1 - O Despertar

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O garoto acordou de repente, de um sonho do qual não lhe agradava lembrar. Olhou pela janela, notou que ainda chovia. Ela começará ao meio-dia e ainda não havia parado ate então. Ele sentou na cama e começou a olhar os fios de água que escorriam pelo vidro. Sentia-se mais calmo. O barulho da chuva batendo no telhado da casa e o som do vento nas árvores eram musica para ele. Perdia-se em pensamentos, imaginava como seria voltar as aulas agora, depois do incidente que ocorreu à alguns meses, pensava em seus melhores amigos, Sarah e Nathan, e em montes de outras coisas. Ele suspirou longamente e voltou a se deitar, olhou para o teto, era decorado com pôsteres de alistamento no exercito, fez uma careta para eles. Os odiava. Deitou-se de lado e encarou o relógio, marcava uma e vinte e cinco da manha, sabia que deveria dormir, fechou os olhos e após uma longa tentativa, e com longa quero dizer cerca de uma hora, finalmente dormiu em um sono sem sonhos enquanto a chuva parava de cair.

Com os olhos entreabertos, por causa da luz do sol que entrava pela janela e os gritos abafados de sua avó que cortavam o silencio do quarto como faca, o acordaram e percebeu o óbvio, já havia amanhecido e era hora de acordar.

- John, acorde logo! Vai se atrasar para a aula - A mulher corria alucinada pela cozinha, havia acordado atrasada e se apressava com o café da manhã, não teve tempo nem de se arrumar direito, estava com os cabelos brancos soltos e desgrenhados. John não queria levantar, cobriu-se ate a cabeça e, tentando ignorar os berros, quase voltou a dormir.

- Levante logo! Seu avô já vai voltar da corrida matinal dele! - O rapaz arregalou os olhos na hora, tinha medo da forma "carinhosa" que foi acordado pelo seu avô uma vez. John sentou na cama por alguns minutos, parecia estar tomando alguma decisão. Olhos para a porta do quarto aberta, suspirou e levantou da cama e espreguiçou-se preguiçosamente. Caminhou pelo corredor da casa, o corredor não era longo ou curto, as paredes repletas de fotos com duas portas em cada lado e uma no fim do corredor, era a "Porta Solitária" como a chamava, essa levava ao sótão da casa, o rapaz nunca foi até lá, nem quando criança, a sua avó o proibirá de subir aquelas escadas, dizia que era alérgico a mofo e havia muito lá em cima.

- Não tem nada divertido lá em cima, só algumas coisas velhas de guerra do seu avô.

"O que tem lá em cima? Por que tanto mistério por causa de um simples sótão?" Se perguntava sempre que ouvia a resposta da avó.

- Ainda algum dia, vou entrar ai! - Continuou a admirar a porta, levou a mão até a maçaneta como se quisesse abrir a porta, segurou por alguns segundos, mas a soltou depressa, deu um giro no próprio eixo e se dirigiu até a segunda porta da esquerda, que levava ate o banheiro e começou a sua rotina de estudante com um bom banho quente para ir para a escola.

Os minutos passavam, o vento batia na janela e os gatos na janela faziam a sua apresentação na janela da frente da casa, que era iluminada pela luz fraca da lua cheia. Os miados, agudos e graves, baixos e altos, se completavam como mágica. A mulher levantou da cama feita de palha, a casa era velha e deteriorada, com pedaços caindo por todos os lados. Ela caminhava pelos destroços e detritos da casa com calma e ritmo, como se dançasse ao som da musica dos gatos. Se dirigia ate a janela onde os gatos estavam, ao sentir a aproximação da mulher os gatos pararam e começaram a encara-la. Estava vestindo trapos e andava devagar, como se estivesse cansada e sem forças, os cabelos negros e encaracolados, estavam um pouco abaixo dos ombros e davam um ar juvenil para ela.

- Não parem meus queridos, sua canção me agrada. - Disse ela esticando a mão para acariciar o primeiro dos gatos - Não tenham medo só porque eu cheguei para aprecia-los ... - Foi interrompida por um estrondo vindo da lareira da sala, o barulho e a tremedeira da casa fez os gatos correrem de medo.

- Dur chi! Keri opurum drasti! - A voz vinha das cinzas da lareira, tomava toda a casa que estava escura e não havia nenhuma luz nas redondezas. As brasa se ascenderam sozinhas e de lá surgiu um homem de preto com o rosto coberto por um capuz, que escondia seu rosto por completo.

- Não é preciso gritar seu imbecil! Eu estou de pé a algum tempo. O que quer? - Disse a mulher com raiva, afinal o homem havia terminado com a alegria dos gatos e a perturbara as altas horas.

- Per tru, dostro crisio perbeli mortorio!

- Para de falar nessa língua em minha casa criatura vil! - Disse se dirigindo ate a sala, para estar cara a cara com o homem.

- Pois bem, - Disse o homem caminhando lentamente pelo aposento - Mas, acho que isso não é uma casa, bem, não mais. - Disse passando a ponta dos dedos na mesa que estava quebrada pela metade próxima á lareira. Estava cheia de pó, esfregou os dedos e o pó caiu no chão rapidamente.

- O que você entende sobre casas Morllum, O Destruidor de Dimensões? - Ela apontou o dedo para ele. A surpresa não deixou de afetar Morllum, que retirou o capuz e olhava fixamente nos olhos da mulher, o rosto magro e castigado pelo tempo era a única visão que a mulher tinha na luz da lua que entrava pela pequena janela não muito a cima da parede atrás deles.

- Não se engane, posso estar velho, mais ainda sou o ser mais poderoso de todos as dimensões, desde os Reinos Élficos ate o condado de Brave Scale, por isso não pronuncie meu nome em vão. Mas não é para esse tipo de besteira que venho a seu encontro bruxa, mas sim para falar-lhe que chegou a hora! - Com um estalo dos dedos ossudos uma lu negra tomou conta do corpo da mulher. Ela sentia suas forças renovadas e os trapos que vestia se tornaram roupas de uma verdadeira bruxa.

- Você realmente sabe como chamar uma garota para sair! - Disse a mulher passando as mãos pelo corpo, por todo ele. Apreciando as roupas e o retorno de forças - Mas essa roupa esta muito... Digamos... Muito preta. - Disse admirando sua nova vestimenta, dada por seu mestre sombrio. O silêncio caiu sobre o aposento, nenhum dos dois pronunciara nenhuma palavra. O som do bater na porta fez o silêncio desaparecer por completo.

- Creio que ele já tenha chegado - Morllum olhou para o caminho que levava ate a porta - Vá recebe-lo minha cara. - Virou repentinamente para a bruxa, que estava surpresa com a visita de mais alguém ate seu exílio a tempos esquecido. Ao abrir a porta viu um homem que ornava vestes de um caçador, ele tinha o olhar serio e frio, tinha os cabelos escondidos por um elmo feito de pele de algum monstro esquecido dos tempos antigos. Ele a encarou, o olhar dela dava medo na bruxa, o único movimento que fez foi para que ele entrasse. Ele caminhou como se já conhecesse o local e se dirigiu ate a sala, a bruxa ficou congelada como se o medo a tivesse paralisado por completo, mas apos alguns segundos saiu de seu transe e foi com passos ligeiros ate o comodo, Morllum conversava com o recém chegado como se ja se conhecessem a tempos. O olhar dirigido por Morllum para a bruxa a fez se aproximar e participar do que quer que seja o plano do Mago Sombrio para seu retorno ao mundo magico.

O RenegadoOnde histórias criam vida. Descubra agora