Cap 12 - Love and Pain

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Fechava meus olhos com força, não conseguia olhar nos olhos de David, a vergonha havia tomado conta de mim naquele momento.

- Eu tinha 10 anos , estudava no centro da cidade e minha mãe sempre vinha me buscar. Mas nesse dia ela não veio. Eu estava a esperando na frente da escola e um carro parou na minha frente... Dentro do carro havia um homem com barba mal feita, olhos azuis, sobrancelhas grossas, cabelos negros e com alguns fios grisalhos. Ele falou que era um amigo de minha mãe e que eu devia ir com ele pois ela estaria até tarde no trabalho. Eu entrei, pois era uma criança e era inocente. Mal sabia eu que estava cometendo o maior erro da minha vida. - Senti meus olhos arderem, mas segurei as lágrimas. - Ele me levou até uma casa velha, no meio do nada e me puxou pelo braço até chegar num porão, me jogou lá dentro e me deixou lá sozinha, ao relento. Eu estava com medo e queria minha mãe, só isso. Depois de um tempo o homem voltou, ele tinha uma arma na mão e me levou até uma cama. Amarrou meus braços e me deu um tapa na cara, eu lembro como se fosse ontem, David. - Me encolhi e me afastei de David no sofá, tentativa falha, pois ele se reaproximou.

- Pode continuar, meu amor. - Mostrava curiosidade no olhar

- Ele arrancou meu uniforme escolar e... e... - Já estava com meu rosto coberto de lágrimas, meus olhos estavam embaçados por conta do choro.

- Não precisa falar mais nada, eu entendi. Vem cá, chora no meu peito. - falou beijando minha testa e aproximou minha cabeça de seu peito. - Eu sei que nada que eu vá falar agora tire essa sua dor, mas eu vou falar. Eu quero que você saiba, que eu nunca, nunca vou sair do teu lado pra nada. Você é uma das mulheres maia incríveis que eu conheço, Vick, não faço idéia do que é passar por isso, mas meu amor. Olha só aonde você tá? Olha o que você conseguiu? Você entrou na faculdade com apenas 16 anos, 16 anos. Você foi forte e não enfraqueceu por isso, eu te admiro tanto, meu amor. Admiro ainda mais agora, que você me disse isso, você fala que não é nada perto daquelas mulheres, você é muito mais do que elas. Essas cicatrizes que você tem, eu não sei se podem ser curadas, mas eu quero que você me deixe te ajudar a curá-las, com amor, com carinho, com fé em Deus.

- Eu sempre tive fé em Deus, David. Depois desse acontecimento, me acharam e nunca acharam o tal homem. Ele fugiu e me deixou lá para morrer. Depois de 1 mês eu comecei a frequentar a igreja e sempre recebi muito carinho de todas as pessoas em minha volta, ajudou a "desinflamar" a ferida, mas ela continua aqui. - falei secando minhas lágrimas

- Então deixe que ele continue agindo, eu te ajudo e não fique com vergonha, eu não vou te julgar nem nada. Você não merece ter mais um babaca na sua vida. - falou puxando meu rosto de beijou a ponta do meu nariz

- Eu só preciso de tempo, David. Só preciso digerir tudo isso. Você apareceu pra mim como um anjo, você é o meu anjo, Luiz. - falei o abraçando

- E você e o meu tesouro, que eu vou proteger com todas as forças, meu amor. - nos abraçamos e quando estávamos quase dormindo de novo, dou um pulo do sofá e me lembro que tinha aula

- DAVID! ESTAMOS ATRASADOS! EU VOU ME ARRUMAR NO OUTRO BANHEIRO! - Saí correndo de lá, lavei meu rosto e como já tinha tomando banho, não achei necessário tomar outro. David me deixaria hoje já que a faculdade fica no caminho do campo de treinamento então foi mais fácil pra mim.

- Está entregue, mocinha - falou parando o carro

- Obrigado, David. Depois eu te pago essa carona com uma lasanha deliciosa - falei e logo em seguida, dei um beijo terno em seus labios.

- Hmmmm, vou esperar e vou cobrar! Boa aula, minha gordinha

- Tchau, coqueiro - me despedi dando um beijo em sua bochecha.
Cheguei na sala e agradeci aos céus pelo o professor não ter chegado ainda.
De longe vi Letícia acenando para mim e fui até lá.

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