PRÓLOGO

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MANSÃO DA FAMÍLIA MALFOY,
31 de agosto de 1995.

Sentada em silêncio diante da enorme mesa de madeira escura, Helena Adhara Black se recostou na cadeira e, enquanto sentia uma dor agonizante se espalhar pelo seu antebraço esquerdo, ela olhou em volta,  gravando em sua memória cada segundo daquele importante momento.

A maioria das pessoas diante da mesa eram do sexo masculino, todos eram muito mais velhos do que ela e todos se recusavam a olhá-la nos olhos.
Haviam pessoas que eram influentes no mundo bruxo, que seriam condenadas por sentar naquela mesa e perderiam tudo o que conquistaram. Mas, além dos ricos esnobes, Helena também reconheceu criminosos terrivelmente perigosos que fugiam do ministério.

Era de se esperar que todos aqueles fiéis companheiros e seguidores de Voldemort estivessem ali, afinal aquela reunião era inegavelmente importante e helena soubera disso no momento em que o elfo doméstico bateu à porta, insistindo que ela descesse imediatamente.

Quando Voldemort convocava, não se podia deixá-lo esperando.

A garota respirou profundamente de forma silenciosa, tentando controlar o impulso de gemer de dor, enquanto o clima do local ficava ainda mais tenebroso conforme ele começava a contar seus planos.
Sentado na cadeira que ficava na ponta da mesa, o lord das trevas passava os olhos pelo local, enquanto sua fiel companheira e cobra de estimação, nagini, rastejava sobre a mesa.

Voldemort, o bruxo das trevas mais poderoso da atualidade, estava sentado à cabeceira da mesma mesa em que helena estava.

—Agora temos a senhorita black finalmente ao nosso lado —A voz do bruxo soou alta, ecoando pelos tetos enormes e pelas paredes de mármore escuro.— Tenho certeza que ela será de grande utilidade para mim e cumprirá seus deveres sem questionar.

—Eu farei tudo que o senhor ordenar, meu lorde. —Helena disse respeitosamente, enquanto um sorriso sombrio surgia no rosto do lord das trevas.

—Fique de olho no Potter e descubra tudo. Suas fraquezas e seus pontos fortes, seus medos e anseios... Descubra como destruí-lo de vez!

—Não ira se arrepender de confiar essa tarefa de extrema importância a mim, meu lorde.

—Espero. —A voz do bruxo ecoou assustadoramente e Helena sentiu narcisa tremer levemente ao seu lado.— Está dispensada!

Helena levantou calmamente do seu lugar e curvou-se para Voldemort, antes de deixar o local.
E, enquanto subia a escadaria que levava ao corredor de seu quarto, um flash de memória lhe atingiu em cheio.

Era pequena na época em que chegou na mansão da família Malfoy, mas a memória extraordinariamente boa a fazia lembrar daquele tempo.
Helena se lembrava do momento em que Sirius black partiu. Ele lhe deu um beijo na testa, uma correntinha simples com um pingente em formato de estrela -grande demais para o pequeno pescoço da garotinha- e lhe fez a promessa de que voltaria para buscá-la.

Mas ele nunca voltou.

Quando cresceu o suficiente para entender, a sua infância se transformou em uma confusão de dor e perda, de raiva, traição e uma tristeza tão forte que havia dias inteiros em que ela não tinha energia para comer ou mesmo chorar. Houve só uma fonte de luz naqueles tempos. Narcisa Malfoy.

Na noite em que helena foi encontrada sozinha no berço de sua antiga casa, Narcisa a pegou no colo e a abraçou, soltando-a somente quando chegaram à mansão onde ela vivia com seu marido e filho.
Conforme crescia, helena logo notou o desprezo que lucius malfoy sentia por ela e também não demorou para achar o lugar sinistro e assustador, com os tetos altos que ecoavam cada passo, os mármores escuros e os quadros de pessoas mortas que a observavam com olhos de condenação.

Mas Narcisa fez o possível para que se parecesse com um lar para ela. Helena não diria que a mulher era alguém que falava muito, mas sempre parecia estar perto quando ela precisava de uma presença estável. Às vezes, segurava a mão de Helena ou massageava suas costas quando ela chorava com o rosto em seu ombro.

E quando a curiosidade superou a tristeza, ela  contou a helena tudo que sabia sobre seus pais e sobre o motivo que levou a garota até a residência da família Malfoy.

Helena lembrava que, no momento em que soube, não sentiu tristeza.
Ela só sentiu raiva.
Uma raiva cega e ofegante.

Sua mãe havia morrido em um "incidente" junto com doze trouxas e outro bruxo, chamado Peter Pettigrew. E seu pai, para o ódio da garota, havia sido o assassino que matou todas aquelas pessoas, incluindo sua mãe.

Com a mãe morta e o pai preso em Azkaban, Helena teve que ser enviada para a única parente viva e com condições de cria-la. Narcisa Malfoy, prima materna de seu pai.

Talvez tenha sido difícil no início, mas depois de tanto tempo, Helena tinha finalmente conseguido parar de pensar no seu pai e nos motivos que o fizeram cometer aqueles assassinatos.
Não adiantava ficar pensando sobre aquilo. Independentemente do que aconteceu, independentemente das teorias que ela criava para entender o motivo, nada iria trazer sua mãe de volta.
Ela queria respostas, nós todos queremos, mas nada iria mudar o fato de que a mãe dela se foi e que seu pai era o culpado por isso.

Então, em algum momento, Helena decidiu matar Sirius black. Não exatamente mata-lo, mas sim, matar as lembranças boas que tinha com ele e que a faziam acreditar que ele era inocente.

Sirius black, o parentesco que ele tinha com Helena e todos os bons momentos que a garota se lembrava, agora estavam enterrados.

Então se Sirius, agora que havia fugido de Askaban, e estava sendo procurado por quase 2 anos, fosse atrás de Helena depois de tudo que fez... ela não hesitaria nem mesmo um segundo para entregar ele ao ministério.

—Como foi? —O garoto perguntou assim que Helena fechou a porta do próprio quarto.

—Não me lembro de ter dado permissão para você entrar no meu quarto.

—Vamos, Helena. —O garoto loiro implorou, impaciente.— O que aconteceu? Por que chamaram você para participar da reunião?

Em qualquer outro momento, Helena teria soltado uma risada demorada e teria zombado do quão patético o garoto parecia ao implorar para que ela lhe dissesse algo. Mas ela não pode fazer isso. Ela não pode rir dos olhos assustados que estavam envoltos por olheiras escuras, não pode rir dos fios loiros -quase brancos- que estavam bagunçados de maneira que pareciam ter sido puxados durante um momento de angústia e também não pode rir das mãos trêmulas do rapaz, que tentava a todo custo manter indiferença.

—Eu sou uma deles agora, Draco.

—O que? —A voz do garoto saiu quase em um sussurro.— Uma deles? O que isso quer dizer?

Ah, ele sabia exatamente o que aquilo significava.

—Isso quer dizer que agora eu sirvo oficialmente ao lorde das trevas. —Helena disse, enquanto mostrava orgulhosamente a marca negra cravada em seu braço.

—Helena...

—Saia do meu quarto, Draco. —Ela pediu derrepente, enquanto abaixava seu braço— Tenho que dormir bem, pois quero chegar em ótimas condições na estação. —Ela abriu as portas de madeira escura e deu passagem ao garoto, que parecia fora do si.— Deveria fazer o mesmo.

—Você é uma comensal?

—foi o que acabei de lhe dizer.

—Minha mãe conversou comigo ontem sobre a possibilidade de me tornar um... Disse que se os planos do meu pai dessem certo, hoje mesmo eu me tornaria um comensal.

—Desculpe estragar seus planos, mas me escolheram no seu lugar. —Ela deu um sorriso, quase como se zombasse de Draco por não ter sido bom o suficiente para ter sido escolhido— Narcisa concordou comigo quando eu disse que estava mais preparada do que você.

—Você assumiu o meu lugar?

—Não se preocupe, você pode conseguir em breve. Mas por enquanto, saiba que eu farei um bom trabalho.

𝐈'𝐌 𝐒𝐓𝐈𝐋𝐋 𝐒𝐓𝐀𝐍𝐃𝐈𝐍𝐆, 𝙷𝚙 𝙵𝚊𝚗𝚏𝚒𝚌𝚝𝚒𝚘𝚗Onde histórias criam vida. Descubra agora