3 - Mudanças

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Lillian e Brigs estavam à alguns quilômetros do aeroporto, quando o som de uma mensagem que acabara de chegar cortou o silencio dos ocupantes do carro. Lilian que estava no banco a direta do motorista olhou a mensagem.

- É do Al Shi! - Brigs já imaginava- Ele quer mudar o local do encontro.

- E pra onde agora? - Disse o velho diminuindo a velocidade e revirando os olhos.

- Ele disse, que Morllum pode rastrear a energia mágica que  eu e ele liberamos, devemos ir para um local onde estejamos protegidos! - A parada brusca fez os pneus do carro cantarem, Brigs agora encarava Lilian.

- Nem pensar que eu volto para aquele lugar infernal! - Disse com a voz quase falhada.

- Sabe o que aconteceria se Morllum nos encontra-se? Temos que ir pra lá e vamos agora! - Brigs pôs o carro pra a direção certa, fez duas voltas na estrada principal e pegou uma saída, não negava nada para a esposa, já que, ela era uma maga. O local de onde falavam era a sede da Federação dos Magos. O local era um castelo abandonado em tempos imemoráveis da historia dos homens, ele era protegido pela barreira mágica de Dezix, o maior dos magos que já existiram. O castelo era completo por duas torres de vigia, um fosso que dava para a queda do universo e todo tipo de defesas mágicas já existentes. Durante a Guerra Mágica do ano 63, o castelo se tornou a fortaleza que todas as criaturas mágicas e não mágicas   procuravam e durante a dominação de Bazuram, o Rei  Demônio, a fortaleza foi dominada pelas hordas de demônios e criaturas das trevas e os magos e sua fortaleza foram banidos para a fenda de Órion e com eles todos os segredos que residiam em suas catacumbas.

Lilian e o marido chegaram na metade da manhã, tiveram de atravessar uma barreira de camuflagem que escondia tanto a Fenda de Órion quanto o castelo dos olhos curiosos. Na entrada, quando já desciam do carro, um homem de meia idade foi recebe-los na porta do castelo.

- Bem-vindos! Vou acompanha-los na sua jornada... - O homem foi interrompido por um súbito grito de alegria vindo do outro lado da porta.

- Lilian, a Branca! Seja bem vinda ao lar! - Um homem surgiu por entre a escuridão e os rangidos das portas se abrindo. Era um homem jovem e de nacionalidade indiana. Tinha um turbante cinza sobre a cabeça, uma túnica lhe cobria o corpo todo ate os pés e calçava sapatos engraçados de gênios dos desenhos animados.

- Al Shi, a quanto tempo. - Lilian e Al Shi se abraçaram como os grandes amigos que eram.

- Vejo que veioacompanhada. Como vai Cão de Guerra? - Disse Al Shi, lançando um olhar atento para Brigs.

- Bem, mas ainda me deve um drink seu bastardo. - Os dois sorriram e se abraçaram. Eles entraram no castelo, percorreram os grandes corredores da entrada  enquantoconversavam alegres sobre o que aconteceu durante o tempo em que não se viram. Al Shi contou sobre suas aventuras nas dimensões mágicas e os temores que enfrentou. Lilian e Brigs contaram sobre a filha que haviam tido, sobre o neto Jonh e de como o filhoe a nora  morreram e deixaram o filho aos cuidados dos dois. Eles se dirigiam até a sala dos anciões do conselho mágico.

- O que os velhos querem de nós? - Perguntou Brigs após algum tempo.

- Eles temem que Morllum tenha voltado e precisam da ajuda de Lilian para descobrir se seus temores são reais. - Disse Al Shi, que andava na frente conduzindo os dois pelos corredores imensos da fortaleza.

- Eles tem os melhores magos do mundo trabalhando para eles, magos detectores são fáceis de se treinar. - Disse a mulher olhando e lembrando dos momentos que passou na fortaleza.

- Mais nenhum vai ter o seu talento minha cara. Você foi a melhor que treinou nesse lugar e derrotou a maga vermelha quando se virou contra a Federação dos Magos, ninguém vai ter esses requisitos no currículo que você, e apenas você, tem!

Eles não falaram mais nada depois disso. Continuaram a andar por mais alguns minutos. Os corredores eram repletos de artefatos mágicos, armas, selos e quadros que relembravam os tempos de guerra. Alunos da academia de magos andavam pelos corredores desesperados com os testes e provas que passavam quase todos os dias. Eles caminharam por mais um tempo. Brigs de vez em quando pedia explicação sobre algum quadro ou  artefato que encontravam pelo caminho. O caminho era repleto de curvas e longos corredores de pedra polida e tijolos que alternavam entre cores claras e escuras nas paredes.

Al Shi parou em frente a uma porta que ia do teto ate o chão, ficou parado olhando para a porta e alguns segundos depois virou para o casal. Estava com uma expressão seria no rosto.

- Bem meus amigos, aqui nos separamos. Espero que nossos caminhos se cruzem de novo algum dia. Os anciões do conselho mágico lhes contarão a situação atual. - Dito isso ele se virou e seguiu por um corredor a direita. O casal o observou ele se afastar ate sumir no horizonte escuro do corredor.

- Bem, agora temos que entrar, esta pronto querido? - Lilian disse segurando a mão de Brigs.

- Claro, nunca fugi de uma luta antes e não é agora que vou! - Eles se aproximaram da porta e a abriram, a luz pálida e ofuscante que vinha da sala os cegou por alguns segundos. Eles sabiam que agora não dava pra voltar atrás!

Sarah caminhava um pouco a frente de Jonh, sempre chutando algum monte de folhas que havia no caminho. Jonh ainda lembrava da época que eram crianças, sempre iam para a escola. Eles caminhavam em ritmo calmo mais acelerado, estavam atrasados para a aula.

- Ei! Sarah?! - Jonh parou para admirar a casa abandonada que ficava alguns metros longe da sua.

- Que? Não podemos parar e você sabe! - Disse ela virando para encara-lo.

O rapaz suspirou e continuou andando, Sarah ficou parada vendo ele andar e passar por ela, nunca tinha entendido o garoto, pelo que se lembrava ele sempre foi um dos "esquisitos" da escola. O achavam esquisito por causa da cabelos brancos e dos olhos vermelho, sempre ficava sozinho com seu único amigo Nathan.

- Ei! A gente tem que ir! Anda logo! - Saindo de seus pensamentos, a garota notou que ele já estava bem longe e com um outro garoto ao seu lado. O outro rapaz tinha cabelos castanho claro e estavam arrepiados, vestia um casaco bege, uma camiseta preta por baixo, calças jeans azuis e um tenis all star preto.

- Sempre distraída hein Sarah! - O rapaz gritou enquanto ria da garota.

- Por que não pula de um prédio hein Nathan?! - Ela correu ate eles e ao se juntar a eles começaram seu caminho ate a escola.

- A gangue reunida de novo. - Disse Nathan com um meio sorriso - Senti a falta de vocês pessoal.

- Nem senti saudades. Aproveitei o silêncio antes de voltar pra escola! - Disse Sarah provocando Nathan.

- Já vão começar? Não da pra esperar ate a aula de matemática? - Jonh não queria que eles brigassem tão cedo queria um pouco de paz. O som da mensagem chegando cortou o silêncio e o momento de paz, Jonh pegou o celular e leu a mensagem.

Jonh, eu e seu avô vamos sair e não sabemos a que horas voltamos. Deixamos sua comida pronta. Não nos espere acordado.

- Ótimo! - Disse Jonh com ar de reprovação na voz.

- O que houve? - Disse Sarah enquanto chutava um grande monte de folhas.

- Meus avós saíram e não sabem quando voltam. Vou estar sozinho em casa. - Jonh guardou o celular e suspirou. - E não Nathan, não vou dar uma festa. - Nathan deu os ombros, já tinha desistido de tentar dar festas na casa de Jonh. Os três caminharam por mais alguns minutos, conseguiam avistar a escola de longe, eles apertaram o passo e conseguiram passar pelo portão antes que ele fechasse. Henris, o porteiro e zelador da escola, os encarou, estavam ofegantes e cansado, haviam parado no pátio principal da escola. Ele deu os ombros e fechou o portão, começou a caminhar em direção ao seu velho galpão.

- Corram para dentro – Disse enquanto se afastava – Temos um novo diretor e ele vai se pronunciar em alguns minutos.

Os jovens encaravam suas costas enquanto ele se afastava no horizonte, Jonh deu um leve sorriso, se levantou do chão onde estava sentado e se dirigiu ate a porta de entrada, os amigos o seguiram de perto,juntos, eles entraram na escola e encararam seu futuro.

O RenegadoOnde histórias criam vida. Descubra agora