Capítulo 17

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Julia

- Julia, eu não quero saber, você diz que vai e nunca aparece, como posso confiar em você?!

- Se eu estou dizendo que vou, é porque vou.

- Você disse isso na semana passada, na retrasada, você diz isso a um mês!

- Ah Ana... Que saco, eu não preciso ir para uma psicóloga, olha como eu estou bem, vê?!- eu sorriu para ela e faço um "legal" com o polegar.

- Olha, Ju... Você não fala com ninguém, isso não é bom.

- Como não?! Eu estou falando com você!

- Espertinha, você só fala comigo porque eu meio que te obrigo, e sempre fala coisas curtas, que resolvam o problema logo para poder ficar na sua.

- Mas eu sempre cumpro.

- Cumpre nada!

- Cumpro sim.

- Então ok, nessa sexta você tem um encontro com a doutora Priscilla, vou pedir para o Leo te levar porque eu tenho que acabar um relatório, mas você nem tente fugir.

- Eu não tentarei, mesmo isso sendo desnecessário.- peguei minha garrafa de água e coloquei na minha mochila.

- Para onde você vai?

- Para aula, alguém aqui tem mais o que fazer além de ir para a "doutora Priscilla"- fiz referência a voz que se usa quando falamos com bebês.

- Não fale assim dela. E você só tem aula às quinze horas.

- E o que tem de errado nisso?

- Olhe o relógio! São treze horas.

- Não gosto de chegar atrasada, beijo, tchau. - fechei a porta antes que ela pudesse falar alguma coisa.
A Ana tem razão, eu não ando muito das conversas, mas é algo tão sem graça, pra quê eu vou ficar conversando futilezas quando posso estar desenhando?! Não que eu esteja querendo mudar de área, e afinal eu só desenho uma coisa, ou melhor, eu só desenho uma pessoa.

Já que não tem graça conversar e ficar fazendo amizades por aí eu acabei encontrando lugares bem legais por aqui, tipo esse canto embaixo de uma árvore na universidade, ninguém nunca vem aqui, e é lindo e tão calmo, o melhor lugar para desenhar e ficar fazendo nada.

-

Eu estava deitada embaixo da árvore quando escutei uma movimentação do meu lado, peguei minha garrafa de água e me levantei pronta para atacar.

- Opa! Calma aí!- o rapaz falou rindo, eu já o tinha visto antes mas não lembrava onde.

- O que está fazendo aqui?

- Bom... Eu vi que você estava aqui e vim dar um oi.

- Oi! - sorri falsamente- Agora já pode ir.

- Quanta educação, não lembra de mim?

- Eu deveria lembrar?- eu realmente tentei mas não conseguia, ele era familiar mas não conseguia lembrar.

"Ana Julia"Onde histórias criam vida. Descubra agora