O Grito

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No frio da escuridão que se expandia ao infinito, encontrava-se uma garota parada, confusa; seus olhos percorriam todos os lados, se é que aquele lugar tivesse algum lado, mas só encontrava o escuro, gélido e cruel. Fora dormir cedo naquela noite, pois passara por um dia totalmente estressante na faculdade. Estava prestes a enlouquecer, claro, se já não estivesse. Agora se encontrava ali, parada, com os olhos em alerta, um sinal de interrogação estampado em seu rosto.

O som de pingos de chuva caindo sobre o chão era ensurdecedor, no entanto, o que Violeta não entendia é de onde aquele barulho vinha, já que nenhuma gota de água a acertava, era inexistente. Assustada, correu para o breu a sua frente, porém nada adiantava, pois parecia que nunca saía do lugar; era como se o chão a puxasse de volta para a posição inicial. Suas pupilas não se acostumaram ao escuro, era como se estivesse de olhos fechados. Piscou diversas vezes, mas nada conseguia ver a não ser a insistente escuridão que a abraçava.

De repente um barulho alto e estridente reverberou do alto, Violeta ergueu a cabeça, mas nada se formou diante de seus olhos, só mais escuridão infinita. O estrondo se vez outra vez. Então Violeta se forçou a prestar atenção, mesmo amedrontada. Um grito soou, era um voz feminina! Os pelos de sua nuca arrepiaram-se. Era uma voz histérica, violenta. Violeta se atentou ao som ainda mais, as palavras ditas pela mulher eram conhecidas, eram xingamentos. À voz agora era familiar, então o medo de repente deixou seu corpo e misturou-se a escuridão ao seu redor. E quando à voz estridentemente começou a falar uma frase conhecida "você é quem na fila do pão?"

Violeta se recordou, ela conhecia aquela mulher, não pessoalmente, mas a conhecia.

Em reconhecimento, Violeta tomou coragem; então elas gritaram em uníssono terminando a frase:

- Eu respondo. Ninguém! Ninguém!

E como em um passe de mágica, acordou em sua cama, o travesseiro molhado de suor e os fones de ouvido quase a enforcando. Violeta se levantou rapidamente, o brilho do celular sendo a única fonte de iluminação em seu quarto. Então ela viu, a mulher gritando era nada menos que Tulla Luana, a Web Diva gritando histérica em mais um de seus vídeos. De repente tudo fez sentido. Antes dormir, colocara um vídeo de asmr, como sempre fazia, mas o que não esperava é que iria parar em um dos vídeos desequilibrados da mulher junto a uma paralisia do sono.


Meus estranhos contosOnde histórias criam vida. Descubra agora