Marmita e Lar

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Uma nova manhã apenas significava que outro dia de aula iria iniciar e que Sanji teria de sair do conforto de sua cama para ir estudar. Bom, dessa vez estava na casa de Luffy, que achava bem mais aconchegante do que quando estava em sua própria casa.

Por mais que tenha basicamente passado a madrugada cozinhando para aquele pequeno glutão, Sanji não estava cansado. Era algo que amava fazer e com os cozinheiros daquela mansão sempre conseguia aprender algo novo. Luffy insistia que ele cozinhava melhor do que qualquer pessoa, mas não é como se o garoto fosse um especialista em sabores.

Depois de Luffy ser obrigado a ir para o banho, Sanji aproveitou o tempo de paz para arrumar as marmitas do dia seguinte. Ao terminar, percebeu que havia caprichado na porção bem mais do que de costume e riu de si mesmo, como se não se conhecesse o suficiente para saber o motivo.

Ao terminar ele tomou um banho e foi dormir no quarto de Luffy, dividindo a cama enorme de casal que parecia minúscula pelo tanto que o garoto ficava em cima dele enquanto estava dormindo.

Quando se levantou ele sentiu as dores pelo corpo e chutou de leve o amigo como vingança e também para acordá-lo.

- Vai se atrasar se continuar dormindo, vamos sair logo. — Sanji disse já em pé e indo se arrumar no banheiro, enquanto Luffy pareceu só ter virado e dormido novamente. Azar o dele. Seria mais gentil ser acordado por Sanji do que pelo avô escandaloso que não demoraria a aparecer no quarto.

Havia um furo no plano inconsciente de Sanji no entanto. Ele era simples e rudimentar, não estava em sua consciência porque Sanji fazia as coisas quase que por instinto quando se tratava de comida, ao menos era isso que dizia a si mesmo. Consistia em chegar na escola e repetir o mesmo dia que teve no dia anterior, incluindo seu almoço pouco convencional.

Então o garoto observou a janela a manhã inteira, embora não houvesse nem sinal do monte de grama que conheceu no dia anterior.

Não era que Zoro não tinha ido trabalhar. Ele foi, a contragosto por ter que acordar, mas não era o tipo de fugir de serviço. O problema era um que se repetia cada vez que Zoro começava um trabalho novo e não sabia a localização do lugar direito ainda.

A verdade é que aquilo poderia acontecer mesmo que já estivesse há meses fazendo o mesmo caminho todos os dias, mas se agravava quando só havia ido uma única vez no local e era do outro lado da cidade, num bairro completamente esnobe do qual Zoro não conhecia absolutamente nada.

— Pode me poupar das desculpas, Roronoa. — Seu atual chefe disse suspirando. Já havia trabalhado com ele em outras obras antes, então provavelmente o sujeito estava acostumado. — Vai almoçar e depois te pago meio período hoje. Anda.

Zoro agradeceu mentalmente por poder pelo menos comer, mesmo que a ideia de ter saído tão cedo de casa para nada o irritasse. De alguma forma, mesmo que tivesse se perdido a manhã inteirinha, seus pés o levaram justamente ao mesmo local em que havia trabalhado no dia anterior, a sala à sua frente composta de jovens tomando as últimas notas da aula.

Quando a última aula da manhã terminou e tocou o sinal para o intervalo, Sanji percebeu que quem ele estava procurando a manhã inteira havia aparecido e assim que todos os alunos saíram da sala, Sanji se pendurou na janela.

— Ei, cabeça de brócolis! — Sanji gritou com um enorme sorriso no rosto e uma expressão empolgada. — Estava matando trabalho é?

— É Zoro, moleque. — Ele corrigiu, mesmo sabendo apenas de olhar para Sanji que ele não usaria seu nome de qualquer forma.

— Cabeça de brócolis soa mais legal.

Era estranho ser foco da atenção do loiro novamente. Zoro perguntaria se ele não tinha amigos caso já não tivesse os visto no dia anterior. Mas qual poderia ser a graça possível em falar com ele? Os olhares curiosos são normais no primeiro dia, até de quem nem liga. Mas a partir do segundo dia vira rotina, a novidade já deveria ter sido sanada.

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