episódio 16 🌾

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Cauã Souza

Após o Junior nos indicar onde gravar a introdução do canal, ensaiamos algumas vezes e várias vezes, e enfim resolvemos deixar a da primeira, onde possivelmente ficou mas natural.

Gravamos o começo na sua sacada, e retornamos ao sofá, onde de fato seria a "trolagem" com o irmão ciumento.

A luz verde da câmera piscava descontrolada, nós informando que já estava gravando.

Manuella parecia nervosa por mas que ela não desmotrasse eu a conhecia suficiente pra saber que as mãos dela estava suando, e que estava desfaçando o nervosismo mexendo no celular, resolvi que agora eu serei o garoto de atitude, ficaríamos centímetros de distância.

Pensando de mas acabei ficando nervoso também.

- da pra vocês larga a porra desses celulares e ir gravar? Tá tarde já - sou pego de surpresa pelo irmão maluco da outra maluca. Onde ele me viu com um celular na mão?

- sim claro senhor paciência - o provoco, ele que aguente essa merda toda.

Depois de alguns segundos o Junior entra na cozinha novamente esperando nos posicionar pra começar o show que ele tanto gosta.

Me viro de ladino, me jogo até a Manuella e percebo ela fisionada na tela do celular, será que ela não ouviu o maluco do irmão dela?

- estava vendo aqui você mascando chiclete - fui pego de surpresa mas uma vez por ela, ela relembra o momento em que fui o príncipe dela no aniversário de quinze dela. Ela sabe atuar melhor que muitas por aí.

- eu não tava mascando chiclete - entro na atuação, somos uma bela dupla.

- Você tava, você tava sim - isso foi atuação ou ela real tá indignada?

Sorrio em percepção, e pra sair do assunto que me assombra me arrasto até ela arrancando o celular de sua mão o jogando no chão levemente sem causa fúria a ela.

Me aproximo dela sentindo perfume da mesma acasalar minha narina. Ela tá cheirosa. Estamos a centímetros um do outro. Meu olhos passeia pelo seu rosto, e não controlo o meu olhar que desce até sua boca. A nossa aproximidade faz com que eu sinta o hálito de ortelã da menina a minha frente.

- Cadê a porra do Junior - ela sussurra em minha direção me causando tortura.

Por mas que eu não queira mas que isso, é impossível não sentir nada. Ela ainda era a Manuella a qual eu convivi por três e anos e mas um pouco. Nao vamos persistir no mesmo erro né?

- eu não faço ideia - a fito com o meu olhar - da pra melhorar na atuação? - sussurro.

- eu merecia um prêmio, cala a boca - ela sorri me fazendo sorrir de volta.

- Cauã, Manuella vamos gravar - ouço a voz de Junior se aproximando de nós - Cadê vocês? - ele adentra no cômodo em que estamos, e leva a mão no peito - QUE ISSO, QUE ISSO - ele começa a atuação.

Melhor que eu e Manuella, só o Junior.

A rafa entra em seguida fazendo o caos na sala.

Pra fazer parte da atuação a tia Andreia, mãe da Manuella entra na sala também, ave Maria, até a tia Andreia? Jesus.

[....]

- por hoje é só? - pergunto assim que Junior encerra a gravação - tenho que ir.

- pensei em gravarmos mas dois, que tal? - ele diz sem pressa alguma, como se fosse o mas normal possível.

Meus olhos decaiam sobre a Manuella, a mesma está furiosa mas não diz nada, nem uma palavra se quer. O que já responde muita coisa.

- então vamos logo, por que eu tô a ponto de desistir disso tudo - me revolto.

- tarde de mas garanhão - Junior diz.

- é o que você acha — digo.

— bom, se vamos gravar mas, temos que cuidar não é? — Manuella enfim diz alguma coisa.

O que ela não tinha era medo do irmão, isso era nítido, eu gostava dessa atitude dela, ela não demonstra fraqueza em nenhum momento.

— que tal revermos o vídeo fake do pedido de namoro de vocês pequenos?

— eu tinha quinze anos, eu não era tão pequeno assim — me revolto.

— eram crianças do mesmo jeito — Junior continua — Vamos Manuella?

— por mim tudo bem — ela força um sorriso extravagante.

Acento em suposição positiva, se ela aceita algo quem sou eu pra não aceitar?

Merda. Merda. Eu odeio esse vídeo com todas as minhas forças. Foi a minha maior vergonha da adolescência, me humilhei de graça. Merda.

"Bora fechar"? "Bora namorar?"

Manuella gargalhava enquanto o vídeo passava na grande tela da sua TV, eu já estava vermelho por ter aguentado tanto esse vídeo.

Eu juro que se tivesse um buraco imenso no chão eu me enfiava dentro sem pensar duas vezes.

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