"Ana Julia"

Capítulo 4

Ana

O Leo nos levou até a casa do Rodrigo, onde ia ter a festa, e assim que chegamos vi uma placa em cima da porta com os dizeres:

"Quanto a mim, bom é estar junto a Deus... - Salmo 73:28".

Olhei pra Julia e ela estava olhando para placa sorrindo. Já havia um bom tempo que esse salmo era o status do Whatsapp dela.

- Gostei desse lugar- ela disse sorrindo.

Estava muito divertido, pedimos pizza, cantamos muito, e até tocaram " Anna Julia" especialmente para Julia e eu. Nós eramos as únicas calouras dali mas todos eram tão simpáticos e que nem ligaram pra isso. Em um certo momento Julia pediu para eu ir com ela buscar mais refrigerante pois ela não queria andar pela casa dos outros sozinha.

Assim que entramos na cozinha encontramos dois garotos que não tínhamos visto antes, um deles foi logo se apresentando:

- Oi! Vejo que vocês também devem ser calouras como nós, eu sou o Luan e esse é o Felipe.- o rapaz de cabelo cacheados falou.

Nós sorrimos e a Julia falou:

- Sim! Somos calouras, essa é Ana e eu sou a Julia.

- Ahh, deve ser por isso que quando a gente chegou estava tocando "Anna Julia", Luan.- falou o rapaz de olhos verdes, o Felipe, sorrindo.

-É verdade, deve ser por isso.- Falou Luan como se tivesse descoberto a cura pro câncer- E que curso vocês fazem meninas?

- Eu faço Engenharia Química e a Ana Engenharia Ambiental. E vocês?- respondeu Julia.

- Nós fazemos biomedicina- respondeu Felipe sorrindo.

Passamos o resto da noite conversando com os dois, eles pareciam rapazes legais, mas a cada vez que o Luan sorria pra mim o meu coração parecia dar um pulo.

O Leo entrou na conversa e parecia meio tenso, depois de um tempo ele disse:

- Ei daqui a pouco eu vou embora, em 10 minutos estejam prontas.

- Se quiser a gente pode levar elas, nosso carro está perto da esquina- Falou Luan.

- Pode deixar, eu trouxe eu levo- respondeu Leo meio enraivado.

- Porquê vocês não perguntam à elas em vez de ficar discutindo - disse Felipe.

Os três viraram em nossa direção e eu falei:

- Obrigada meninos, mas tanto faz.

Eu sentir Leo ficar tenso, e foi quando a Julia disse:

- Obrigada meninos, mas a gente vai com o Leo, como ele mesmo disse ele nos trouxe o certo é que ele nos leve. Então Leo, vamos?

-Vamos! Eu vou pegar minha carteira, me esperem lá na frente- O Leo disse sorrindo relaxado.

O Leo saiu sem nem se despedir do Luan e do Felipe.

- Será que ele pensou que a gente ia sequestrar vocês?- Felipe disse rindo.

- Acho que não, ele só ficou preocupado- falei.

- Então ... tchau Luan , tchau Felipe, até outro dia. - a Julia falou.

Nesse momento eles se aproximaram da gente e nos abraçaram, primeiro o Luan e eu , Julia e Felipe e depois eles mudaram de lugar.

Rimos, eles eram tão fofos, e fomos embora.

*No carro...*

- Então Leo, quer explicar o que foi aquilo? - Julia perguntou do nada.

-Ahhh ... aquilo?!... Foi mal... mas vocês nem conhecem eles... e eu não conheço eles. Vocês são legais e eu não sei a intenção deles, até onde eu sei vocês conheceram eles hoje e sei-lá... Eles podem ser tarados, psicopatas, maníacos, sequestradores, mafiosos, trabalharem para o mercado negro de órgãos!- ele arregalou os olhos para mostrar o quanto aquilo era sério, a Julia e eu não aguentamos e caímos nas gargalhadas.

Agradecemos pela preocupação dele, mas pedimos para ele não exagerar.

O Leo parou em um mercadinho 24hrs e foi comprar alguma coisa, a Julia aproveitou e comprou um pote de sorvete.

Quando chegamos em casa não conseguir dormir então resolvi ver se a Julia ainda estava acordada.

- Ju...? - nada de resposta- Julia, você tá acordada?- sussurrei.

- Sim, você também não consegue dormir né?- ela finalmente respondeu.

- Isso, acho que o dia foi muito cheio, muita coisa pra pensar. E ... bem... o Luan não me sai da cabeça!- pronto falei.

A Julia riu, e por um momento pensei que ela estava rindo de mim, até que ela falou:

- Incrível, nossa telepatia ainda funciona - ela riu- o Felipe também faz isso comigo, aquele abraço, ele tinha cheiro de bala de cereja você percebeu?! - minha amiga suspirou, era a minha vez de rir.

- Cheiro de bala é?! - rir em pensar que ela tinha reparado uma coisa dessa- Lembra que quando a gente tinha 16 anos?! Um dia a gente ficou conversando como seria bom se a gente encontrasse a "tampa do nosso pote", " o interruptor do nosso coração " ao mesmo tempo?

- Claro, quem poderia esquecer do " buraco da nossa tomada''

- Ei! Você que começou com esse negócio de interruptor!

- Mas eu entendi o que você quer dizer...- Julia disse.

-Será que eles podem ser os nossos 'caras'?- perguntei.

- Eu não sei, mas em uma coisa a gente tem que concordar, eles são lindos!

Eu ri.

- E não esquece que são fofos... - falei.

-Futuros Biomédicos, nome lindo né?! -Julia brincou.

Tomamos quase o pote todo de sorvete conversando sobre o Luan e o Felipe, teve um momento que eu comecei a construir uma história pra Julia e Felipe , casando, tendo filhos... Nós rimos muito e a Julia também inventou uma história para mim e para o Luan.

Quando meu alarme tocou a Julia já estava acordada. Tomei banho e entrei na cozinha, onde ela estava fazendo café.

- Quem é mesmo a Bela Adormecida? - ela brincou.

Eu ri e fiz cara de nojo para o café dela.

- Como você bebe isso? É tão amargo!

- Não é amargo! Você que bebeu um amargo e traumatizou. Nem parece brasileira! Você sabe que somos um dos maiores exportadores de café...- ela brincou, hoje minha amiga estava de bom humor.

- Falou a patriota! Você mesma disse que é brasileira mas com coração francês/espanhol, o que nem faz sentido! -falei.

Julia riu.

- Mas, meu café é bom Ana! Um dia você vai experimentar e se arrepender por um dia ter rejeitado- ela falou.

- OK ok! Agora vamos para escola- eu disse.

- Escola? - ela riu- acho que não viu!

- Você vai pra lá estudar, então é escola! Ahh deixa de coisa, não me acostumei ainda- falei.

- Certo, então vamos pra ''escola''!