Vinte : Epílogo

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*Ponto de vista de Celine*

3 meses depois...

Atravessei as portas do hospital, cumprimentando a equipe de enfermagem e o grupo de médicos que estavam por perto. Eu sorri quando Ester, minha médica favorita, ficou de pé no posto de enfermagem verificando alguns prontuários. 

"Ei, Celine! De volta?" Ela perguntou e eu assenti. 

"Sim!" Eu ri. 

"O que você tem para ele hoje?" Ela perguntou.

"É uma surpresa! Vejo você mais tarde, Doutora Purcino!" Eu disse a ela e ela sorriu, balançando a cabeça para mim. 

Caminhei mais para dentro dos aposentos dos pacientes e desci o corredor e, quando cheguei ao quarto dele, tirei o casaco e coloquei o saco de fast food na mesinha.

"Eu tenho uma surpresa para você hoje." Eu disse alcançando o saco e tirando um sanduíche de almôndega da nova lanchonete ao lado da delegacia. Após a batida dos carros, as pessoas que alugavam o espaço ao lado da delegacia, decidiram que o local estava com muitos problemas e que era hora de seguir em frente. Uma nova empresa foi lá a cerca de uma semana e eles fizeram a melhor lanchonete. 

Olhei para Leif deitado na cama e suspirei. "Não se preocupe, eu sei que você vai sair dessa. Quando estiver pronto." Estendi a mão e alisei o cabelo castanho dele. Ele não se barbeava há algum tempo, mas a barba ficava bem nele. Inclinei-me, beijando sua testa enquanto lágrimas brotavam em meus olhos.

"Celine?" Eu ouvi e olhei para a porta para ver a mãe de Cael parada ali. Eu sorri para ela e enxuguei minhas lágrimas quando ela entrou na sala. 

"Oi Senhora Lewis..."

"Barbara;" Ela sorriu suavemente "quantas vezes eu tenho que lembrá-la?" Eu ri um pouco e me sentei na cadeira que estava ao lado da cama. Barbara sentou-se do meu lado e agarrou a mão do filho. Eu me senti culpada. Eu sabia que não era mais o filho dela dentro daquele corpo, mas dizer a ela não era uma opção, eu sabia que tinha que guardar para mim. Ela nunca entenderia. Nos últimos três meses, ficamos mais próximas do que nunca. A princípio ela ficou um pouco apreensiva comigo... eu não a culpei. Mas quando eu vinha aqui todos os dias, ela passou a gostar um pouco de mim. 

"Eu me pergunto por que está demorando tanto..." Ela falou em voz alta e eu dei de ombros. 

"O médico disse que pode demorar um pouco para o coma passar, ele sofreu muitos traumas, primeiro o tiro, depois o ferimento na cabeça e depois o acidente de carro. É um milagre ele não ter quebrado mais ossos." Eu disse a ela e ela assentiu. 

"Você está certa. Só espero que ele acorde logo."

Engoli em seco "É..."

-

*Ponto de vista de Leif*

A princípio foi como voar, livre e desinibido... depois ficou escuro e perturbado. A onda de escuridão que me dominou foi demais. Então agora, em vez de voar, eu estava caindo. Cada vez mais rápido até que a única coisa que eu podia ouvir era o rugido do meu coração batendo e o sangue correndo em minhas veias. 

Então, com um estalo nos meus ouvidos, tudo ficou parado, calmo e pacífico. Eu me senti leve e arejado. A temperatura mudou e eu podia sentir tudo. 

Céus, eu podia sentir sentir tudo! Meus dedos dos pés, minhas mãos, minha VIDA.

Eu estava vivo. Mas eu ainda estava dormindo, ou não exatamente dormindo, mas não exatamente acordado. Era como estar no 'Meio', exceto que desta vez eu sabia que, quando saísse daqui, estaria acordado e vivendo novamente. 

Eu me concentrei, primeiro mexendo meus dedos dos pés e depois minhas mãos e então eu estava ouvindo tudo ao meu redor. Celine... Celine! Ela estava aqui e estava falando sobre mim... ou, tecnicamente sobre Cael. 

Então me lembrei de tudo. Não apenas sobre a minha vida como Leif, mas cada lembrança que Cael tinha. Seu primeiro dente que caiu, sua primeira vez andando de bicicleta, saindo com seus amigos no cinema, seu vigésimo aniversário... a perda de sua avó e avô, o primeiro coração partido. Eu vi tudo e me lembrei de detalhes ainda mais pessoais, como seu número de telefone, número do seguro social, data de nascimento e muito mais. 

Engoli em seco e gemi quando um bipe soou ao meu lado, aquele processo de transferência foi rápido, parecia que não havia tempo para a parte de queda. Abri os olhos e pisquei algumas vezes, olhando ao redor do quarto. 

"Oh céus!" Eu ouvi e vi a mãe de Cael com as mãos sobre a boca e lágrimas nos olhos. 

"Oi... mãe... " Eu disse. Parecia estranho, mas foi certo dizer isso.

"Meu bebê, eu vou chamar um médico!" Ela disse freneticamente e estava correndo para fora do quarto, olhei para a minha direita para ver Celine olhando para mim, ela estava chocada. 

"Leif?" Ela perguntou baixinho e eu balancei a cabeça. 

"Provavelmente é melhor se você me chamar de Cael. Basicamente, estou vivendo a vida dele agora." Eu disse a ela e ela chorou antes de se inclinar e envolver os braços em volta do meu pescoço, fiquei surpreso no começo, mas depois minhas mãos foram automaticamente ao redor de sua cintura e a abracei de volta. De todas as vezes que desejei poder fazer isso, nunca pensei que aconteceria. 

Um sentimento desconhecido tomou conta do meu corpo quando coisas que eu nunca pensei que sentiria novamente vieram sobre mim. Afastei-me um pouco e ela segurou meu rosto, que estava coberto por uma barba espessa, e passou as mãos por minhas bochechas. 

"Oi!" Ela sorriu e eu sorri de volta para ela. 

"Oi, linda..." Sussurrei e segurei seu rosto em minhas mãos, abaixando para que nossas testas se tocassem. 

"Muito obrigado Celine, você me salvou." Eu disse a ela e ela enxugou uma lágrima de seu rosto. 

"Não foi nada...

Eu estava prestes a abaixar o rosto e fazer a única coisa que desejava fazer desde que a conheci quando a porta se abriu e o médico entrou com a mãe de Cael atrás dele. Enquanto ele estava parado na porta e me fazendo perguntas diferentes, como qual era meu nome completo e em que ano era, eu não conseguia tirar os olhos de Celine. Ela era tão linda e agora eu estava aqui e podia abraçá-la sempre que quisesse, podia amá-la como queria. 

"Cael, mais uma pergunta. Que dia é hoje?" Ele perguntou e quando eu respondi ele disse que eu estava errado. Eu finalmente desviei meu olhar de Celine e olhei para ele. 

"Espere um pouco... não é o dia do acidente ou o dia seguinte? Três meses se passaram?" Eu perguntei e ele assentiu. 

"Bem, é normal ficar confuso sobre o dia em que uma pessoa acorda de um puta coma?"

"Cael!" Sua mãe repreendeu. Eu sorri timidamente. O médico assentiu e quando terminou de falar comigo, levou a mãe de Cael para o corredor junto com ele. 

Agarrei a mão de Celine e puxei-a para perto de mim, abaixando meu rosto para que agora ficassem na altura dos olhos dela. Quando ela engoliu em seco nervosamente, eu sorri e então trouxe meus lábios aos dela. Ela passou os braços em volta do meu pescoço e se pressionou contra mim, suspirando quando me afastei. 

"Eu te amo..." Ela sussurrou e meu coração quase pulou para fora do meu peito. 

Eu sorri "Eu também te amo Celine... e eu nunca vou deixar de te amar. Você é a minha sorte!" Ela riu quando eu a puxei de volta para outro beijo. 




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