2 - Todo caminho, é um caminho

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        Jonh estava descendo as escadas, indo em direção ate a cozinha, parando nos últimos degraus, escutou sua avó falar com alguém no telefone.

- Tem certeza disso Al Shi? Morllum realmente voltou? – Jonh sentiu uma certa tremedeira na voz da mulher, como se estivesse com medo de algo e estava curioso para saber quem era Morllum, nunca conheceu um amigo dos avós.        - Não venha para cá agora, Vamos nos encontrar em algum lugar... Certo, estaremos lá. – Com o som do telefone se chocar com o gancho, Jonh subiu alguns degraus para disfarçar que ouviu algo.

- Jonh, já esta descendo?

- Sim, dona Lilian! Já estou descendo! Não se preocupe, seu bom neto vai ser um bom estudante do ensino médio.

- Claro, claro, desça rápido e tome o café para ir pra a escola.

Ele não evitou de estar preocupado de como a avó estava no telefone, parecia preocupada com algo importante, mas não tocou no assunto. Seu avô  já estava a mesa lendo o jornal. Sempre lia as notícias do mundo e de como estava a economia atual. Não entendia de economia, mas achava que haviam mensagens escondidas nas entrelinhas. O senhor que beirava os sessenta e poucos anos era despreocupado com o que acontecia nas redondezas de sua vizinhança, sempre vestia o típico casaco de lã xadrez com sua calça dos bons tempos de exército com as botas de couro e se sentava em sua cadeira de balanço na varanda e via o movimento dos carros e das pessoas.

- Você demora demais para acordar, sabia disso? - Disse o velho sem abaixar o jornal - Se estivesse no exercito já teriam jogado baldes de água fria em você.

- Sim vovô, já sei disso! É só que eu tive um sonho estranho ontem a noite e não consegui dormir direito. - Disse se dirigindo ate a cafeteira.

- Que tipo de sonho estranho? Pesadelo? - Perguntou Lilian sentada ao lado do marido. Estava lendo a revista Starship Kings and Queens. Vestia um vestido de flores rosa claro com sapatilhas rasteiras. Parecia que iria ate a cidade.

- Deixe o rapaz Lilian, ele tem que aprender a lidar com o medo.

- Ora, Brigs, ele deve falar sobre isso, sabe como a mãe falava ... - Um silêncio de funeral caiu sobre os três, as paginas do jornal e da revista pararam de virar, Jonh, que havia se encostado no armário, agora encarava o liquido dentro da caneca. Não havia conhecido os pais e a apensa à alguns meses descobriu que estavam mortos desde de que era um bebê.

- Minha mãe, ela tinhas sonhos estranhos? - Disse o rapaz cortando o silêncio.

- Ora, deixe de bobagem, ela teve pesadelos como toda criança. E ande logo garoto vai acabar se atrasando para a escola. - Disse o avô, e o rapaz tomou rapidamente o café e correu ate o quarto para buscar a mochila. Enquanto subia ouviu a campainha tocar. Lilian andou em passos largos ate a porta.

- Olá, senhora Blaze! Tudo bem? - A garota na porta abriu um sorriso alegre, vestia uma jaqueta de couro com alguma camisa de banda, a calça era um jeans preto e tinha botas de cano curto nos pés, os cabelos eram grandes e encaracolados e passava dos ombros. E Lilian a conhecia e abriu um sorriso ao vê-la.

- Sarah, a quanto tempo querida. Tudo maravilhosamente bem como sempre. Jonh não demora para descer. Onde estão meus modos, venha entre. - Sarah entrou e foi conduzida ate a sala de estar, sentou em um sofá verde, que dava para um quadro. Ela, sempre que ia ate a casa de Jonh, notava todos os mínimos detalhes da casa, as taças de cristais que ficavam guardadas em um armário no canto esquerdo do cômodo, a mesa de centro feita de carvalho e a falta de um televisão na sala. Nunca quis saber o motivo, Lilian sentou ao seu lado e começou a ter uma conversa alegre sobre a nova escola. Os passos pesados e o cantarolar do rapaz tomaram conta da sala.

- Quem era dona Lilian? Vendedor de porta em porta? - Disse entrando na sala.

- Não bobalhão, é a sua unica amiga entre as meninas. - Sarah lhe lançou o "olhar fulminante" e o encarava nos olhos, que pareciam de âmbar.

- Ta, entendi para de me olhar assim, da medo. Vamos logo antes que o velho Henris feche o portão da escola. - Jonh já se direcionava para a porta.

- Certo vamos, - Sarah se levantou do sofá e caminhava em direção a porta - chau senhora Blaze. Ate mais tarde. - Disse lançando mais um sorriso para Lilian, que retribuiu o sorriso da garota.

- Que uma estrela brilhe em nosso próximo encontro, minha querida.

- Rápido, vamos nos atrasar garota.

- Para de me apressar Jonh, já estou indo!

O som das vozes dos jovens foi diminuindo e o som da porta batendo foi o sinal que eles já estavam indo. Lilian se levantou do sofá e foi ate a cozinha, onde Brigs ainda tomava seu café e lia seu jornal.

- Aquela jovem, Sarah, tem algum problema que não quer falar. - Disse Lilian olhando pela janela da cozinha.

- Porquê, acha isso? Ela lhe disse algo? - Brigs abaixará o jornal para olhar para a esposa, ela parecia preocupada.

- Não, mas eu senti algo em sua aura,a como se estivesse triste com algo.

- Seu dom... Ele ainda funciona como antes? - O velho se levantou e ficou ao lado da esposa, e também se pôs a olhar os jovens se afastarem.

- Não como antes, mas ainda tenho alguma magia no corpo. Vamos, temos que nos encontrar com Al Shi no aeroporto. - Disse se virando e caminhando calmamente ate a porta.

- Sim querida, vamos encontrar aquela velha raposa.

O RenegadoOnde histórias criam vida. Descubra agora