Pesadelo - pt.8

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-Para de falar, precisamos anotar suas últimas palavras, Nakashi. - Ele diz sussurrando no ouvido da mulher.

Samako se vira e se segura pra não vomitar.

-Veja só, está assustando sua QUERIDA filha. Tadinha... Se bem que... você já fez algo pior. - Nanami a despreza. -Ah, Nakashi, para de graça nem deve estar doendo, larga de ser dramática. Foi só um soco e eu te prender aqui no escuro enquanto tu gritava. Não foi nada demais. - Debocha revirando os olhos. - Isso... te lembra alguma coisa?

-Na...may.

-Eu odeio quando você diz o nome da minha mãe. Parece que vindo de você soa como se fosse nojento. Fala o seu e tira o nome da minha mãe dessa tua boca imunda.

Samako se vira e tenta focar somente em Nanami.

-Bom, não vou prolongar isso porque já tô pegando ódio da sua cara escrota.

-Ela... fazia isso comigo. - Samako se pronuncia.

-O que? - O homem questiona.

-Ela me... trancava no... quarto e... apagava a luz e me deixava por horas lá sem eu ter feito nada.

-Não te serve de consolo, mas ela tava tentando te matar todo dia. Deixa eu esclarecer a situação.

Nanami sabia de muita coisa, conseguia informações com muita facilidade, tinha olhos e ouvidos por toda a cidade, raramente alguma coisa passava batido de seu campo de visão, porém esse não era o caso de Nakashi, já que ela era seu alvo principal.

-Essa vagabunda aqui. - Apontou. - Matou minha mamãe. - Sorriu ironizando.

Samako arregala os olhos, mas vindo daquela mulher ela poderia esperar de tudo.

-Ela a matou da mesma forma que planejava acabar com você. Torturas, ameaças, chantagens. Ela deixou minha mãe ser estuprada e morta por 3 pessoas, somente em troca de droga e uma morada. Uma das pessoas era seu marido, pai do filho que ela também trocou por droga.

Samako escuta tudo com atenção tentando não olhar pra Nakashi.

-Minha mãe era na época uma prostituta, sustentava a gente como podia. Independentemente do que era continuava sendo uma mulher gentil, bonita, amável e um grande mãe, uma grande amiga. - Havia brilho em seus olhos. - Minha mãe só cometeu um erro em toda a sua vida que foi fatal. A confiança. Minha mãe fez de tudo por essa desgraçada e na primeira oportunidade... no primeiro deslize que minha mãe deu, essa filha da puta da puta vai lá e tira a vida da minha mãe.

-Eu... não.... - Nakashi tenta se pronunciar mas recebe um soco de Nanami.

-EU NÃO QUERO OUVIR A PORRA DA SUA VOZ!

Antes que Nanami pudesse continuar sua história Samako se pronuncia.


-Eu nunca entendi, mamãe por que você me odiava tanto. Por que você me batia? Agora eu sei que você é assim. Um ser ruim. - Samako finalmente a olha.

-O que você quer dizer com isso? - Nanami não entende.

-Ela também me trancou num quarto escuro amarrada na cama com cordas, ela também tentou me drogar, me batia e foi ela que me colocou naquele lugar, e na mesma noite um homem chegou la e tocou nessas partes. - Apontou pras áreas intimas. - Enquanto colocava um pano no meu nariz com um cheiro muito forte e eu dormi. Quando amanheceu ela tentou me matar e tem sido assim durante muito tempo.

A explicação de Samako faz o coração de Nanami palpitar mais rápido, a seriedade e o jeito calmo que a criança desabafa deixa nítido a forma de que a situação já não faz mais diferença. Suas palavras saem cheias de peso, o sentimento é vazio e a expressão é fria. O homem percebe ali que Samako já não vive mais e dá pra perceber que faz tempo.

-Eu pensava que era minha culpa, mamãe, mas você é um monstro. - Seus olhos perdem totalmente o brilho e sua expressão muda. - Eu só quero me livrar de você.

-Garota, eu sinto mui- - É interrompido.

-Você queria me destruir, mamãe a troco de quê? O que você ganharia com isso?

-Dinheiro... - Nanami responde. -Ela queria ter dinheiro.

-Hm.

-Foi com seu dinheiro que ela pagou as dívidas e compra mais coisas. - Nanami liga os pontos... -ESSA MULHER DE MERDA ESPEROU TANTO TEMPO PRA VER SE CONSEGUIA VENDER SEU CORPO?

-Mas mesmo com isso tudo, mamãe, eu achei que a gente poderia ser feliz algum dia. Que isso seria apenas uma fase sua e depois que eu passasse por aquele maldito mal necessário a gente seria feliz. - Samako chora.

É possível escutar uma pequena risada de fundo.

-Você... é uma... piada. - Nakashi se recompõe. -Vocês dois são uma vergonha. Um fraco e a outra idiota. - Riu. -Seu discurso estava lindo, Samako. O ódio que você emana por mim, estava bonito até você demonstrar compaixão. É por compaixão, por esperança que pessoas morrem. Igual foi com a cadela da Namay. Vocês são dois ridículos, por dinheiro eu faço tudo e repetiria se fosse necessário. Você, sua putinha mal comida de merda, deveria ter morrido na primeira estocada que aquele filho da puta deu, mas enfim, estamos aqui agora porque ele foi incompetente e de qualquer forma, você rendia uma boa grana. Não era tão fácil pra me livrar de você.

Samako não reage, enquanto isso, Nanami volta pro carro.

-Quantas vezes eu tive vontade de sumir como você da fase da terra. Seu olhar, sua voz, seu cabelo, sua pele, seu corpo me enoja. Você é igual a todas aquelas mulheres, você é tudo que eles querem, eu só vi vantagem em ter você pra mim pra ter dinheiro e mesmo assim você não faz nada direito. É odioso estar do seu lado, é chato, é irritante, você me irrita, os castigos de deixar com fome, no frio era só pra ver se você morria mais rápido. Eu não te suporto, nunca suportei. Você é um peso pra mim, eu nunca te quis, definitivamente o maior arrependimento da minha vida foi pegar você pra criar.

Depois de escutar tudo o que foi dito, Samako permanece paralisada com lágrimas escorrendo pelo rosto.

-Eu queria ter te matado. Sempre quis. Você não vale nada pra mim. -Nakashi finaliza.

Quando menos se esperam, Nanami volta do carro com dois galões de gasolina e um isqueiro.

-Enfim, por todas as merdas que você fez, te proponho um brinde. Você vai beber esse um pouco dessa bebida e depois a gente conversa.

Nanami abre a boca de Nakashi e despeja mais da metade da gasolina na boca nela, restos escorrem pelo corpo da mulher que agora está coberta do líquido.

-Isso é pra tu aprender. -Sorriu leve.

Nanami puxa o braço de Samako pra saírem dali e deixa o isqueiro em suas mãos.

-Quando sairmos quero que você acenda e encoste no fogo com isso, ok?


Samako o olha enquanto ele espalha gasolina pelo local.

Ao chegar na porta:

-Está pronta? - Nanami a olha.

-Eu não sei se quero fazer isso. - Samako suspira.

-Pense em tudo que ela te fez e diga se vale a pena.

Samako pensa por um tempo e Nanami perde a paciência tentando puxar o isqueiro de volta, porém a garota desvia a mão.

-Realmente não vale a pena.

Nanami olha a expressão da garota e observa ódio em seus olhos e tristeza em seu rosto.

-Esse momento é seu, garota. - Nanami dá as costas e volta pro carro.

Samako observa a cena como se sua vida inteira estivesse passando em seus olhos e acende o isqueiro. Enquanto se abaixa relembra o pior dia de sua vida junto de Nakashi e seu ódio aumenta.

-Adeus. Nakashi!

Samako encosta o fogo na ponta do rastro de gasolina e as chamas rapidamente se espalharem pelo resto do caminho. Logo em seguida fecha a porta e vai em direção ao carro correndo.

Nanami suspira enquanto os dois observam a casa pegando fogo e os gritos agoniantes que vem de dentro.

Samako põe as mãozinhas no ouvido pra impedir de escutar os gritos de Nakashi e chora, Nanami percebe a ação da menina e a abraça.

-Entra no carro, vamos embora.

Os dois entram no carro e seguem um rumo desconhecido.


-Pra onde vai me levar? - Sua voz sai meio fraca devido ao choro.


-Pra um lugar melhor. - Sorri, dessa vez se virando pra trás.



27 de março. 03:33h>>


Samako, para pra refletir no que aconteceu. Infelizmente todos esses eventos traumáticos fizeram a vida se Samako perder o sentido e em sua mente só se passavam as últimas palavras daquela mulher.

-Eu posso morrer? Por que ela fez isso comigo? Eu não entendo. O que eu fiz pra merecer isso?

Um pouco depois é possível escutar uma explosão, Samako se vira pra olhar o fogo e a nuvem de fumaça e Nanami assiste tudo pelo retrovisor.


-Acho que é muita informação pra sua cabeça... vai ficar tudo bem. Sua maldição acabou. Por hora você pode se deitar e dormir se quiser.

Samako não responde, apenas chora em silêncio.

-Samako, é... tenta descansar.

-Queria esquecer da minha vida. - Samako diz quase que em um sussurro.

-É, eu imagino. Sinto muito por tudo.

Samako escuta tudo em silêncio e vai apagando aos poucos no banco de trás.

É o fim de um pesadelo!

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Fim do primeiro Capítulo 😃

GOSTARO???? Me diguem!! Podem me chamar no twitter ou por aqui mesmo qualquer coisa.
Nakashi desgraçada, morreu tarde, mas morreu... (né?)
ENFIM, outro dia eu trago o 2° cap.
Oq será que vai acontecer com a Samako agr? Qual a intenção desse Nanami? Pra onde eles irão? Personagens novos virão?


Obrigada por lerem até aqui e desculpa os erros 🙌😞❤️

SamakoOnde histórias criam vida. Descubra agora