1- Barganha número Um

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O caos estava ao redor dele. O seu coração doía, sua cabeça zumbia e ele não sabia o que fazer. As seitas se enfrentavam numa guerra sangrenta em nome de uma paz mentirosa. Eles estavam interessados no artefato que ele, Wei Wuxian, o homem que podia levantar os mortos e invocar os fantasmas, havia criado. Quem tinha o amuleto do Tigre Estígio tinha poder, mas ele próprio jamais quis poder, ele só queria uma maneira de se defender, de defender a quem ele amava.

Wei Ying quebrou uma vez quando o viu Madame Yu e o Tio Jiang morrer e queimaram o Píer Lótus, quebrou uma segunda vez ao ser jogado na Colina Sepultura, a terceira foi quando o marido de sua irmã morreu e a culpa por teimar em estar num lugar onde não era bem vindo o corroeu, quebrou a quarta vez quando seus amigos Wen se entregaram por ele, e estava sangrando e desnorteado quando quebrou pela quinta vez sem ao menos perceber ao gritar com Lan Zhan para ele ir embora de sua vida e a última... a última foi o que o destruiu de vez, pois foi ao perder sua irmã. E essa foi a última quebra que faltava para sua alma romper e sangrar e ele ter um desvio de Qi e ao se ver num beco sem saída, se lançar para o silêncio da morte...

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Wuxian bateu no chão com tanta força que jamais imaginou que mesmo depois de morto pudesse sentir dor, mas sentiu. Ele se ergueu apoiando-se nas palmas, olhando para diante de si e se deparou com um homem que tinha a pele mais branca que um osso exposto ao sol por dias a fio. Ele era careca e seus olhos eram verde folha sem uma única parte branca, com fendas amarelas como as das cobras. Ele cruzou seus dedos longos, um sorriso felino brincando em seus lábios e com uma voz profunda que fez Wei o temer, disse:

_Wei Wuxian...

Wei Ying tentou se erguer mais do chão quadriculado em preto e branco completamente encardido, mas quase não conseguia se mover, era como se todos os seus ossos estivessem quebrados, sem saber que era a sua alma quem estava quebrada.

_Quem... é... v-você...? – perguntou baixinho.

_Eu? – o homem riu de forma debochada – Eu sou a Morte.

A cabeça de Wei Wuxian doía tanto, seus ouvidos zumbiam e ele precisou ouvir uma segunda vez para entender quem aquele ser era.

_Morte...?

_Sim. Você deveria ter... Passado direto pelo meu chão, deveria pagar por uma coisa ou outra, talvez sua alma até fosse banida... O que sobrou dela pelo menos, pois você está mais trincado do que uma xícara quando recebe uma pedrada, mas olha você aqui... – A Morte se levantou de seu trono e desceu os degraus do estrado onde estava, arrastando sua elegante capa preta na descida e se aproximou de Wuxian, lhe segurando o queixo – Diante de mim... A minha mercê para que eu possa brincar com você.

Wei sentiu frio se espalhar por ele de uma forma terrível e se encolheu. A Morte colocou uma mecha do cabelo fele atrás da orelha e meneou a cabeça, um sorriso em seus lábios que não condizia com seu olhar quase assassino.

_Wei Ying... Wei Ying... É um tanto tedioso aqui e eu admito que gosto quando alguma alma simplesmente cai no meu terreno sem que eu faça a menor força de ir caça-la. Eu estava no tédio atormentando meus fantasmas que nunca mais terão onde ir, quando você simplesmente bateu no belo piso xadrez e como eu gosto muito de jogos, lhe ofereço a oportunidade de jogar comigo e me tirar dessa porra desse tédio!

A morte a pontou para uma aljava que apenas surgiu do nada e para um vaso de porcelana branco mais adiante.

_Três flechas para cada um, quem acertar mais vence.

_E o que eu ganho com isso?

A Morte coçou o queixo e sorriu.

_Uma barganha por cada flecha que você acertar.

Barganhando com a Morte... (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora