04- Sorgan

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Aquele definitivamente não era o tipo de lugar que Yva tinha em mente, mas provavelmente era o mais seguro o possível. William a havia levado até um planeta localizado na orla exterior, era bem longe de tudo e ela realmente esperava que fosse o suficiente.

Sorgan era coberto por uma floresta densa e, levando em consideração a cidadezinha minúscula e sem muito comércio, era relativamente pouco habitado. Era o tipo de lugar em que todas as pessoas ficariam sabendo de sua chegada, mas que ela também saberia no momento que alguém novo colocasse os pés ali.

O amigo havia retornado imediatamente para Navarro, afinal agora ele tinha uma esposa para se preocupar, não podia simplesmente sumir pela galáxia como costumavam fazer. Yva havia ficado com ciúmes, claro que havia, o amor dele deveria ser apenas para ela. Sempre havia sido assim, não gostava da ideia de dividir com mais ninguém, mas também sabia que não podia exigir que ele ficasse congelado no tempo esperando por ela.

Havia conseguido 'alugar' uma pequena cabana de um dos moradores, na verdade não passava de um amontoado de folhas que a protegeriam da chuva e coisas do tipo, mas que definitivamente não aguentaria uma ventania. Como não estava em condições de escolher e não acharia nada melhor naquele fim de mundo, simplesmente largou sua bolsa no lugar e caminhou de volta para a cidade.

O cheiro de peixe impreguinava o lugar e fazia a mulher sentir ânsia de vômito, não que aquele fosse o pior dos cheiros que já havia sentido, mas definitivamente não lhe agradava nem um pouco. Respirou aliviada quando viu a pequena construção a sua frente, ao menos conseguiria fazer uma refeição e, quem sabe, encher a cara.

O lugar estava relativamente cheio para um planeta pequeno como aquele, as pessoas se quer pareciam prestar atenção a sua chegada, estavam ocupadas demais cuidado de suas próprias vidas. E talvez o fato de ter se livrado do lenço a deixasse menos intimidadora. Não estava acostumada a sentir os cabelos soltos daquele jeito, ainda mais depois de ter fugido do Império, a cor de seus cabelos era um idenficador, então simplesmente havia se acostumado a esconder de todas as formas possíveis.

Mas ninguém se quer a olhou duas vezes enquanto sentava em uma das mesas próximas à porta, o cabelo ruivo não parecia nada importante para ninguém ali.

—Bem-vinda, posso lhe servir alguma coisa?—A estranha lhe lançou um sorriso gigantesca enquanto limpava as mãos em um avental.

—Ahn...acho que alguma coisa para comer? Qualquer coisa serve, na verdade. —Abriu um sorrisinho para a outra que limitou-se a concordar e deu as costas novamente.

Pouco tempo depois a mulher colocou uma tigela com um líquido estranho a sua frente, Yva reprimiu a careta e limitou-se a entregar alguns créditos a outra. Apesar da aparecia duvidosa a sopa não era ruim, comeu tão depressa que quase engasgou quando notou a figura alta que adentrava o lugar.

A armadura reluzente chamou sua atenção quase que imediatamente, era um mandaloriano isso era um fato, mas se era o mesmo que havia conhecido não tinha como saber. Suas dúvidas foram sanadas quando viu o homem colocar a pequena criança sentada em um dos bancos. Ele havia sequestrado o bebê?

A voz sussurava descontrolada, ela se quer conseguia distinguir o que queria que ela fizesse. Apertou as mãos nas têmporas e fechou os olhos, sua cabeça já começava a latejar pela agitação desnecessária de sua mente. Quando tornou a abri-los notou que o pequeno caminhava sozinho para fora da taverna, o Mandaloriano não estava em nenhum lugar que pudesse ver. Levantou-se depressa e seguiu o menor, quando ele a viu fez um som de reconhecimento e piscou aqueles grande olhos animadamente.

—Não pode ficar andando por aí sozinho. —Falou em tom de repreensão, mas o garoto simplesmente a ignorou e continuou caminhando com sua sopa em mãos. —Ei! Não é educado deixar adultos falando sozinhos.

MIDNIGHT RAIN - DIN DJARIN/THE MANDALORIAN Onde histórias criam vida. Descubra agora