, vá pensando em uma forma de recompensá-lo depois.

Eu a vi se afastar e fiquei sozinha no quarto ainda sem saber ao certo como tinha vindo parar ali, será que eu tinha tomado muito do remédio e isso tinha me feito mal? Respirei fundo sentindo meus pulmões doerem, era como se um caminhão tivesse passado por mim.

Helena se desculpou tantas vezes por ter brigado e por ter me enviado para aquela psicóloga que eu comecei a me sentir mal.

- Ta tudo bem tia, sério, não precisa disso tudo.

- Você poderia estar morta por minha causa! Já acionei a policia aquela mulher nunca mais irá trabalhar com psicologia!

- Ela disse que aquele remédio não era químico, que era algo natural e que ia apenas me acalmar, o que tinha no frasco?

- Não sabemos, nem os médicos não descobriram, Caled porém parecia saber ele logo soube o que fazer.

- Estranho, e a policia encontrou a psicóloga?

Foi Billy quem respondeu.

- O capitão me ligou mais cedo para dizer que o endereço onde ela atendia estava vazio, eles colocaram um alerta nos aeroportos e pontos de ônibus para pegá-la, porém até agora nada.

- Tomara que ela não machuque mais ninguém, nunca vou entender essas pessoas que fazem maldade gratuita, parece que sentem prazer em fazer mal.

Eu fui melhorando aos poucos, fiquei no hospital até de tardezinha, porém fui liberada para dormir em casa, comemorei, não aguentava mais aquele lugar, na volta minha tia veio animada fazendo mil planos, eu estava em silêncio, como eu iria dizer para ela que minha vontade de ficar não tinha mudado e que eu pretendia voltar para o orfanato?

- Alicia?

- Sim?

- Você está muito calada, o que foi não gostou de nenhuma das ideias?

- Tia eu...

- Não, não fale nada, não quero ouvir que decidiu me deixar, Alicia as coisas vão melhorar, vamos encontrar uma forma de nos entender, mas, por favor, prometa que vai repensar.

Respirei fundo, eu não tinha certeza se aquilo era o melhor, eu estava certa que o melhor era partir, porém não queria mesmo magoá-la.

- Tudo bem, vou pensar.

- Ótimo! Tenho certeza que irá desistir de partir!

Eu, porém não tinha nenhuma certeza sobre isso.

Quando chegamos a casa Sophia e Billy já estavam lá, eles tinham preparado uma festa surpresa na minha ausência.

- Uau! Vocês sabem mesmo como recepcionar!

Agradeci, todos me abraçaram em um abraço coletivo, eu tinha ficado desacordada por um dia e uma noite, porém parecia que todos tinham ficado sabendo pois a casa estava cheia de flores e mimos, até mesmo a diretora tinha enviado flores se desculpando e dizendo que se eu quisesse poderia voltar para a escola assim que me sentisse melhor.

- Viu só Alicia, todos te querem aqui!

Minha tia disse aquilo como se esperasse que isso mudasse alguma coisa, mas eu não estava indo embora por estar me sentindo rejeitada, eu estava indo embora porque eu não sabia mais como lidar com tudo que vinha acontecendo, depois de um tempo eu escapei para o quarto junto de Sophia.

- Helena está fazendo de tudo para que você mude de ideia, você vai mesmo embora?

- Eu prometi a ela que iria pensar melhor, e acredite Sophia vou fazer um esforço sobre isso, porém agora as coisas estão bem, mas e se algo acontecer novamente e mudar tudo de novo? Vamos saber lidar com o conflito?

- Vamos tentar, com uma ajudando a outra, que tal?

Eu sorri e a abracei, Sophia era a pessoa com o coração mais lindo que eu conhecia.

Olhei o sol se ponto da varanda.

- Tenho que falar com ele.

- Com Caled?

- Preciso me desculpar.

- Acho bem difícil Helena concordar com isso, mas se você for rápida, posso inventar que está tomando banho e assim ganhar um tempo caso ela pergunte.

- Faria isso?

Ela deu de ombros.

Eu sorri e agradeci, desci as escadas devagar sem ser vista e saí pela porta dos fundos apressada, juntei as mãos pensando, "você sempre sabe onde eu estou e como estou, prove que isso é real, me ache na ponte".

Alicia e o CondenadoOnde histórias criam vida. Descubra agora